MPF: GEDDEL FAZIA PARTE DE UMA VERDADEIRA QUADRILHA
A operação que a Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira
no Distrito Federal, na Bahia, no Paraná e em São Paulo para investigar um
suposto esquema de fraudes na liberação de créditos da Caixa Econômica Federal,
teve origem na obtenção de informações extraídas de um aparelho celular
apreendido em 2015, do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB); para o
procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro, "Geddel se valeu de seu
cargo na Caixa para, de forma orquestrada, beneficiar empresas com liberações
de créditos dentro de sua área de alçada e fornecer informações privilegiadas
para outros membros da quadrilha composta ainda por Eduardo Cunha" e outros
13 DE JANEIRO DE 2017 ÀS 17:25
Alex Rodrigues - repórter da Agência Brasil
A operação que a Polícia Federal deflagrou hoje (13), no Distrito
Federal, Bahia, Paraná e São Paulo para investigar um suposto esquema de
fraudes na liberação de créditos da Caixa Econômica Federal, entre 2011 e 2013,
teve origem na obtenção de informações extraídas de um aparelho celular
apreendido em 2015, do ex-presidente da Câmara, o deputado cassado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ).
Ao pedir à Justiça Federal autorização para a PF cumprir
sete mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e comerciais das
quatro unidades da federação, o Ministério Público Federal (MPF) citou Cunha e
o ex-ministro Geddel Vieira Lima como suspeitos de possíveis crimes de
corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, praticados entre 2011 e
2013.
Para o procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes, Geddel "valeu-se
de seu cargo na Caixa para, de forma orquestrada, beneficiar empresas com
liberações de créditos dentro de sua área de alçada e fornecer informações
privilegiadas para outros membros da quadrilha composta, ainda, por Eduardo
Cunha" e outros.
Também são representados o ex-vice-presidente de Fundos de
Governo e Loterias da Caixa, Fábio Ferreira Cleto; o ex-vice-presidente de
Gestão de Ativos Marcos Roberto Vasconcelos, exonerado do cargo a pedido em
setembro de 2016; o servidor da Caixa, José Henrique Marques da Cruz, que
chegou a ocupar a vice-presidência de Varejo e Atendimento do banco, além do
fundador da Marfrig Alimentos, Marcos Antonio Molina, e do doleiro Lúcio
Bolonha Funaro.
Segundo o MPF, o ex-deputado Eduardo Cunha manipulava a
liberação de créditos na Caixa com o envolvimento de Cleto e, possivelmente, do
então vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa, Geddel Vieira, mencionado em
diversas mensagens eletrônicas como beneficiários de valores desviados por meio
do esquema.
Geddel ocupou a vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa
entre março de 2011 e dezembro de 2013. Entre 2007 e 2010, período do segundo
governo Lula, Geddel chefiou o Ministério da Integração Nacional.
Em maio de
2016, voltou ao Palácio do Planalto como ministro-chefe da secretaria de
governo do presidente Michel Temer, deixando o cargo em novembro do mesmo ano,
alvo de suspeitas de ter atuado para beneficiar uma construtora na Bahia.
De acordo com o MPF, foi o ex-vice-presidente de Fundos de
Governo e Loterias da Caixa, Fábio Cleto quem, ao prestar depoimentos à
Procuradoria-Geral da República, acusou Eduardo Cunha de ter recebido propina
de empresas em troca da liberação de verbas do Fundo de Investimento do Fundo
de Garantia por Tempo de Serviço (FI-FGTS ).
A gestão do fundo estava sob a
responsabilidade da vice-presidência de Gestão de Ativos, então ocupada por
Marcos Roberto Vasconcelos, que foi exonerado do cargo a pedido, em setembro de
2016.
Para o procurador Cordeiro Lopes, os indícios de
irregularidades já reunidos apontam que os investigados operaram para fraudar a
liberação de créditos da Caixa empregando técnicas semelhantes às usadas para
desviar recursos da Petrobras e já reveladas pela Operação Lava Jato.
Entre
outras acusações, o procurador sustenta que Cunha obtinha empréstimos
fraudulentos para empresas participantes do esquema junto à diretoria comandada
por Geddel.
Dentre as empresas citadas como beneficiárias do esquema
estão o grupo J&F, a BR Vias (pertencente ao Grupo Constantino e alvo da
Operação Lava Jato), a Oeste Sul Empreendimentos Imobiliários, Digibrás,
Inepar, Grupo Bertin, entre outras.
"A BR Vias beneficiava-se de sistemática ilícita para
obtenção de recursos junto à CEF, contando com a participação ativa do então
vice-presidente de Pessoa Jurídica, Geddel Vieira Lima, bem como do ex-deputado
federal Eduardo Cunha e de Fábio Cleto e Lúcio Bolonha", afirma o
procurador.
Em uma mensagem extraída do telefone apreendido de Cunha, Geddel
informa o ex-presidente da Câmara de que há problemas na liberação de créditos
para a Oeste Sul.
"Outras mensagens dão testemunho de que, assim como a
BR Vias, outras empresas vinculadas à família Constantino negociavam a obtenção
de recursos na vice-presidência de Pessoas Jurídicas da CEF", relata
Cordeiro Lopes, mencionando o grupo Marfrig e Seara como beneficiários do
esquema.
Diante dos argumentos e elementos apresentados pelo MPF, o
juiz federal Allisney de Souza Oliveira autorizou a PF a fazer buscas e
apreender documentos em endereços residenciais e comerciais ligados aos
investigados e na própria Caixa.
Também a pedido do MPF, o magistrado suspendeu
o sigilo de todo o processo, inicialmente enviado ao STF, devido ao foro
privilegiado de que Geddel e Cunha dispunham no início das investigações e,
posteriormente, remetidos para o Tribunal Regional Federal do Distrito Federal.
Procurada, a assessoria do PMDB informou que Geddel ainda
não se pronunciou sobre as suspeitas. A reportagem ainda não conseguiu contato
com o ex-ministro, com os advogados de Eduardo Cunha e com os demais alvos dos
mandados de busca e apreensão.
A Caixa informou que o banco está em contato permanente com
as autoridades, prestando irrestrita colaboração com as investigações,
procedimento que continuará sendo adotado pela instituição.
Fonte: http://www.brasil247.com/
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