Globo está usando série sobre idosos para fazer propaganda
de reforma que corta aposentadorias e pensões
POSTED BY: ADMIN JANUARY 6,
2017
O monopólio Globo tem um histórico invejável de ataques aos
direitos dos trabalhadores, desde as capas de jornais contra o 13º salário até
as campanhas atuais pela PEC 55, reforma trabalhista e da previdência, passando
pela propaganda de golpes de estado e perseguição a políticos de esquerda.
Essa manipulação e distorção dos fatos para enganar a
população muitas vezes é feita de forma escancarada, e em outras é encoberta.
Esse é o caso da propaganda a favor da reforma da previdência, que o governo
golpista busca implementar para fazer com que os trabalhadores só se aposentem
até pouco antes de morrer.
O Jornal Nacional desta semana está com uma série de
reportagens especiais sobre os idosos, como podem cuidar da saúde na velhice e
viver melhor. Curiosamente, segundo a reportagem desta quarta-feira (4), uma
das maneiras de viver melhor para os idosos é trabalhando para um patrão até o
fim da vida, e não utilizando seus últimos anos de vida para o lazer.
Os entrevistados da reportagem são idosos que gostam de
trabalhar. Um especialista afirma que um dos motivos de pessoas com idade para
se aposentar continuarem trabalhando é a baixa renda dos trabalhadores. O
dinheiro da aposentadoria também é muito pouco. A solução, para a Globo, é
muito simples: que continuem a trabalhar, ora! Aumentar o salário e a
aposentadoria, isso nem passa pela cabeça dos patrões, obviamente.
Mas o pior vem a seguir: “É pouco dinheiro para quem recebe,
mas é muito para quem paga”, diz o repórter, com ênfase no muito.
Exatamente a mesma lábia dos patrões, não? E o argumento é aquele mesmo do
governo golpista: a expectativa de vida está aumentando, a cada ano mais gente
recebe aposentadoria mas menos gente contribui etc, etc, etc. Aí vem um
economista burguês dizer que a reforma da previdência é urgente! Hélio
Zylberstajn, professor da USP, é o entrevistado.
Ele já deu declarações em outras
reportagens da Globo a favor da reforma previdenciária, é aquele típico
entrevistado de fachada que serve só para os jornais dizerem que são imparciais
e estão apenas consultando a opinião de um especialista.
Tem mais. Outro “especialista” vem com um discurso ridículo,
pra avacalhar de vez: desesperados para manipular a opinião da audiência, o
argumento é o de que os idosos têm que trabalhar mais tempo porque sua simples
presença deixa mais agradável o ambiente de trabalho e assim ele funciona
melhor! O trabalhador idoso, segundo a esdrúxula explanação do “especialista”,
tem mais jogo de cintura pra conversar com seus colegas e com o chefe.
Ainda segundo a reportagem/propaganda, uma aposentadoria
“precoce” (que foi um direito conquistado por anos de luta dos trabalhadores)
acaba desperdiçando a experiência que o aposentado adquiriu ao longo da vida.
Então se for assim, para que a experiência do trabalhador não seja
desperdiçada, ele deveria trabalhar até o último suspiro, porque quanto mais
velho maior sua experiência.
O ato final da comédia midiática do Jornal Nacional é citar
o exemplo do Japão: idosos com mais de 70 anos se “divertem” trabalhando.
O
governo incentiva os idosos a trabalharem (ou obriga, como os golpistas daqui
querem fazer?). O Japão, que tem um dos sistemas de trabalho mais brutais e
exploratórios do mundo, onde o trabalho é tão opressor que as pessoas enlouquecem ou se suicidam para se livrar do excesso de exploração.
Segundo o governo japonês, mais de 2 mil trabalhadores se
suicidam todos os anos por estresse relacionado ao excesso de trabalho (BBC,
29/12/16).
Isso sem contar as mortes por problemas de saúde resultantes do
trabalho excessivo. “Karoshi” é o termo utilizado para designar esse tipo de
suicídio, de tão comum que se tornou a prática.
A Globo, comandada pela família mais rica da história
recente do Brasil, sonegadora de impostos e benefeciária de grande fatia de
dinheiro público por investimento do governo, utiliza mais uma vez seu
monopólio para fazer campanha de ataques aos direitos da classe operária, como
é o direito à aposentadoria.
Seguindo os interesses da sua própria classe burguesa, ela
quer que o trabalhador produza a riqueza para encher os bolsos do patrão até
que morra por morte natural aos 80 anos, ou então até que morra enquanto trabalha
em condições miseráveis aos 75, sendo superexplorado e dando lucros para o
patrão e sem receber qualquer migalha de aposentadoria.
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