Juíza suspende parte de veto de Trump a imigrantes e
refugiados nos EUA
Determinação atinge cidadãos de 7 países de origem islâmica.
Decisão recebeu críticas de líderes mundiais e gerou protestos em aeroportos.
Por G1, em São Paulo
29/01/2017 00h52 Atualizado há 20 minutos
Manifestantes
no aeroporto John F. Kennedy, em Nova York
(Foto: STEPHANIE KEITH / GETTY
IMAGES NORTH AMERICA / AFP)
A juíza federal Ann Donnelly aceitou um pedido da União
Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, da sigla em inglês) na noite deste
sábado (28) para conceder estadia de emergência e suspender as deportações de
refugiados e imigrantes de sete países nos Estados Unidos após o veto do
presidente Donald Trump. As informações são da CNN e do 'Washington Post'.
Segundo a decisão da juíza, o governo não pode retirar do país os refugiados
que já tiveram seu pedido aprovado pelo Serviço de Imigração do país e estejam
com os vistos regulares para permanecerem e chegarem aos EUA. O governo ainda
não se pronunciou sobre a decisão judicial.
A restrição imposta por Trump, com validade de 90 dias, atinge pessoas que
tenham nascido no Iraque, Iêmen, Síria, Irã, Sudão, a Líbia e Somália. Além
disso, o plano suspende o programa norte-americano de refugiados por 120 dias.
Em retaliação, o Irã anunciou neste sábado que vai aplicar a reciprocidade e
proibirá a entrada de americanos durante esse período.
De acordo com o jornal "The New York Times", já neste sábado, foram
barrados um cientista iraniano que iria a um laboratório de Boston, um
iraquiano que trabalha como intérprete há uma década e uma família de
refugiados que iria recomeçar a vida em Ohio, entre inúmeros outros casos.
O decreto firmado por Trump não bloquearia de forma imediata a entrada de
refugiados, mas estabelece barreiras para a concessão de vistos, de acordo com
a France Presse. No ano fiscal de 2016 (1º de outubro de 2015 a 30 de setembro
de 2016), os Estados Unidos admitiram em seu território 84.994 refugiados, de
diversas nacionalidades, incluindo 10 mil sírios.
A intenção do novo governo é
reduzir drasticamente este número, o que no caso dos sírios pode chegar a 50%.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, no Parlamento
canadense, em Ottawa, em foto de 10 de janeiro
(Foto: Reuters/Chris Wattie)
Críticas
A decisão do governo Trump dividiu as opiniões de líderes mundiais neste sábado
(28). Ministros canadenses, alemães, franceses e turcos criticaram a decisão do
presidente norte-americano. A manifestação mais contundente de repúdio ao
decreto de Trump veio de um vizinho, o Canadá.
Justin Trudeu, primeiro-ministro canadense, disparou uma série de mensagens no
Twitter ressaltando a receptibilidade do país. "Para aqueles que fogem da
perseguição, terror e guerra, os canadenses irão recebê-los, independentemente
da sua fé", comentou. "Diversidade é a nossa força", completou.
Os ministros das Relações Exteriores da França e Alemanha afirmaram estar
"preocupados" com as decisões de Trump e destacaram que "acolher
refugiados que fogem da guerra é parte de nosso dever".
"Vamos entrar em contato com nosso colega [norte-americano] Rex Tillerson
quando for nomeado para discutir ponto por ponto e ter uma relação clara",
disse o chefe da chancelaria francesa, Jean-Marc Ayrault, após se reunir com o
colega alemão, Sigmar Gabriel, em Paris. O nome de Tillerson como secretário de
Estado ainda aguarda confirmação do Senado dos EUA.
"Acolher refugiados que fogem da guerra é parte de nosso dever. Devemos
nos organizar para fazer isto de maneira equitativa, justa, solidária",
disse Ayrault. "Precisamos de clareza, coerência e, se necessário, firmeza
para defender nossas convicções, nossos valores, nossa visão de mundo, nossos
interesses, franceses, alemães e europeus", disse o ministro francês.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, não condenou a decisão dos EUA.
"Os Estados Unidos são responsáveis pela política americana sobre os
refugiados.
O Reino Unido é responsável pela política britânica sobre os
refugiados", afirmou May em Ancara, na Turquia, onde participou de um
encontro com o premiê turco, Binali Yildirim.
Ele, por sua vez, criticou as recentes medidas de Trump para conter a entrada
de imigrantes. "Não podemos resolver este problema dos refugiados erguendo
muros", disse Yildirim, fazendo menção à decisão tomada por Trump de
construir um muro na fronteira com o México.
Em Nova Yokr, centenas carregaram faixas com frases como
"muçulmanos e refugiados são bem-vindos aqui" (Foto: STEPHANIE KEITH
/ GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP)
Protestos
A medida também gerou protestos na noite deste sábado (28). Em sua página no
Twitter, os taxistas de Nova York anunciaram uma paralisação dos trabalhos no
Aeroporto Internacional John F. Kennedy das 18h às 19h (das 20h às 21h, horário
de Brasília). "Os motoristas prestam solidariedade aos millhares em
protesto contra medida desumana e inconstitucional", escreveram na rede
social.
No Aeroporto Internacional de Washington Dulles, centenas levaram faixas em
oposição à nova política de Trump no início da noite. O veto irá estender
também a entrada de imigrantes que tenham autorização de residência no país, os
chamados "green cards".
Nos aeroportos de New Jersey, Dallas e Chicago, grupos também protestaram
contra a medida. Mais cedo, também nos terminais aéreos de Nova York,
manifestantes se reuniram na parte de fora após dois iraquianos, que tinham
visto para entrar no país, serem detidos.
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, participu de
conversas telefônicas com cinco líderes mundiais neste sábado (28)
(Foto:
Andrew Harnik/ AP)
Sábado de medidas
Além da decisão de vetar a entrada de imigrantes, Trump conversou com líderes e
apresentou um plano para derrotar com o Estado Islâmico (EI). O presidente dos
EUA conversou com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, sobre ações
coordenadas entre os dois países contra o grupo terrorista na Síria. Eles
também discutiram o programa nuclear iraniano, segundo a Reuters.
Nesta sexta-feira (27), Trump manifestou seu desejo de trabalhar com Moscou,
mas reconheceu que ainda é “muito cedo” para discutir a remoção das sanções que
o ex-presidente dos EUA, Barack Obama, impôs ao país, segundo a CNN.
Ele também conversou com outros líderes neste sábado, como a chanceler da
Alemanha, Angela Merkel, o premiê japonês, Shinzo Abe, e o presidente da
França, François Hollande.
Após as conversas, ele assinou algumas medidas. Uma ordem executiva com
instruções pede que o Pentágono apresente em até 30 dias uma estratégia para
derrotar o EI. Na sexta-feira (27), Trump já havia se reuniudo com os comandos
militares para tratar a forma de acelerar o combate ao grupo terrorista.
Fonte : http://g1.globo.com/
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