Aécio diz a aliados: 'nem em pesadelo' poderia imaginar
decisão do STF
Folhapress9 horas atrás 27/009/2017
© Ueslei Marcelino/Reuters No entanto, senadores
do
PSDB têm esperança de que o plenário do Senado
possa reverter a decisão da
Justiça
Em conversas com aliados na noite de terça-feira (26), o
senador Aécio Neves (PSDB-MG) relatou estar "chocado" com a decisão tomada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) de
impor a ele recolhimento noturno e afastamento do Senado.
Minutos antes da conclusão do julgamento, o tucano deixou o
plenário do Senado em direção à sua residência, no lago sul, região nobre de
Brasília.
Durante a noite, Aécio conversou com aliados por telefone e
recebeu algumas visitas.
"Nem nos meus piores pesadelos eu poderia
imaginar uma situação dessas", disse o senador mineiro em conversa
relatada à reportagem.
Logo após terem sido informados da decisão do STF, um grupo
de quatro senadores tucanos se reuniu na liderança da sigla.
Na conversa,
decidiram alinhar um discurso no sentido de cobrar que o plenário do Senado dê
aval ao resultado do julgamento.
Tucanos avaliam que o caso exige atitude diferente da
adotada pela Casa e pelo partido em maio, quando o Supremo decidiu afastar
Aécio do mandato.
A leitura é que o julgamento de terça é mais contundente por
ter sido tomado de forma colegiada pelo STF.
Além disso, desta vez houve
determinação de restrição de liberdade.
A análise
leva em conta que, inclusive senadores de partidos de oposição, como o PT,
criticaram a postura do Supremo.
Embora otimistas, os tucanos acreditam que o caso ainda deve
levar um tempo para ter novos desdobramentos.
A expectativa é de que a comunicação oficial ao Senado leve
ainda alguns dias.
É preciso que o voto do ministro Luís Roberto Barroso, que
criou maioria pelo afastamento de Aécio, seja publicado.
PSDB
Embora venham defendendo que o plenário do Senado se
posicione sobre o caso Aécio, tucanos têm repetido que não se trata de uma
reação de defesa do senador.
Mas reforçam o discurso de que se trata de uma
ameaça à Constituição.
Acham que notificação ainda deve demorar, mas estão
convencidos de que há chance de reversão no plenário.
E dizem que não há motivo
pra ele renunciar à presidência do partido (seria admissão de culpa, não há
fato novo).
"O Supremo extrapolou a interpretação da Constituição. É uma
teratologia patente o que se fez ontem.
Aplicou-se sanções que não estão
previstas", disse o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).
Podemos aproveitar essa oportunidade, e acho que é oportuno
sim, e fazer um debate sobre isso.
Vamos incluir na Constituição a
possibilidade de afastamento temporário de mandatários, vamos ampliar as
possibilidades de restrição de liberdade, vamos ampliar as possibilidades
previstas na Constituição de prisão de parlamentar... Tudo isso é possível e talvez
seja até necessário, mas hoje não tem essa previsão."
O tucano disse ainda ter conversado com Aécio, quem disse
estar "perplexo" com a situação.
"Mas ele mantém a serenidade e
a confiança na Justiça, nas instituições e mantém, sobretudo, sua crença no texto
Constitucional", disse.
Na avaliação de aliados, o novo desdobramento do caso de
Aécio não deve reacender o debate sobre sua renúncia à presidência nacional do
PSDB.
O mineiro está licenciado do cargo desde maio, quando foi afastado do
mandato pelo STF pela primeira vez.
Uma possível saída definitiva dele deve ser
evitada porque seria vista como "admissão de culpa".
O presidente interino do partido, senador Tasso Jereissati
(CE), está em viagem ao exterior e chega nesta quarta-feira (27) ao Brasil.
Ele
deve se reunir com tucanos para discutir novos desdobramentos do caso na
legenda.
EUNÍCIO
Eunício voltou a repetir nesta quarta que aguardará uma
notificação do Supremo para decidir se a Casa deve se pronunciar ou não sobre
as cautelares impostas a Aécio.
"Primeiro, o Senado precisa ser notificado
sobre o teor da decisão tomada pela Suprema Corte para saber de que forma o
Senado vai agir, se vai ou se não vai agir.
Eu não sei qual o teor da decisão,
e tenho o ato de dizer pra vocês aqui que não falo sobre hipótese", disse.
"A Constituição é bastante clara em relação a mandatos
eletivos de deputados e senadores, a Constituição determina o que deve ser
feito, não é o presidente do Senado que toma a iniciativa, não é o presidente
do Congresso que toma a decisão", declarou, acrescentando que se a
Constituição tiver sido ferida por uma decisão e couber ao Senado se manifestar
sobre isso,
"obviamente que o Senado vai tomar as previdências.
Não tenho
como me manifestar sobre hipótese".
Por último, o peemedebista disse ainda que a Constituição
não prevê afastamento de parlamentares de mandato.
Com informações da
Folhapress.