Em nova entrevista, filho de Teori diz ainda ter dúvidas
sobre acidente que tirou a vida do pai. O advogado Francisco Zavascki revelou
ainda que as ameaças envolveram até o neto de 2 anos do ex-ministro do STF
JURISTAS08/FEB/2017
ÀS 15:14
Francisco Prehn Zavascki, filho de Teori Zavascki (Imagem:
Pragmatismo Político) Por Fernanda Canofre, Sul 21
O governo Michel
Temer esperou dezoito dias, após o acidente de helicóptero com o
ministro Teori Zavascki, para indicar quem seria seu sucessor no
Supremo Tribunal Federal (STF).
Na segunda-feira (06), Temer anunciou o nome do atual ministro da Justiça, Alexandre
de Moraes, para a vaga. Um nome polêmico entre juristas, já que Moraes é
filiado ao PSDB, trabalhou na defesa de uma empresa investigada por
ligação com o PCC, e ocupa um cargo no governo – o que contraria sua própria tese,
de que nomeações do tipo deveriam ser proibidas, para não parecer “gratificação
política”.
O filho de Teori,
o advogado Francisco Prehn Zavascki, disse preferir “não se manifestar sobre o
assunto” no momento. “Não vou me manifestar sobre isso. Nesse momento a gente
estava bem fora do assunto, acompanhamos pela imprensa, mas não acompanhamos de
perto”, afirmou por telefone ao Sul21.
Francisco foi quem denunciou nas redes sociais, no início de 2016, as ameaças que
a família de Teori vinha
sofrendo desde que ele assumiu a relatoria da Lava-Jato e determinou que o juiz Sérgio
Moro, magistrado de primeira instância, devolvesse os processo envolvendo o
ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva ao STF.
As ameaças chegavam à família especialmente por Francisco, através de emails e
redes sociais e preocupavam o pai.
“Ele se preocupava, todo mundo se preocupava, porque acabava
envolvendo não só os filhos, mas os netos dele. Teve uma, que foi o auge do
absurdo, pegaram a foto do meu sobrinho, que tinha dois anos de idade na época,
e diziam: se encontrar com ele por aí, dá uma prensa nele. Uma criança, um bebê.
Esse nível de coisas”, conta ele.
A última vez que falou com o pai foi na véspera do acidente.
Conhecido pela postura reservada e por evitar comentar assuntos de trabalho, em
meio a família, o ministro Teori desabafava
sobre o peso de levar um processo como a Lava-Jato e como 2017 seria um ano difícil.
“Ele tinha
bem essa noção e estava preocupado com isso. Eu falei pouco com ele, falei na
véspera da morte com ele, falava isso: que vinha muita coisa nessas delações da
Odebrecht que iam sacudir o país”, diz Francisco. “Mas era um cara muito forte,
tanto que carregou toda essa bronca sem muitos percalços”.
Dezenove dias depois da queda do avião, que causou a morte
de Teori Zavascki e outras quatro pessoas, Francisco
diz ainda ter dúvidas sobre as circunstâncias da queda do avião. “Tenho. Eu não
tenho conclusões nenhuma ainda, até porque, do que a gente sabe da
investigação, é tudo muito preliminar. Não estou dizendo nem que sim, nem que
não. Vou aguardar”.
Na missa de sétimo dia de Teori,
o filho pediu à imprensa que seguisse investigando o caso e checando todo tipo
de informação que fosse levantada. Apesar de acreditar que a imprensa pode “trazer
a verdade à tona”, no entanto, Francisco também diz que “talvez nunca se
esclareça tudo”.
Filho aprova Lava-Jato nas mãos de Fachin
Francisco usou as redes sociais, na última quinta, para
comentar também o nome do novo relator do processo que teria sido um dos
maiores desafios da carreira do seu pai. Após pedir para trocar de turma e ser
incluído no sorteio, o ministro Edson
Fachin foi anunciado como novo responsável pela Lava-Jato na Corte.
“Acho que está nas melhores mãos possíveis. Conheço o
ministro Fachin desde antes de ele ser ministro. Ele é um ser humano
fantástico, um cara muito humilde, tranquilo, seguro de si, e técnico,
reservado, bem no estilo que o pai era”, avaliou ele.
Durante o velório de Zavascki,
no dia 21 de janeiro, em Porto Alegre, Fachin conversou rapidamente com a
imprensa e comentou a proximidade com o colega.
O ministro disse que considerava Teori seu
“irmão de bancada” e que os dois sempre se sentaram lado a lado no Plenário. Fachin lembrou
ainda da última conversa dos dois:
“Quando nos despedimos no Tribunal, falamos
um pouco sobre o sentido da nossa vida, dos afazeres que como todos os senhores
têm acompanhado, como grande parte da população brasileira tem acompanhado, tem
sido afazeres de uma ‘alta voltagem’, para usar uma expressão que já foi
cunhada.
Então nós dizíamos a importância de manter a serenidade e eu fiz uma
brincadeira com Teori dizendo: no seu caso, é um pleonasmo, serenidade combina
com seu nome”.
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