Brito: Petrobras perdeu hoje mais do que com a Lavo a Jato
inteira; Governo Temer vendeu por R$ 8,5 bi campo de pré-sal que vale
R$ 22 bi
30 de julho de 2016 às 00h32
Venda de Carcará: Petrobras perdeu hoje mais do que com a
Lava Jato inteira
O governo Michel Temer e o gestor que ele colocou na
Petrobras, o ex-ministro do apagão Pedro Parente tiraram, hoje, da Petrobras,
mais do que todos os desvios de paulo Roberto Costa, Pedro Barusco, Nestor
Cerveró e todos os outros ratos que roeram o dinheiro da Petrobras nos casos
investigados pela Operação Lava Jato.
A venda do campo de Carcará para a norueguesa Statoil é um
desastre que pode se explicar com uma conta muito básica.
Mesmo a 50 dólares o barril, campos como Carcará – onde os
estudos já apontaram para uma produção superior a 35 mil barris diários por
poço – remetem a um custo mais baixo do que a média já fantástica de US$ 8
dólares por barris atingida no pré-sal. Depois de pagos royalties (Carcará é
anterior à lei de partilha), impostos, custos de transporte e tudo o mais. é
conta muito modesta estimar um lucro de US$ 5 por barril. Pode até ser o dobro.
Carcará teve colunas de rocha-reservatório até quatro vezes
mais extensas que Sapinhoá (ex-Guará) e sua metade oeste, onde estão os poços,
tem mais ou menos a mesma área. Sapinhoá tem uma reserva medida de 2,1 bilhões
de barris de óleo recuperável, isto é, que pode ser extraído.
Pode, portanto, ser maior, muito maior.
Ma já se Guará tiver o mesmo, apenas o mesmo, faça a conta:
lucro de mais de 10 bilhões de dólares, a cinco dólares por barril.
Ou R$ 33 bilhões, ao dólar de hoje. Como a Petrobras detinha
66%, dois terços, da área, R$ 22 bilhões.
Pode ser mais, muito mais, esta é uma conta conservadora.
Este campo foi vendido por R$ 8,5 bilhões, metade a vista e
metade condicionada à absorção de áreas vizinhas, dentro do processo que, na
linguagem do setor, chama-se “unitização”, quando o concessionário leva as
áreas nas quais, mesmo fora do bloco exploratório original, a reserva
petrolífera se prolonga, na mesma formação geológica.
Como o valor estimado das roubalheiras na Petrobras ficou na
casa de R$ 6,2 bi, nos cálculos folgados que se fez para a aprovação de seu
balanço, tem-se uma perda de mais de duas Lava Jato.
Sem incluir na conta as centenas de milhões de dólares
gastos na perfuração dos três poços pioneiros – muito mais caros que os de
produção normal – e nos estudos e sensoriamentos geológicos que fez para
determinar o “mapa” da reserva.
Reproduzo, por definitiva, a frase do professor Roberto
Moraes: “o que é legal pode ser muito mais danoso que o ilegal”.
Ontem, Parente pediu pressa no fim da lei da partilha. Hoje,
vendeu Carcará.
Fez, assim, da Petrobras a única petroleira do mundo que diz
que não quer lugar cativo nas melhores jazidas de petróleo descobertas neste
século. Faz dela a única que dá, a preço de banana, o que já tinha do “filé” do
filé do pré-sal.
Investigação VIOMUNDO
Estamos investigando a hipocrisia de deputados e senadores
que dizem uma coisa ao condenar Dilma Rousseff ao impeachment mas fazem outra
fora do Parlamento. Hipocrisia, sim, mas também maracutaias que deveriam fazer
corar as esposas e filhos aos quais dedicaram seus votos. Muitos destes
parlamentares obscuros controlam a mídia local ou regional contra qualquer tipo
de investigação e estão fora do radar de jornalistas investigativos que
trabalham nos grandes meios. Precisamos de sua ajuda para financiar esta
investigação permanente e para manter um banco de dados digital que os
eleitores poderão consultar já em 2016. Estamos recebendo dezenas de sugestões,
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