Edição do dia 26/07/2016
26/07/2016 08h04 - Atualizado em 26/07/2016 10h38
Governo acaba com o Ciência Sem Fronteiras para cursos de
graduação
Ministério avaliou que era caro e muitos alunos não estavam
preparados. Se houver dinheiro, serão oferecidas bolsas de pós-graduação no exterior.
O governo confirmou o fim do Programa Ciências Sem
Fronteiras para os alunos de graduação. A justificativa é o preço. Nem dinheiro
em caixa é garantia da volta dessas bolsas, realmente agora vai dar uma parada
pelo menos nos cursos de graduação.
A prioridade agora é outra. Se tiver dinheiro no ano que
vem, será usado para bolsas na pós-graduação. O Ministério da Educação avaliou
que era alto o custo para mandar alunos da graduação para o exterior e que
muitos nem estavam preparados para estudar fora.
Foi uma experiência inesquecível. A Bia mostra, com o maior
orgulho, as fotos do período em que passou em Glasgow, na Escócia. Ela
estudava psicologia na Universidade de Brasília e foi selecionada para
participar do Programa Ciência Sem Fronteiras.
“A gente cria uma rede de contatos no Brasil com esses
outros inter cambistas também. A gente troca ideias, faz interfaces com a nossa
área, cria ideias de pesquisas”, afirmou a psicóloga Beatriz Yamada.
Hoje, a psicóloga diz que valeu muito a pena, mas faz
algumas críticas ao programa que, segundo ela, investe alto para mandar alunos
para o exterior, mas não cobra quase nada no retorno.
“Acho que tem possibilidade da gente trazer de retorno para
o Brasil o que a gente aprendeu lá e talvez formar um grupo mesmo,
compartilhando essas experiências”, afirmou Yamada.
O programa começou em 2011 e já mandou mais de 100 mil
alunos de graduação e pós-graduação para universidades no exterior. A maioria
das bolsas, 65 mil, foi para estudantes que ainda estavam na faculdade. Ano
passado e este ano já não teve seleção para novas bolsas. Por falta de
recursos, foram mantidos apenas os alunos que já tinham sido selecionados antes
e agora o programa deve mudar.
O governo diz que o Ciência Sem Fronteiras não acabou, mas
como já não tinha mesmo previsão no orçamento deste ano para selecionar novos
bolsistas, o Ministério da Educação decidiu fazer uma avaliação do programa.
Chegou à conclusão de que custa muito caro para manter os alunos lá fora,
principalmente os de graduação. Isso porque a maioria dos selecionados não
tinha conhecimento suficiente de língua estrangeira para frequentar as aulas.
Então primeiro tinham que passar alguns meses, lá fora, estudando a língua,
antes de fazer as matérias específicas. Então a partir de agora, se tiver
dinheiro no Orçamento do ano que vem para o programa, as bolsas vão ser só para
alunos de pós-graduação.
A Capes, um dos órgãos do Ministério da Educação que concede
as bolsas, diz que o custo médio de um bolsista de graduação no exterior é de
R$ 100 mil por ano.
“Do ponto de vista do país, a gente tem que considerar, sim,
a questão do custo benefício, porque nós temos outras carências, nós temos o
ensino básico, que tem uma carência muito grande”, declarou o presidente
substituto do Capes, Geraldo Nunes.
Ele explicou que, além disso, a vantagem dos bolsistas de
pós-graduação é que normalmente eles publicam artigos em revistas estrangeiras
importantes, o que conta muito para as universidades brasileiras.
O Pedro, estudante de engenharia de produção, que pretendia
se candidatar a uma bolsa do programa ainda na faculdade, ficou frustrado.
“Um currículo com Ciência Sem Fronteiras é um peso a mais.
Pessoal vai lá para fora, amigos meus que foram para Holanda e Bélgica,
trabalham com logística e viram coisas que eu só vou ver lá no meu 10º
semestre, nono semestre. Tecnologias completamente diferentes que a gente tem
aqui. Vai para Europa trabalha com logística, vê uma malha ferroviária
gigantesca, que a gente não tem essa disponibilidade de ir conhecer essas
ferrovias. É uma pena”, afirmou o estudante Pedro Nascimento.
Quem já está no exterior não será atingido por essa decisão
do governo. São cerca de 10 mil bolsistas. Eles vão continuar recebendo os
pagamentos das bolsas até o fim do intercâmbio.
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