PM-SC dá choque em criança de colo e ameaça quem criticou
Posted by eduguim on 24/01/17
Na tarde de 22 de janeiro último, em Pomerode, Santa
Catarina, ocorreu um dos atos de violência policial mais espantosos que já vi
que precisa ser denunciado em benefício da contenção de uma polícia tão
violenta que é capaz de expor uma criança a risco.
Um rapaz cujo nome não foi divulgado foi levar o filho à
casa da ex-mulher. Lá chegando, constata que ela não está em casa e que há
policiais no local.
Assim que chega com a criança no colo, é abordado pelos
policiais que afirmam que haviam recebido um chamado da mãe da criança, porém
sem saber explicar por que razão.
Detalhe: o pai da criança não estava no local na hora do
chamado e a casa da mãe da criança estava fechada e vazia.
Nesse momento, do nada, o rapaz recebe ordem de prisão por
embriaguez – os policiais afirmam que sentiram “odor etílico” nele e exigem
teste do bafômetro, apesar de o carro estar estacionado e de o motorista ser
outra pessoa sem o tal “odor”.
O rapaz, ainda com o filho no colo, fica zangado ao ter o
ignorado o argumento de que não estava dirigindo e se recusa a fazer o
procedimento do bafômetro.
Os policiais começam a gritar, dão choque no rapaz estando
ele com o filho no colo.
Assista ao vídeo, abaixo. Prossigo em seguida.
Os policiais ameaçaram a pessoa que gravou o vídeo e tomaram
o celular de sua mão. Antes, porém, a pessoa ainda teve tempo de subir o vídeo
no Facebook.
O resultado dessa ação é que o rapaz foi conduzido à
delegacia e obrigado a se submeter ao teste de bafômetro, o qual não constou
alteração, ou seja, o rapaz estava sóbrio e foi liberado.
No entanto,
apreenderam o carro dele sem nenhuma justificativa, pois os documentos estavam
em ordem, o carro é relativamente novo e está em bom estado.
Porém, o mais impressionante é a “explicação” da PM para o caso. Abaixo, a nota da Corporação
em Pomerode (SC):
“Circula um vídeo pelas redes sociais que mostra apenas
PARTE de toda a ação.
Ocorre que, segundo relato dos policiais que atenderam a
ocorrência, na tarde de 22 de janeiro de 2017 a guarnição policial militar foi
acionada pela Central Regional de Emergência para atender uma ocorrência de
violência doméstica e dano, sendo que o ex-marido teria arrombado a porta da
residência, com o objetivo de tirar o filho a força da casa da mãe.
No momento em que a guarnição policial chega no local e
tenta contato com a solicitante (tocando a campainha onde ninguém atendeu), o
ex-marido chega dirigindo o veículo dizendo que queria devolver a criança que
tinha pego anteriormente.
O ex-marido se mostrou bastante irritado querendo saber o
que a polícia fazia no local e quem que havia chamado, querendo sair com seu
veículo a todo instante, oportunidade que logo se constatou o odor etílico
sendo exalado pelo ex-marido, além de outros sinais de embriaguez.
Observa-se que os policiais foram PACIENTES, CLAROS e
LEGÍTIMOS em suas DETERMINAÇÕES, inclusive quanto à ordem para soltar a
criança.
Houve desobediência e resistência por parte do autor (em
vários momentos da ocorrência), que infelizmente se utilizava de uma criança
(seu próprio filho) como ESCUDO para não acatar as determinações dos policiais
e para se livrar das responsabilidades dos atos que até então cometeu.
A preocupação pela segurança e integridade física da criança
era constante e o pai continuava a utilizá-la como escudo para não se submeter
às ordens legais. Em alguns momentos onde o policial tentava conter o autor e
fazer cumprir a LEI, o autor fazia movimentos bruscos e continuava a resistir,
apresentando clara conduta de confrontamento.
Em determinado momento em que a posição do autor favoreceu
uma ação policial, os policiais agiram para fazer cumprir a LEI e resguardar a
INTEGRIDADE FÍSICA de todos os envolvidos, antes que a situação evoluísse ainda
mais.
Observa-se que a integridade física da criança foi priorizada, vez que
foi imediatamente acudida e colocada em local seguro. A força física notória do
rapaz, que usava seu próprio filho como escudo, trouxe, ainda mais,
complexidade para a ocorrência, exigindo concentração e proporcionalidade na
ação dos policiais.
A Polícia Militar é uma instituição séria, confiável,
técnica e legalista. Em que pese à princípio não se vislumbrar ilegalidade por
parte dos policiais segundo os relatos e imagens, será solicitada a instauração
de procedimento investigativo para apuração dos fatos e das responsabilidades,
inclusive dos eventuais comentários ofensivos e indecorosos que foram
proferidos nas redes sociais de forma injusta e sem conhecimento de causa.”
O texto mal escrito não é o único problema. O problema são
as mentiras e o verdadeiro deboche de quem tem olhos para ver e ouvidos para
ouvir o vídeo.
O rapaz está calmo, com o filho no colo, apenas se recusa a
largar a criança porque estava assustada.
Uma parente dele se manifestou nos comentários sob a nota da
PM:
Basta ter olhos de ver. Em primeiro lugar, quando usam um
taser em uma pessoa, se ela estiver abraçada com alguém a segunda pessoa também
receberá um choque. Eletrocutaram a criança e ainda dizem que “resguardaram”
sua integridade física?!!
A voz do rapaz mostra que não estava alterado. Não havia um
motivo claro que justificasse tamanha violência. Deveriam ter esperado
familiares do rapaz que já se dirigiam ao local – no vídeo é possível ouvir o
rapaz pedindo para chamar seu pai.
Não é possível que uma violência desse calibre fique impune.
O trauma que essa criança sofreu ao receber um choque e ter visto o pais
estrebuchando irá /perdurar para o resto de sua vida.
Mas a cereja do bolo vem agora, para quem não notou. Releia
o trecho final do último parágrafo da nota da PM:
“(…) Será solicitada a instauração de procedimento
investigativo para apuração dos fatos e das responsabilidades,
inclusive dos eventuais comentários ofensivos e indecorosos que foram
proferidos nas redes sociais de forma injusta e sem conhecimento de causa”
Como é que é? Apurar “comentários ofensivos”? Apoiar para
que? Vão usar o taser em quem comentou, também? Agora a PM de SC criou crimes
de opinião? Eletrocutar crianças não é suficiente?
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