BBC Brasil11 horas atrás
Ataque em Nice: O que se sabe até agora
Foto: EPA Caminhão andou pelo menos 2km antes de ser
parados; para-brisa ficou marcado por balas.
Sete meses após os atentados em Paris, um novo ataque deixou
pelo menos 84 mortos em Nice, na França. As vítimas - muitas delas crianças -
participavam da comemoração da Queda da Bastilha, o feriado mais importante do
país.
A França está em estado de emergência desde os atentados de
novembro e a segurança está reforçada em todo o país. Serviços de inteligência
já haviam alertado para o risco de novos ataques.
Veja o que se sabe sobre o ataque até agora:
AFP Em Nice François Hollande afirmou que a luta da
França
"ainda será longa"
Estado grave
O presidente francês, François Hollande, afirmou nesta
sexta-feira que 50 pessoas feridas no ataque em Nice estão "entre a vida e
a morte".
Hollande visitou a cidade no litoral sul da França onde
recebeu as últimas informações sobre as investigações do ataque deixou 84
mortos.
Em uma entrevista, o presidente afirmou que entre as vítimas
estão franceses e estrangeiros e há várias crianças entre os mortos e
acrescentou que o ataque teve uma "natureza terrorista inegável".
Hollande visitou um dos hospitais onde as vítimas estão
internadas e afirmou que o ataque foi realizado para "satisfazer a
crueldade de um indivíduo, talvez um grupo".
Hollande continou a entrevista afirmando que as vítimas do
ataque e todos os envolvidos no incidente vão ficar traumatizados pelo resto da
vida e mesmo os que não ficaram feridos, ficarão marcados pelo que viram em
Nice.
Além disso o presidente francês também elogiou as forças de
segurança do país que conseguiram matar o motorista do caminhão.
Ele afirmou que eles investiram muito e se comprometeram,
respondendo a todas as exigências feitas desde 13 de novembro de 2015 - quando
atiradores e homens-bomba mataram 130 pessoas em uma série de ataques em Paris.
"Eu os saúdo e todos os outros envolvidos... o serviço
de inteligência, os envolvidos no processo de identificação."
Segundo o presidente a França está "enfrentando uma
luta que será longa".
Foto: AFP/Getty Images Milhares de pessoas haviam
se
reunido para assistir aos fogos em Nice.
Pânico em Nice
O pânico começou pouco após às 22h30 do horário local (17h30
no Brasil), logo após milhares de pessoas assistirem à queima de fogos na orla
de Nice no 14 de julho, o principal feriado na França, que celebra a Queda da
Bastilha.
Havia uma atmosfera de celebração e a multidão havia
assistido a uma demonstração da força aérea durante o evento.
Enquanto as famílias caminhavam pela famosa via Promenade
des Anglais, um grande caminhão branco avançou em alta velocidade em direção a
elas. O veículo subiu no meio-fio e depois voltou para a pista, fazendo um
zigue-zague por cerca de 2km enquanto o motorista avançava contra a multidão
deliberadamente.
BBC Mapa mostra rota de caminhão usado em
ataque em
Nice
Centenas de pessoas foram atropeladas. Após 2km, a polícia
finalmente conseguiu parar o caminhão perto do hotel de luxo Palais de la
Mediterranee.
"Eu estava no Palais de la Méditerranée quando vi um
caminhão em alta velocidade atropelando as pessoas. Vi com meus próprios olhos,
as pessoas tentaram parar o veículo", disse uma testemunha.
O atirador abriu fogo contra a multidão, de acordo com
relatos do local. A polícia atirou de volta e o motorista acabou sendo morto.
Imagens mostram o para-brisa e a parte da frente do caminhão
atingido por balas. Autoridades do Ministério do Interior disseram que o
atacante havia sido "neutralizado".
Até o momento, foram confirmadas 84 mortes entre elas dez
crianças.
Quem estava dirigindo o caminhão?
O motorista foi identificado como o franco-tunisiano Mohamed
Lahouaiej Bouhlel, de 31 anos, segundo promotor Francois Molins.
Molins informou que ele trabalhava como motorista e fazendo
entregas. Era casado e tinha filhos. Sua ex-mulher foi detida pela polícia.
Bouhlel já tinha sido alvo de investigações policiais por
conta de ameaças, uso de violência e furto cometidos por ele entre 2010 e 2016.
Em 24 de março deste ano, ele foi condenado a seis meses de
prisão por uma agressão com uso de arma em janeiro passado. O serviço secreto
francês disse não ter detectado sinais de que ele tivesse de radicalizado.
Arquivos digitais apreendidos e um celular encontrado no
caminhão estão sendo analisados.
De acordo com uma fonte do setor de segurança da Tunísia
consultada pelo serviço árabe da BBC e que pediu anonimato, Bouhlel é de uma
família que mora em Msaken, perto da cidade de Sousse, no litoral tunisiano.
Os pais de Bouhlel são divorciados e moram na França.
Ele costumava visitar a Tunísia com frequência, segundo a
fonte anônima, que acrescentou que a última visita ocorreu há oito meses.
Logo depois do ataque, os agentes de segurança em Nice
encontraram armas e uma granada dentro do caminhão, mas depois disseram que
elas eram falsas.
Os documentos de identidade de Bouhlel também foram
encontrados dentro do veículo, que teria sido alugado dois dias antes.
Vizinhos que moram no mesmo prédio onde Bouhlel vivia
afirmaram que ele não se relacionava com outras pessoas e nem respondia a
cumprimentos nos corredores do prédio.
Como as autoridades reagiram?
Logo após o incidente, ficou claro que muitas pessoas haviam
morrido, mas a escala do desastre não estava clara. Mortos e feridos foram
levados ao hospital Centre Hospitalier Universitaire de Nice.
Foto: Twitter Presidência informou que presidente
e primeiro
-ministro estavam em uma reunião de emergência.
Na área no entorno de
Nice, o alerta anti-terrorismo foi elevado para o nível mais alto.
O presidente François Hollande estava em visita a Avignon,
mas voltou para Paris, onde se uniu ao primeiro-ministro Manuel Valls em uma
reunião de emergência.
Quem está por trás do ataque?
Não demorou muito para o presidente Hollande dizer que
"a natureza terrorista do ataque não podia ser negada".
Os promotores anti-terrorismo em Paris iniciaram um
inquérito por homicídio e tentativa de homicídio como parte de um ataque
terrorista.
AFP Estado de alerta em Nice está em nível mais alto
Mais cedo, a agência de inteligência da França, o DGSI,
havia alertado para o risco de ataques de militantes islâmicos com
"veículos com armadilhas e bombas".
O grupo autodenominado Estado Islâmico não se
responsabilizou pelo ataque. Os militantes do EI atacaram a França diversas
vezes desde janeiro de 2015.
Horas antes do ataque em Nice, Hollande anunciou que o
estado de emergência na França chegaria ao fim no final do mês. Após o ataque,
ele anunciou que ele seria prolongado por três meses.
"Temos que fazer todo o possível para lutar contra este
tipo de ataque", disse o presidente. "Toda a França está sob ameaça
do Estado Islâmico."
© Fornecido por BBC line
Nenhum comentário:
Postar um comentário