Telescópio capta pela 1ª vez estrela que dispara raios
BBC Brasil 9 horas atrás
27/07/2016
Usando um supertelescópio em conjunto com outros aparelhos
semelhantes na Terra e no espaço, astrônomos descobriram um novo tipo de
estrela binária.
Ela fica no sistema estelar AR Scorpii, habitado por uma
estrela anã branca que libera um raio de elétrons que atinge sua vizinha - uma
estrela anã vermelha fria -, como se a estivesse "atacando".
Esse fenômeno faz com que todo o sistema pulse, se
iluminando e escurecendo a cada 1,97 minuto.
O estudo com a descoberta será publicado na revista Nature nesta
quinta-feira.
Comportamento único
O trabalho começou em maio de 2015, quando um grupo de
astrônomos amadores de Alemanha, Bélgica e Reino Unido se deparou com um
sistema que se comportava como nenhum outro.
Isso fez com que a Universidade de Warwick, na Inglaterra,
passasse a observá-lo, usando uma rede de telescópios que revelou sua
verdadeira natureza.
O AR Scorpii fica na constelação de Escorpião, a 380
anos-luz de distância da Terra.
Sua estrela anã branca tem o tamanho do nosso planeta, mas
uma massa 200 mil vezes maior. A estrela anã vermelha fria tem um terço da
massa do Sol. Elas se orbitam num ciclo de 3,6 horas.
oto: ESO
Fenômeno levou à descoberta de um novo tipo de
estrela binária
A estrela anã branca é muito magnética e gira em alta
velocidade. Isso acelera elétrons até quase atingirem a velocidade da luz,
fazendo com que sejam liberados em explosões que formam o facho. Quando ele
atingem a estrela anã vermelha fria, todo o sistema pulsa intensamente.
"O sistema foi descoberto há 40 anos, mas não
suspeitávamos que se comportava assim até começarmos a observá-lo em
2015", diz Tom Marsh, membro do grupo de astrofísica da Universidade de
Warwick.
"Percebemos que estávamos vendo algo extraordinário
alguns minutos depois de dar início à observação."
Colaboração
Foto: ESO Sistema está localizado a 380 anos-luz da
Terra.
A princípio, quando o fenômeno foi visto pela primeira vez,
chegou-se a conclusão de que a luminosidade do sistema variava a cada 3,6
horas, o que fez com que cientistas divulgassem incorretamente se tratar de uma
única estrela.
Um comportamento assim já tinha sido observado em estrelas
de nêutrons, que são alguns dos corpos celestres mais densos do Universo, mas
nunca em uma estrela anã branca.
"Sabemos que estrelas de nêutrons pulsam assim há 50
anos e algumas teorias previam que estrelas anãs brancas também poderiam se
comportar assim", afirma Boris Gänsicke, coautor do estudo.
"É fantástico ter encontrado um sistema assim. É um
ótimo exemplo de colaboração entre astrônomos amadores e acadêmicos."
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