Poder Legislativo custa R$ 1,16 milhão por hora, diz ONG
Os 513 deputados federais custam, em média, R$ 86 milhões ao
mês e um custo anual de R$ 1 bilhão
29/07/2017 - 19H35 - ATUALIZADA ÀS 19H42 - POR AGÊNCIA
BRASIL
CONGRESSO NACIONAL (FOTO: WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL)
Formado pelo Senado Federal e a Câmara de Deputados, o Poder Legislativo custa
R$ 1,16 milhão por hora aos cidadãos brasileiros, em todos os 365 dias do ano.
Essa é uma conclusão da organização não governamental (ONG) Contas Abertas,
divulgada nesta semana.
O custo inclui fins de semana, recessos parlamentares e
as segundas e sextas-feiras, quando os parlamentares deixam a capital federal e
retornam para suas bases eleitorais.
O valor também inclui o salário do parlamentar. Cada
deputado federal, por exemplo, recebe um salário bruto de R$ 33,7 mil.
Os 513
deputados federais custam, em média, R$ 86 milhões ao mês e um custo anual de
R$ 1 bilhão. Cada senador também tem um salário bruto de R$ 33,7 mil.
Segundo o fundador e secretário-geral da ONG, Gil Castello
Branco, o levantamento dá ao cidadão "a dimensão exata de quanto custa
nossa representação".
"A democracia não tem preço, mas o nosso
Congresso tem custos extremamente elevados. Ele tem uma péssima imagem junto à
população e pode, sim, reduzir seus custos.
Cada parlamentar pode ter 25 assessores,
um senador pode ter 50, 60, inclusive no seu próprio escritório de
representação.
Há privilégios e mordomias que podem ser contidos", diz.
Branco reforça que os abusos, verificáveis em todos os
Poderes, têm o aval do presidente Michel Temer.
"O dado do orçamento deles
está na Lei Orçamentária Anual [LOA], sancionada pelo presidente da república.
Temos criticado os 60 dias de férias de membros do Judiciário, auxílios a
magistrados, os benefícios fiscais, que precisam ser revistos.
Quando se tem um
déficit de R$ 139 bilhões e o orçamento da saúde é de R$ 125 bilhões, o natural
é que se tente reduzir essas despesas em todos os Poderes.
Deveria partir dos
próprios titulares dos Poderes a tentativa de reduzir [esses gastos]".
No cálculo, foram incluídos os recessos parlamentares e
finais de semana.
A ONG decidiu quantificar ainda os gastos gerados nas
segundas e sextas-feiras, quando não há sessões deliberativas ordinárias.
Nesses dias, porém, o Senado e a Câmara continuam funcionando, porque podem
ocorrer sessões de debates, solenidades e reuniões de suas comissões.
Em seu
site, a ONG destacou que, nesses períodos, "os parlamentares deixam a
capital federal para fazer política em suas bases eleitorais".
Outro lado
A Agência Brasil solicitou às duas Casas do Congresso que
comentassem o levantamento.
A Câmara dos Deputados escreveu que
"desconhece o método utilizado" e que mensurações como o da entidade
"levam a valores genéricos pouco elucidativos", já que, entre os
gastos, há valores relativos à compra de bens duráveis com longa vida útil, que
poderiam ser juntados na classe de investimento.
Esses bens, portanto, não
poderiam ser interpretados como sinais de exorbitância.
"Esclarecemos que configura equívoco calcular as
despesas da Câmara dos Deputados a cada hora com base na mera divisão do valor
total de seu orçamento pela quantidade de horas ao longo de um ano, na medida
em que a previsão descrita no Orçamento da União abrange despesas relacionadas
tanto a custeio quanto a investimento.
A partir do raciocínio utilizado, é
possível concluir, por exemplo, que o Poder Legislativo custa, por cidadão
brasileiro, cerca de meio centavo de real por hora ou R$ 48 por ano", diz
trecho da nota.
Castello Branco rebateu, dizendo que "não cabe nenhuma
contestação". "Só mudaram o denominador e querem contestar o
critério.
E é claro que tem que ser calculado o custeio.
Há custos com os
funcionários, água, vigilância, o cafezinho, o papel, os computadores, as
obras, os automóveis, a manutenção dos imóveis funcionais, está tudo somado. É
um cálculo simples.
É o orçamento anual das casas dividido por 365",
disse.
Em resposta à reportagem, o Senado se limitou a mencionar
seu Portal da Transparência, que foi visitado mais de 743 mil vezes no ano
passado.
O número de acessos subiu 55,1%, em relação a 2015.
Fonte: http://globo.com/
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