Lula diz a Moro que vai ser candidato em 2018, ‘Essa caçada
me motivou’
11 de maio de 2017
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou depoimento
nesta quarta-feira (10). Ele ficou frente a frente com o juiz federal Sérgio
Moro em uma sessão que durou mais de cinco horas.
No primeiro vídeo liberado pela Justiça Federal, Moro
destacou que o depoimento é um ato normal no processo e, ainda, que era a
oportunidade de Lula esclarecer sua versão dos acontecimentos.
“Não tem pergunta difícil”, disse Lula já no início do
depoimento, afirmando que responderia a tudo e não usaria o direito de ficar em
silêncio.
Antes de começarem as perguntas, Moro explicou quais as
denúncias contra o petista. A primeira parte da acusação é que Lula saberia
sobre o esquema de corrupção envolvendo a Petrobras. Além disso, o
ex-presidente seria questionado sobre a acusação de que foi beneficiado em um
esquema da OAS, recebendo propinas, que foram pagas através do tríplex no
Guarujá.
Lula reforçou que pretende ser candidato em 2018, nas
eleições presidenciais. O petista já havia manifestado a intenção em diversas
ocasiões.
Agora, depois de tudo o que está acontecendo, estou dizendo
em alto e bom som que vou quer ser candidato em 2018.”
Tríplex
“Nunca houve intenção de adquirir o tríplex”, afirmou Lula
ao ser questionado sobre a propriedade. “Tomei conhecimento desse apartamento
em 2005 e voltei a tomar somente em 2013”, prosseguiu o petista. Lula
esclareceu que, em todas as ocasiões, era referido o apartamento simples, cuja
cota foi comprada por dona Marisa Letícia, sua esposa, e não o tríplex.
O Ministério Público Federal acusa Lula de ter recebido R$
3,7 milhões em benefício próprio, através do triplex 164-A no Edifício Solaris,
no Guarujá.
Lula confirmou que ele e Marisa chegaram a visitar o local
algumas vezes e que decidiram não ficar com o imóvel, sem, no entanto,
esclarecer de quem foi a ideia.
O petista explicou que conversou com Leo
Pinheiro, ex-presidente da OAS, mas que não aceitou que o local fosse reformado
para sua família.
“Não sei se você tem mulher, mas nem sempre elas nos falam o
que vão fazer”, disse o ex-presidente ao argumentar que ele próprio não tinha
conhecimento de tudo. “A verdade é o seguinte: não solicitei, não recebi, não
paguei e não tenho nenhum tríplex”, continuou.
Imagino que o Ministério Público vai na hora que for falar
apresentar as provas. Eles devem ter pelo menos algum documento que prove o
direito jurídico de propriedade para dizer que é meu o apartamento.”
Destruição de provas
Em outro trecho, Moro aborta a questão de uma suposta
destruição de prova. A acusação fez parte da delação de Leo Pinheiro. “Jamais
disse para o Leo o que ele falou. Aliás, é outra coisa, Doutor Moro, que quero
esclarecer”, respondeu Lula, complementando que a destruição de documentos
“nunca aconteceu e nunca vai acontecer.
O petista explicou que os encontros com
Pinheiro aconteceram sempre no Instituto Lula e que eram para “discutir viagem,
discutir a questão do apartamento, discussões sobre o futuro da economia
brasileira”.
Sítio em Atibaia
Em um dos momentos, Sergio Moro fez uma pergunta sobre o
sítio em Atibaia, cuja propriedade é atribuída a Lula. “Esse é um outro
processo, Dr, que quando chegar o inquérito, eu terei muito muito prazer de
falar sobre isso”, disse o petista, como resposta.
Vaccari Neto
Quando foi questionado sobre João Vaccari Neto,
ex-tesoureiro do PT, Lula demonstrou irritação: “Não conversava de finanças do
PT. Eu não era da direção do PT. Ponto”. Ao ser perguntado se havia conversado
com Vaccari Neto sobre o recebimento de vantagens indevidas, foi categórico:
“Não importa se eu perguntei ou não. Ele sempre negou. Negou pela imprensa,
negou publicamente”.
Para acabar com a nossa polêmica aqui, vamos dizer. Eu
perguntei e ele disse que não. (…) Tá bem assim? Porque você precisava de
qualquer jeito uma resposta e então eu estou dando a resposta.
Ia ficar nesse
trocadilho entre o procurador e um ex-presidente, então eu quero resolver isso.
(…) Espero que não seja por essa resposta minha que eu seja condenado”.
Considerações finais
Depois de mais de quatro horas de perguntas, Lula pediu a
palavra para proferir considerações finais.
“Estou sendo vítima da maior caçada política que um político
brasileiro já teve”, iniciou Lula. “Sou julgado pela construção de um Power
Point mentiroso, aquilo é ilação pura”, afirmou.
Fonte: http://clickpolitica.com.br/
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