A “surra” que Sérgio Moro levou no Senado, mas que a mídia
escondeu do País
dezembro 2, 2016 por esmael
O poeta e pintor Francisco Costa, do Rio, em crônica
especial, relatou ontem (1º) de forma brilhante a “surra” que o juiz federal Sérgio
Moro levou no Senado da República.
Nesta sexta (2), porém, ele denuncia a
manipulação da mídia: “vieram os noticiários noturnos, concedendo ao arremedo
de juiz o dobro do tempo cedido aos outros participantes do debate, e o
homérico esporro virou “discordaram”, realçando o comentário de Moro que “os
deputados desfiguraram o relatório final do deputado Onyx Lorenzoni (por Renan
Calheiros chamado de Lorenzeti, o chuveiro rsrsrs).
DE ALMA LAVADA
por Francisco
Costa
Terminou agorinha mesmo um interessante debate, no Senado,
sobre a Lei Anticorrupção e de Abuso de Autoridade.
Na mesa, o Juiz Federal Silvio Rocha; Gilmar Mendes,
Ministro do STF e Presidente do TSE; Renan Calheiros, presidente do Senado; Roberto
Requião, Senador, relator do PL sobre o assunto e o Juiz Federal Sérgio
Fernando Moro, do Paraná.
Silvio Rocha, progressista, muito preocupado com o abuso de
autoridade nos bairros pobres.
Se eu não conhecesse o histórico de Gilmar Mendes, a sua biografia
e os seus feitos golpistas, diria que é de esquerda, tal as posições
externadas, muito pelas diferenças que tem com Moro.
Renan Calheiros, embora conservador, corrupto e oportunista,
nesta questão em pauta, tem posição progressista, até por advocacia própria.
Roberto Requião, sem comentários, um corajoso e independente
Senador.
E Moro… Coitado.
Espertamente, pela ordem, Renan deu a palavra, primeiro, ao
Silvio, depois ao Gilmar, que sentaram o cacete em Moro, vermelho como camarão
na sauna.
Passada a palavra ao Führer de Curitiba, o sujeito não tinha
o que dizer, com todo o seu arrazoado desmontado pelos dois que o antecederam.
Seguiu-se Requião, que sentou a porrada no autoritarismo, no
abuso de autoridade, chegando a dizer que era fascismo.
Abriu-se para os debates, para as perguntas, e pensando que
Moro iria passear, como faz em Curitiba, o primeiro que estava inscrito era o
seu amigo pessoal Álvaro Dias, sem condições de defendê-lo, limitando-se a
pedir mo adiamento da votação do PL.
Caiado tentou balbuciar qualquer coisa antipetista, mas só
conseguiu também pedir o adiamento da votação do PL.
O momento alto ficou por conta de Lindbergh Farias, que
cobrou, um a um, os abusos de autoridade cometidos contra Lula, com dados:
circunstâncias, horários, depoimentos de juristas (citou até Rui Barbosa),
despachos pesados de instâncias superiores contra Moro, em outros processos,
inclusive de Gilmar, o chamando de irresponsável e dono da justiça, culminando
com a afirmação “o senhor cita muito os Estados Unidos.
O senhor consegue
imaginar um juiz de primeira instância, lá do Texas (fez cara de pouco caso,
sacaneando Curitiba, no sentido de poder político) gravando uma conversa
telefônica entre Bill Clinton e Obama?
O senhor gravou conversas da dona Marisa
com os filhos, com a nora, conversas íntimas, de família, e jogou na mídia.
Isto não é abuso de autoridade, covardia? O senhor gravou telefonemas entre
advogados e clientes, o que é inadmissível em qualquer país do mundo.
O
Presidente Lula vive da sua imagem internacional, que o senhor conspurcou e não
provou nada. Como compensar isso, como indenizar isso?”… Com Moro cabisbaixo,
mais vermelho que a camisa do Internacional (houve um momento em que pensei que
ele fosse chorar).
Para lacrar, Renan devolveu a palavra a Gilmar, que contou
um encontro seu com um amigo, um dos maiores juristas do mundo, português, que
se mostrou surpreendido com a legislação brasileira, que permite o vazamento de
telefonemas grampeados e depoimentos que ocorrem em segredo de justiça, com
Gilmar respondendo a ele: “a legislação não permite isso. Isso é coisa de um
juiz brasileiro.”
Devolvida a palavra a Moro, mais constrangido que virgem na
noite de núpcias, peladinha, ele alegou que “tudo isso é uma questão de
interpretação da lei, não se pode punir um juiz por questão de interpretação da
lei”.
Seguiu-se o Senador Humberto Costa: “se está escrito que a
prisão preventiva é de dez dias, o juiz pode até transformar esses dez dias em
horas, mas somando-se todas as horas o resultado será dez dias, não é uma
questão de interpretação mas de cumprimento puro e simples.
Se a lei diz que a
condução coercitiva só pode se dar quando um intimado não comparece diante do
juiz, sem um motivo relevante, é a mesma coisa, questão de cumprimento, não de
interpretação. Isso é abuso de autoridade”, e Moro com carinha de fundo de
bacia, mais vermelho que absorvente usado.
Terminado o debate, Moro ficou isolado, de pé, sem saber o
que fazer, desnorteado, até que Requião coraçãozão foi até ele, apertou-lhe a
mão e o levou para fora do recinto.
Em quase meio século de magistério nunca dei um esporro tão
bonito num aluno safado.
Estou com a alma lavada.
Francisco Costa
Rio, 01/12/2016.
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