Edição do dia 02/12/2016
02/12/2016 08h14 - Atualizado em 02/12/2016 12h47
Moro sugere ao Senado mudanças no projeto sobre abuso de
autoridade
Para o juiz, proposta tira independência dos magistrados.
Moro e o ministro Gilmar Mendes, do STF, não concordaram em nada, em audiência
no Senado.
Imagem do Google
O juiz Sérgio Moro e o
ministro Gilmar Mendes, do Supremo, estiveram, na quinta-feira (01) no Senado .
O juiz Moro sugeriu mudanças no projeto de abuso de autoridade que o senador Renan
Calheiros tem pressa para votar.
Moro e o ministro do Supremo, Gilmar Mendes, foram ao Senado e não
concordaram em nada. Gilmar Mendes concordou com a proposta, já Sérgio Moro
disse que ela tira a independência dos juízes.
Pelo país afora, magistrados, procuradores e promotores
protestaram.
Na quinta-feira (01) as manifestações foram em fóruns e tribunais.
Juízes, procuradores e desembargadores protestaram contra as medidas aprovadas
na Câmara e
tentativas do Congresso em alterar leis para enquadrá-los em crimes. Na porta
do Supremo o recado estava nas faixas.
A poucos metros dali, no Congresso, estava
o juiz Sérgio Moro. Em uma audiência no Senado ele criticou o pacote aprovado
na Câmara que retirou propostas do Ministério Público de combate a corrução.
Mas o convite foi para falar de outro projeto, um do Senado,
de iniciativa do senador Renan Calheiros, que muda a lei de abuso de autoridade
que atinge juízes, procuradores e promotores. Moro disse que a proposta limita,
sim, o trabalho de investigação.
Ele criticou alguns artigos, um deles, o de número 30. Diz
que pode ser condenado ao crime quem fizer uma denúncia sem justa causa. O
Ministério Público e o Judiciário consideram que deixa margem para
interpretações que podem tirar a independência da atuação de procuradores e
juízes
“Se o juiz rejeitar a denúncia, isso significa que o
procurador promoveu abuso de autoridade? Ou será que não foi divergência de
avaliação de fatos e provas?”, disse Sérgio Moro.
E sugeriu mudança no projeto.
“É importante ter uma norma de salvaguarda que estabeleça:
‘erros, divergências na avaliação de fatos e provas não representam abuso de
autoridade’”, acrescentou Moro.
Moro falou várias vezes que esta não é a hora para discutir
o projeto
“Talvez não seja o melhor momento para deliberação a
respeito de uma nova lei de abuso de autoridade, considerando o contexto que
existe de uma investigação importante, não só a chamada Operação Lava Jato, mas
várias outras investigações importantes
O ministro do Supremo
Tribunal Federal Gilmar Mendes, também convidado do Senado,discordou.
“Teríamos, daqui a pouco, então, que buscar um ano sabático
das operações para que o Congresso pudesse deliberar sobre um tema como esse?”
E defendeu a proposta, em si.
“O que esta lei está fazendo é, nada mais, nada menos, do
que estabelecer que se dê um instrumento de defesa, de proteção. E ela não foca
necessariamente juiz, Ministério Público, atinge o guarda de esquina, onde se
cometem abusos a toda hora”, disse Gilmar Mendes.
Outra discordância de Moro. Para Gilmar Mendes, o projeto
aprovado na Câmara ficou bom, sim. O que foi à votação, segundo ele, tinha
excessos. E disse que a sociedade, que apoiava as medidas, pode não ter
entendido o que se pretendia.
Gilmar Mendes e Moro estavam diante de investigados da Lava
Jato. Inclusive o presidente do Senado, alvo de 12 inquéritos. E Renan
Calheiros que criticou diversas vezes a operação, na quinta-feia (01) fez
diferente.
“Eu considero a Operação Lava Jato sagrada. A Operação Lava
Jato, ela definiu alguns avanços civilizatórios”, disse o presidente do Senado.
Renan Calheiros quer votar logo o projeto de abuso de
autoridade. Colocou na lista de prioridades. E o relator disse que não deve
atender ao pedido de Moro.
“É evidente que nós não podemos nem imaginar prejudicar o
tipo de investigação que se realiza no Brasil hoje e que eu, a cada dia, saúdo
com satisfação. Mas não vamos transformar essa oportunidade, essa crise, em
espaços para avanços corporativos”, disse o relator do projeto, senador Roberto
Requião (PMDB/PR)
Mas senadores já têm um projeto alternativo, contra o que
Renan quer, e na direção do que Sérgio Moro defende.
“No texto original existe, na verdade, uma mordaça à atuação
do Ministério Público, à atuação de magistrados, disse o líder da Rede, senador Randolfe
Rodrigues.
O projeto do Senado que trata do abuso de autoridade
continua com votação prevista para a semana que vem.
Já o projeto que veio da Câmara está na Comissão de
Constituição e Justiça. Lá os senadores vão dizer se é constitucional ou não.
Esse é o caminho até chegar ao plenário.
Mas o tempo está apertado para que seja votado ainda este ano.
Durante o debate, o senador Lindbergh Farias, do PT, questionou a atuação do juiz
Sérgio Moro na condução da Operação Lava Jato.
Moro respondeu que, na opinião
dele, o projeto de abuso de autoridade tem a intenção de ser usado
especificamente para criminalizar a conduta das autoridades envolvidas na Lava
Jato.
Fonte: http://g1.globo.com/
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