14/07/2016 23h13 - Atualizado em 14/07/2016 23h56
'Não tinha mais vaga nos hospitais', diz brasileiro ferido
em ataque de Nice
Anderson Happel foi atingido pelo para-choque de caminhão de
atentado.
Em estado de choque, ele diz que viu crianças e adultos mortos no chão.
Em estado de choque, ele diz que viu crianças e adultos mortos no chão.
Flávia MantovaniDo G1, em São Paulo
O brasileiro Anderson Happel, que foi ferido pelo caminhão
do
atentado de Nice; à dir., a perna ensanguentada dele (Foto:
Arquivo
pessoal/Anderson Happel)
O brasileiro Anderson Happel, que mora em Nice, tomou
quatro calmantes e diversos analgésicos para aguentar a dor e o estado de
choque nesta noite de quinta-feira (14). Ele é um dos feridos no atentado em
que um caminhão atropelou e matou mais de 70 pessoas na cidade francesa durante
uma festa na rua.
O caos foi tão grande e os hospitais estão tão lotados que
Anderson ainda não conseguiu saber o que aconteceu com sua perna, que está toda
ensanguentada e dolorida. Só disseram que ele deve ficar sem andar por um mês e
pediram que volte no dia seguinte para fazer raio-X para ver o que precisa ser
feito.
Ele conta que foi com a irmã ver os fogos da Festa da
Bastilha quando viu o caminhão se aproximando devagar. De repente, o veículo
aumentou a velocidade e “foi passando por cima de todos os que estavam na
frente”.
“Empurrei a minha irmã e quando fui tentar correr, o
para-choque bateu na minha perna esquerda e caí do outro lado. Todo mundo
corria em pânico, chorando", diz. E continua, com a voz trêmula:
"Tinha muita criança morta e as mães pedindo a Deus para elas voltarem a
viver. Vi muita gente morta, isso me deixou em estado de choque.”
Pessoas em volta ajudaram a tirar Anderson do meio da
avenida, já que ele estava sendo pisoteado no meio da situação de pânico. Ele
ouviu três tiros, até que o caminhão parou.
Como o hospital não tinha mais lugar para receber pacientes,
Anderson foi transferido para um posto de atendimento emergencial montado na
própria avenida onde aconteceu o atentado. “Os corpos dos mortos ainda estavam
no chão, porque a prioridade era atender os feridos”, diz.
Natural de Fortaleza, o técnico em enfermagem de 24 anos
mora em Nice há cinco anos. Ele disse que os moradores da cidade esperavam que
houvesse atentado durante a Eurocopa, que terminou no último domingo (10).
“Esse ataque pegou todo mundo de surpresa”, afirma.
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