Merval da Globo se desespera e pede para Moro impedir
candidatura de Lula se não ele ganha
Há um rasgo de sinceridade na coluna de hoje de Merval
Pereira, em O Globo.
Ele admite que Lula é, hoje, o símbolo da repulsa à
destruição dos direitos trabalhistas e previdenciários da população e
que a pesquisa Datafolha que o aponta na liderança – e sem competidor
visível – constitui sinal de seu favoritismo nas eleições presidenciais do ano
que vem:
Ganha força o argumento do senador Renan Calheiros. Ele diz
que Lula vai dar “um passeio” em 2018 e, especialmente no Nordeste, a
popularidade em torno de 50% é argumento forte para políticos conservadores já
buscarem alianças eleitorais que, por inconsistentes ideologicamente, só
perpetuarão a miséria política em que estamos metidos.
Tradução: Merval Pereira prevê que o favoritismo de
Lula fará com que se inicie o processo de aglutinação em torno dele que ontem se abordou aqui.
Mas, ato contínuo – já que Doria, por enquanto, é mais
espuma que champagne – ele pede pressa, mas já duvida, aos cabos eleitorais
togados, para que evitem a candidatura do “monstro”.
Não há novidade no fato de que, condenado em segunda
instância, o ex-presidente, assim como qualquer cidadão, estará inviabilizado
eleitoralmente. Resta agora saber se isso acontecerá, e em tempo hábil para
impedir sua candidatura.
Não se conseguindo, admite o colunista global, haverá
problemas para adotar “solução” que Carlos Lacerda queria para
Getúlio Vargas em 1950:
Na visão de muitos, Lula, caso não estivesse condenado em
segunda instância, poderia se candidatar a deputado, senador ou governador em
2018, mas não a presidente da República.
Mas o Ministro Marco Aurélio Mello do
Supremo Tribunal Federal sustenta que Lula, mesmo sendo réu, pode ser candidato
a presidente, pois a eleição para tal cargo suspenderia a ação.
A leitura do ministro Marco Aurélio é que, eleito, o
candidato, mesmo sem tomar posse, já está protegido pelas ressalvas
constitucionais, e ele tem certamente apoiadores. Outros ministros e juristas,
no entanto, pensam de maneira diferente e, se não houver uma decisão do
Tribunal Superior Eleitoral ou do Supremo, poderemos enfrentar uma crise
institucional grave.
Lula eleito, seria um contrassenso proibi-lo de tomar
posse. Fica tudo muito parecido com a famosa frase de Carlos Lacerda: “Getúlio
Vargas não pode ser candidato, se for candidato, não pode vencer, se vencer,
não pode tomar posse, se tomar posse, não pode governar”.
Pois é. Até Merval reconhece que, em tudo, Lula vai
assumindo um papel cada vez mais semelhante ao de Vargas. E ele, claro, o de
Carlos Lacerda.
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