MULTINACIONAIS OBRIGAM FUNCIONÁRIOS A USAR FRALDA
E PROÍBEM IDA AO BANHEIRO
E PROÍBEM IDA AO BANHEIRO
31 DE MAIO DE 2016 atualizado em 25/07/2016 METAL
REVISTA
Parece história da época da Revolução Industrial na
Inglaterra, mas não é. Para dar mais velocidade à linha produtiva,
multinacionais de diferentes ramos obrigam seus funcionários a usar fralda
geriátrica, proibindo-os de ir ao banheiro. Em pleno século XXI, casos como
esses seguem se repetindo.
NISSAN
A montadora japonesa Nissan vem sendo acusada pela United
Auto Works Union (UAW), sindicato dos trabalhadores da cadeia automotiva e
maior entidade sindical dos EUA, de obrigar funcionárias da fábrica situada no
município de Canton, Mississipi, a usar fralda geriátrica.
Colaboradoras da fábrica relatam que foram orientadas pela
chefia a usar fraldas, embora tenha havido resistência por parte delas. O
motivo: acabar com pausas e interrupções com idas ao banheiro.
Em fevereiro desse ano, houve protestos no centro do Rio em
frente à sede do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos – Rio
2016 contra as condições de trabalho impostas pela Nissan nos EUA. A marca
patrocina o evento esportivo.
SETOR AVIÁRIO
Quatro empresas gigantes do setor avícola também são alvo de
denúncias por abuso ao trabalhador. São elas a multinacional Tyson Foods, a
Pilgrim’s Pride, pertencente à brasileira JBS, a Perdue Farms e a Sanderson
Farms. Juntas, elas controlam 60% do mercado de aves nos Estados Unidos.
Segundo a Organização Oxfam América, que denunciou o caso
por meio de relatório publicado em maio desse ano, a imensa maioria dos 250 mil
trabalhadores do setor nos EUA são forçados a usar fralda no ambiente de
trabalho.
Foram centenas de entrevistas com funcionários da linha de
produção das maiores empresas do processamento de aves. Trabalhadores que pedem
para ir ao banheiro são ameaçados de demissão. Muitos, por evitar beber
líquidos durante muito tempo, suportam dores consideráveis para manter seus
empregos.
A Oxfam alega inadequação nas pausas no trabalho, o que
viola as leis norte-americanas de segurança no trabalho. A organização, em seu
relatório, ainda traz dados de 2013 da associação Southern Poverty Law Center
do estado do Alabama sobre condições de trabalho.
Por lá, dos 266 trabalhadores que participaram da pesquisa,
quase 80% não pode ir ao banheiro. Já no Minnesota, em material realizado pela
Greater Minnesota Worker Center lançado em abril, ao norte dos EUA, 86% dos
trabalhadores pesquisados afirma ter menos de duas paradas para ir ao banheiro
por semana.
WAL MART
A rede internacional de supermercados Wal Mart também tem
histórico de violação dos direitos humanos.
Abusos cometidos pela multinacional foram divulgados por
pesquisadores no livro Riqueza e Miséria do Trabalho no Brasil, organizado pelo
professor titular de Sociologia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ricardo Antunes. O assunto do uso
de fraldas foi abordado por ele durante palestra no II Seminário – A
Receita Federal e o Interesse Público, em Campinas-SP.
Já detectamos várias tentativas de se trazer ao Brasil
essa prática do uso de fraldas geriátricas, revela Ricardo
Antunes. “Há abusos desse gênero documentados
tramitando na Justiça do Trabalho no Brasil”, informa.
Recentemente, o maior fornecedores de camarão do Wal
Mart, sediado na Tailândia, foi descoberto utilizando escravos. O caso foi
denunciado por veículos como o The Guardian e a Fortune.
EMPRESA SUL-COREANA
Em 2013, a multinacional sul-coreana Lear, fabricante de
arnese (tipo de gancho usado para alpinismo), foi denunciada por impor a
funcionários, principalmente mulheres, o uso de fraldas para não abandonar a
posição com idas ao banheiro. O caso foi registrado em fábrica da empresa em
Honduras, país da América Central, que contava com 4 mil empregados.
A denúncia foi feita por um dirigente sindical. Daniel Durón
contou que só foi possível divulgar o caso após pressão de autoridades
internacionais. Mesmo tendo repercussão no mundo todo, a Lear tentou resistir e
impedir o acesso dos órgãos hondurenhos de fiscalização do trabalho.
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