NÃO VEM AO CASO! Levantamento Mostra Que Salário De Moro
Furou O Teto Constitucional Nos Últimos 32 Meses
Por Redação Click Política Em 6
set, 2017
POR JOAQUIM CARVALHO
O professor universitário Fábio Kenji Nohama pesquisou mês a
mês o salário que Sergio Moro recebeu desde janeiro de 2015 e mostra com
números que a maior celebridade do Poder Judiciário é contumaz na ação de furar
o teto constitucional.
Seu levantamento mostra que o salário bruto médio mensal de
Moro em 2015 foi de R$ 56.960,68.
Em 2016, R$ 39.473,88.
Nos primeiros sete
meses de 2017, o juiz teve salário bruto de R$ 39.024,73.
Pela Constituição, o teto é de R$ 33.763,00, bruto, sem os
descontos de imposto de renda e
previdência social.
Moro levou para casa em 2015, na média mensal, R$ 29.288,05.
Em 2016, R$ 28.718,92 e, em 2017, nos primeiros sete meses, R$ 28.404,97.
É mais do que recebe, por exemplo, o ministro Luís Roberto
Barroso, do Supremo Tribunal Federal, que em entrevista a Gerson Camarotti, do
G1, revelou receber R$ 23 mil líquidos.
Ao votar contra o aumento de 16,38% no salário dos ministros
do Supremo, Barroso disse que considera uma “fraude” salários pagos acima do
teto.
Moro teve vencimentos brutos acima do teto em todos os 32
meses pesquisados pelo professor Fábio.
Em cinco meses, o salário líquido foi
superior a R$ 50 mil. Em dois, maior do que R$ 60 mil. Em um mês — dezembro de
2016 —, ultrapassou
os R$ 100 mil.
Fábio procurou no site do Tribunal Regional Federal da 4a.
Região a justificativa para salários tão elevados e encontrou “referências
muito vagas”.
A maior parte da receita de Moro paga pelos cofres públicos
no mês de dezembro de 2016 foi sob a rubrica “vantagens eventuais”.
Quando se clica na interrogação que acompanha a rubrica,
informa-se que o juiz recebeu R$ 83.379,50 a título de: “Adicional de 1/3de
férias, antecipação de férias, gratificação natalina, antecipação de
gratificação natalina, serviço extraordinário, substituição, convocação,
gratificação de acúmulo de jurisdição, além de outras desta natureza”.
Dezembro de 2016 foi o mês em que juiz fez pelo menos três
palestras ou conferências, uma delas em Heidelberg, na Alemanha, no dia 9.
Fica difícil entender por que, neste mês, ele recebeu por
“serviço extraordinário”, já que teve de se ausentar de Curitiba para suas
atividades extra jurisdicionais.
“O site não informa qual é o serviço extraordinário.
É muito
pouco transparente”, disse ao Diário do Centro do Mundo o professor, que
constatou também que o TRF 4 não fala a verdade quando informa, em nota , que
nenhum desembargador ou juiz recebe acima do teto constitucional.
O resultado do levantamento de Fábio foi publicado em sua
página no Facebook, com o printscreen de todas as consultas.
Na postagem, ele
informa:
“Procurei apurar as informações com calma tendo uma pontinha
(quase invisível) de esperança na veracidade da notificação (a nota em que o
TRF garante respeitar o teto constitucional).
Afinal, ainda é um tribunal
federal e eles poderiam ter dado atenção ao abuso salarial detectado no ano
passado.
Mas tal esperança cai por terra ao passar pelos valores do salário de
Moro de 2016 e 2017 (até o mês atual). (…) Podemos afirmar que:
1) O salário médio do juiz permaneceu acima do teto
constitucional em 2016 (e mantém a mesma tendência em 2017).
2) No período de 2 anos e 8 meses deste levantamento, o
salário mensal do juiz ficou acima do teto constitucional em TODOS os meses,
sem uma única exceção (como diabos isso se encaixa no EVENTUAL recebimento
acima do teto na
nota do TRF4?).
3) O que a nota chama de parcelas EVENTUAIS e
EXTRAORDINÁRIAS atinge valores de até R$58.000 na remuneração de Moro. E elas
deixaram de ser pagas raríssimas vezes (4 meses em 2015, 2 meses em 2016 e 1
mês em 2017), indicando que o não pagamento da parcela EVENTUAL que
é a
verdadeira exceção.”
O professor Fábio Kenji Nohama em Berkeley
Fábio Kenji Nohama é de São Paulo, estudou Física na Unicamp, onde também fez
mestrado e doutorado na área de Física e de computação quântica.
Há sete anos,
é professor concursado da Universidade Federal de Tocantins, onde coordena o
curso de Engenharia, Bioprocesso e Biotecnologia.
Seu salário bruto é de R$ 12.600 – líquidos R$ 9.225,00. Já
fez palestras na Europa e nos Estados Unidos – a última delas em Berkeley, na
Califórnia.
Tem celular, mas não o aplicativo de WhatsApp.
Sua pagina no
Facebook tem apenas uma foto – 3 por 4 —, que ilustra o perfil.
Criou a página no auge do movimento que resultou no golpe contra
Dilma Rousseff, como forma de incentivar os alunos a debater o momento que ele
viu como histórico.
Deixou de ver o Jornal Nacional e de ler a Folha de S.
Paulo há dez anos, quando detectou uma sistemática prática de manipulação.
Hoje lê apenas veículos da mídia independente,
principalmente o Diário do Centro do Mundo e o Tijolaço.
Fez a pesquisa sobre
Sergio Moro como forma de protesto, diante do que vê como justiça de dois pesos
e duas medidas e veículo para perseguição política.
“Meu levantamento é muito simples.
Foi apenas uma forma de
tentar divulgar as informações escondidas pela grande mídia”, afirmou.
Para
facilitar o entendimento, ele ainda recorreu à sátira, com uma montagem em que
brinca com o título do filme sobre a Lava Jato:
“A Lei Não É para Todos – Um ano e meio depois da revelação
do supersalário, o Eliot Ness do 60 Minutos não quis largar o butim com o
dinheiro do povo” é o título da montagem, com a foto de Moro dando entrevista à
TV americana.
Sobre os salários acima do teto, escreveu:
“Este esquema não pode mais ser tratado como uma simples
‘falha’ na legislação.
Com os valores envolvidos e seu amplo alcance, ele deve
ser apontado pelo que é: um esquema generalizado e perigoso de corrupção.”
Fonte: http://clickpolitica.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário