quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Sob gritos de "assassino", Temer chega a hospital para prestar condolências a Lula

Sob gritos de "assassino", Temer chega a hospital para prestar condolências a Lula
Renata Nogueira
Do UOL, em São Paulo
02/02/201722h31 > Atualizada 03/02/201700h25
                     Vídeo do Youtybe: Temer é recebido com muita revolta 
                          na entrada do Hospital Sírio Libanês; assista

 O presidente Michel Temer chegou ao hospital Sírio-Libanês, na região central de São Paulo, para prestar condolências ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela perda da ex-primeira dama, Marisa Letícia Lula da Silva, que teve morte cerebral declarada nesta quinta-feira (02). 

Temer veio acompanhado de políticos do PMDB e do PSDB. A comitiva chegou ao hospital às 22h30 e foi embora antes das 23h10.

Junto com o presidente, foram ao local visitar Lula o ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP), os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR), Eduardo Braga (PMDB-AM), Edison Lobão (PMDB-MA) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). O presidente do Senado, Eunício de Oliveira (PMDB-CE) acompanhou o grupo. 

A comitiva também contou com os ministros Helder Barbalho (PMDB-PA), da Integração Nacional, José Serra (PSDB-SP), das Relações Exteriores, Henrique Meirelles, da economia, e Moreira Franco, que nesta quinta foi elevado ao cargo de ministro da Secretaria Geral da Presidência da República.

A comitiva chegou de van ao Sírio, escoltada por batedores, vindo diretamente do aeroporto, e foi recebida na porta pelo cardiologista Roberto Kalil Filho, médico que cuida do tratamento de Marisa.

Diferentemente do que aconteceu com outros políticos que visitaram o ex-presidente Lula nesta quinta, a chegada de Temer foi precedida de uma série de preparativos no hospital, comandados pela segurança da presidência. 

Grades de proteção foram colocadas na entrada principal para a passagem do presidente e de sua comitiva.
 
Comitiva que acompanha o presidente Temer chega em uma van 
ao hospital Sírio Libanês

Ainda assim, apesar não terem contato físico com os políticos, vários militantes que estão em vigília em frente ao hospital em apoio a Lula e Marisa lançaram gritos de "golpistas", "vagabundos" e "ladrões" ao presidente e ao grupo que o acompanhava. Nenhum deles respondeu. 

Também não falaram com a imprensa na entrada nem na saída.

Poucos minutos após a chegada da comitiva presidencial, quem também entrou no hospital foi o ex-ministro Patrus Ananias (PT-MG), bastante assediado pelos militantes, que gritavam "dá um abraço no Lula e tira aqueles bandidos de lá". 

Guilherme Boulos, líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), o ator Sergio Mamberti e o deputado e ex-presidente do Corinthians Andres Sanchez (PT-SP) chegaram quase ao mesmo tempo.

Mais cedo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso visitou Lula para levar suas condolências, em um dos encontros mais repercutidos de hoje.

Ex-presidentes contra rixas políticas
Logo após a saída da comitiva presidencial à noite, também deixaram o hospital os petistas Eduardo Suplicy (vereador/SP), Maria do Rosário (deputada/RS), Lindbergh Farias (senador/RJ) e Gleisi Hoffmann (senadora/PR).

Suplicy, que já havia estado no Sírio pela manhã, comentou o fato de quatro presidentes terem passado pelo hospital hoje e lembrou que a última vez em que vários mandatários brasileiros se encontraram foi no funeral do ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, em 2013. 

Na época, Lula, Sarney, Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor de Mello e a então presidente Dilma Rouseff viajaram ao país africano para acompanhar as cerimônias de despedida ao líder mundial.

O vereador ressaltou que, apesar de ser um momento triste, foi muito importante pelo diálogo e pela reunião de tantos políticos. O vereador comentou ainda que o teólogo Leonardo Boff, que também esteve no hospital, comandou uma oração na presença dos políticos.

"O Lula recordou conosco o dia todo diversos momentos de como ela [Marisa] havia sido uma esposa solidária e sempre presente nas horas difíceis e nas horas alegres", contou Suplicy.

"Nós também vimos hoje um momento ainda que de tanta tristeza, de encontro e de solidariedade. A visita dos presidentes Fernando Henrique Cardoso, José Sarney e do Michel Temer com seus ministros. 

O fato triste da morte de Marisa Letícia proporcionou hoje momentos de diálogos como há muito eu não presenciava. 

O Lula disse ao Temer e aos demais que estavam presentes na sala, no diálogo ali de pouco mais de 30 minutos, que eles muitas vezes tiveram diferenças grandes nesses últimos tempos, mas que ele queria agradecer de coração a visita", relatou o vereador.

Visitas de políticos
Ao longo desta quinta-feira, diversos políticos manifestaram seus pêsames por meio de mensagens em redes sociais e notas da assessoria de imprensa. 

Outros vários senadores, deputados, vereadores e ex-ministros compareceram ao hospital para prestar solidariedade a Lula, quase todos petistas, entre eles Aloísio Mercadante e Jorge Viana. Integrantes de outros partidos, como a senadora ex-petista Marta Suplicy (PMDB-SP) e a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), também apareceram.

Marisa Letícia teve a morte cerebral declarada na manhã desta quinta, depois de nove dias internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) por conta de um AVC (acidente vascular cerebral) do tipo hemorrágico.

O velório da ex-primeira dama deve acontecer no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, na Grande SP. O horário ainda não foi confirmado.



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