25/7/2016 12:44
Brasil pode recorrer ao FMI novamente sob o comando de
Temer, diz Forbes
Brasil voltando a ser dependente dos EUA, colônia bananeira
Infomoney
SÃO PAULO - Um assunto-tabu no Brasil, a possibilidade de recorrer ao FMI
(Fundo Monetário Internacional) volta e meia ganha destaque no noticiário
internacional. Desta vez, o colunista Kenneth Rapoza, da revista
"Forbes", fez um artigo sobre o tema, citando ainda a aversão que os
brasileiros têm do órgão.
Aliás, afirma, por conta dessa aversão, o PT foi alçado ao poder, uma vez que
boa parte da população estava cansada de ouvir o mesmo discurso de como o
governo teria de pagar credores estrangeiros e não tinha dinheiro para
desenvolver uma economia pobre.
Com isso, Lula ascendeu à presidência e, durante o seu governo, o Brasil acabou
virando credor do FMI em 2009. Antes isso, o Brasil pagou a última dívida de
US$ 15,5 bilhões em 2005 para o Fundo.
"Para a população, o governo Lula deu ao Brasil sua soberania econômica de
volta. Eles odiavam o FMI e se viram contra o PSDB por causa disso. Lula
rapidamente se tornou o presidente mais popular nas Américas, se não do mundo.
Ele cumpriu sua promessa. O mundo ficou agradavelmente surpreso", avalia a
"Forbes".
Porém, 11 anos depois da última ida ao fundo, o Brasil pode voltar a recorrer a
ele, uma vez que uma reversão de fortunas está acontecendo, com as surpresas
para o país sendo consistentemente negativas. Segundo Rapoza, outubro de 2002
no Brasil, com Lula eleito, foi equivalente a novembro de 2008, com a eleição
de Barack Obama nos EUA, em meio a uma sinalização de mudança.
Mudança para pior
Atualmente, o cenário aponta também para uma mudança, mas para pior. Em
entrevista à "Forbes", a ex-economista do FMI e agora gestora de
ativos Alicia Garcia-Herrero afirmou que o FMI é necessário "mais do que
nunca" para o Brasil.
"O governo interino fez progressos com novas metas fiscais, mas não é nem
transparente nem crível e será impossível de implementar, nas circunstâncias
atuais, com um governo interino com um baixo grau de aceitação por parte da
população", diz ela, em referência ao governo interino de Michel Temer,
que substituiu Dilma Rousseff. A presidente afastada está sofrendo um processo
de impeachment.
Rapoza ressalta os números deteriorados da economia brasileira, com deficit
primário do Brasil subindo para 2,5% do PIB em maio, ou 10% do PIB em termos
nominais. A nova meta para o deficit deste ano é de 2,6% do PIB.
Aumento de impostos
Além disso, a matéria destaca que, devido a restrições constitucionais, a
despesa é muito rígida no Brasil e, portanto, não é fácil de cortar. A
"Forbes" destaca a fala do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles,
de que o "plano A é controle de despesas, B é privatização, e C, aumento
de imposto". Ou seja, o plano C está em linha com os planos de ajuste
fiscal do FMI.
Para Garcia-Herrero, deve-se aumentar os impostos e "um programa do FMI
parece ser o ponto de entrada certo para tais medidas desagradáveis uma vez que
ele poderia ser usado como bode expiatório pelo governo. Basicamente, culpando
o fundo para aumentar impostos."
No caso de Dilma voltar, a avaliação da "Forbes" é que a melhor opção
seria a convocação de novas eleições. Se ela ficar, um impasse político é
provável.
"E isso faz com que um pacote de resgate do FMI se torne ainda mais
relevante. A economia estagna. Não vem dinheiro novo para o governo. O peso da
dívida piora. E alguém vai ter que limpar essa bagunça".
Escândalo de corrupção
"Onze anos atrás, o Brasil estava num caminho totalmente novo (...). Lula
era tido como confiável (...) Agora, claro, o escândalo da Petrobras mudou
isso", afirma o colunista, destacando que a crise na estatal poderia conduzir
o país aos velhos tempos em que uma instituição financeira diria onde governo
poderia gastar seu dinheiro.
Para Rapoza, o Brasil precisaria voltar aos idos de 2002, e isso poderia até
ocorrer com Lula voltando ao poder. Porém, assim como durante a sua presidência
o Brasil saiu do FMI, o escândalo da Petrobras pode tirar o petista da disputa.
Por outro lado, um possível crescimento do Brasil no próximo ano pode ser uma
tábua de salvação. Já para Garcia-Herrero, "Um default soberano [calote] é
sempre uma possibilidade."
Vale destacar que, apesar do tom negativo adotado pela "Forbes", há
muitas discussões sobre como seria um novo plano do FMI para o Brasil.
Em entrevista no início do ano para o "InfoMoney", a pesquisadora do
Instituto Peterson de Economia Monica de Bolle fez uma defesa da ida do Brasil
ao FMI, destacando ser preciso que os estigmas contra o fundo sejam deixados de
lado e que o FMI mudou a sua forma de atuação.
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Fonte: Infomoney
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