Gleisi Hoffmann: Temer blindado pela mídia e o povo enganado
pelo golpe
julho 25, 2016 por esmael |
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), em sua coluna desta
segunda (25), denuncia a blindagem e a torcida da velha mídia golpista pela
permanência do interino Michel Temer (PMDB) e, consequentemente, a
perda de direitos do povo brasileiro que é enganado por essa associação
criminosa.
Segundo ela, para criar um clima favorável ao governo
golpista, fraudam pesquisas e a realidade do país. A colunista denuncia ainda o
custo do golpe: quase R$ 200 bilhões para comprar os votos (fidelizar)
necessários para o impeachment no Senado. A título de comparação, o Congresso
estuda cassar Dilma Rousseff em virtude de déficit de R$ 30 bilhões.
Entretanto, o Ministério Público já arquivou a denúncia de crime de “pedalada
fiscal” contra a presidente afastada.
Gleisi grita contra o fim do SUS, pela manutenção do Minha
Casa Minha Vida, da universidade gratuita, dos direitos dos trabalhadores, do
salário mínimo e da aposentadoria. Abaixo, leia, comente e compartilhe a
íntegra do texto:
Temer blindado e o povo enganado
Gleisi Hoffmann*
É impressionante a boa vontade, ou melhor, o apoio, a
torcida da grande mídia, do mercado financeiro e da elite brasileira ao governo
interino de Michel Temer. Como num passe de mágica tudo que ia de mal a pior no
governo da presidenta Dilma melhorou cem por cento agora. A população apoia
Temer, segundo pesquisa fraudada do Datafolha. A economia melhorou
consideravelmente, inclusive o humor do mercado e da população, segundo a mesma
pesquisa. A relação com o Congresso, também pudera com tantas concessões, está
uma maravilha. É o governo da salvação nacional. Até o combate ao terrorismo
ganhou evidência e o posicionamento heroico do ministro interino da Justiça,
que espantou turistas das olimpíadas.
O noticiário, antes azedo e agourento, agora pauta temas
positivos do esforço do governo em melhorar a economia do país. Aliás, a equipe
econômica, coração do governo, é a motivação maior dessa blindagem.
Austeridade, equilíbrio, controle nas finanças públicas é o
mantra para recuperar o crescimento econômico. Mas o que estamos vendo até
agora é uma gastança desenfreada sob o nome de transparência realista.
São R$ 170 bilhões de déficit este ano e R$ 194 bilhões ano
que vem. Vale lembrar que quando Dilma mandou o orçamento de 2016 com déficit
de R$ 30,5 bilhões para o Congresso, foi considerado um escândalo. Devolveram!
E a ironia de tudo isso é que estão fazendo o impeachment da presidenta por
crime de responsabilidade fiscal!
Mas a crueldade maior é que essa tolerância deficitária, que
está possibilitando pagar a conta do golpe e fidelizar aliados, é também a
justificativa para as reformas estruturais, aquelas voltadas para cortar
programas sociais e direitos dos trabalhadores. Porque a elite é assim, para
manter os juros altos corta a previdência social, os recursos para saúde e
educação, o poder de compra do salário mínimo. Tudo sob o manto da chamada
responsabilidade na gestão. Todos devem fazer sacrifícios, desde que no ‘todos’
não esteja o andar de cima.
É repugnante ouvir os representantes do governo golpista e
os articuladores midiáticos criticando os programas sociais, desmerecendo sua
importância e mostrando-os como estorvo a melhora da economia. O SUS virou
caixa de pancada do ministro da Saúde, que insiste em um plano privado de saúde
popular, no fim do Mais Médicos e de que a doença está no pensamento das
pessoas.
O Minha Casa Minha Vida, um dos programas de maior sucesso
da habitação popular brasileira, é um peso para a Caixa Econômica Federal,
empresa pública que resolveu apostar no mercado imobiliário rentável,
financiando casa para os ricos. É mais fácil, seguro e menos trabalhoso.
O ensino superior público também passou a ser uma aberração
para a mídia. Editorial de O Globo defende abertamente a privatização do ensino
superior, depois de ter formado seis ideólogos de direita nas universidades
gratuitas. Como os pobres estão indo para o ensino superior está na hora de
cortar. Haja hipocrisia.
Soma-se a essa ladainha de retrocessos os ataques a CLT. Em
tempos de crise, manda o manual do mercado que o trabalhador abra mão de seus
direitos para manter o emprego e conservar o lucro do sistema. É o acordo da
espingarda com a rolinha. Salário mínimo com poder real de compra também é um
empecilho para o resgate do desenvolvimento econômico. Até quando Temer será
blindado?!
Se há pessoas que gostam de ser enganadas, existem aquelas
que ousam lutar. Mais do que nunca a resistência popular tem de se fazer
presente. Voltar atrás nunca mais!
*Gleisi Hoffmann é senadora da República pelo Paraná.
Foi ministra-chefe da Casa Civil e diretora financeira da Itaipu Binacional.
Escreve no Blog do Esmael às segundas-feiras.
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