Lava Jato: só um ano depois de denúncia, Supremo manda PF ouvir
parlamentares citados
18:50 24.03.2017(atualizado 18:51 24.03.2017)
A determinação do ministro Edson Fachin diz respeito às
acusações feitas pela Procuradoria-Geral da República, em fevereiro do ano
passado, por crime de embaraço à Lava Jato e por tentarem barrar ou atrapalhar
as investigações da operação.
Na opinião de Antonio Marcelo Jackson, cientista
político, e professor da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), o
poder judiciário precisa se compenetrar de que precisa ter maior compromisso
com a celeridade da apreciação dos processos sob sua responsabilidade.
"Esta decisão do ministro Luiz Edson Fachin é referente
a denúncias tornadas públicas por Sérgio Machado em março de 2016, portanto, há
um ano. As denúncias partem de conversas que Sérgio Machado manteve com Romero
Jucá que se tornaram públicas.
E o que faz o Ministro Edson Fachin um ano
depois? Ele está julgando, está dando uma decisão? Não, não. Ele está
autorizando que o interrogatório seja feito. Ora, isso poderia ter sido feito
um ano atrás", diz Jackson.
Para o especialista, é preciso analisar os personagens
envolvidos: um ex-presidente da República e um ex-presidente do Congresso
Nacional, José Sarney e outras figuras proeminentes do governo.
"Ora, o poder esteve nas mãos dele tanto como chefe do
Poder Executivo quanto do Poder Legislativo. Temos Romero Jucá e Renan
Calheiros, este também ex-presidente do Senado e do Congresso. Sobretudo este que
já havia renunciado para escapar à cassação do mandato por quebra de decoro
parlamentar.
Ele voltou após se eleger novamente e continua detendo grande
influência na vida política nacional mesmo não presidindo mais o Congresso
Nacional. E o próprio Romero Jucá cujo nome apareceu várias vezes em
brincadeiras de gosto duvidoso e também continua influente. E ainda temos o
Sérgio Machado, que sabe de muitas coisas. Então, você espera tudo de ruim no
final das contas."
Segundo Jackson, essas pessoas sempre estiveram no “olho do
furacão.”
"Ao mesmo tempo, devemos lembrar que, em política,
as pessoas precisam de alianças e vamos lembrar daquela minha eterna
crítica ao sistema político brasileiro que é o presidencialismo de coalizão, em
que o poder é exercido pelo presidente da República mas em que ele precisa do
apoio da Câmara dos Deputados e do Senado para poder governar. É uma espécie de
pseudo-parlamentarismo", critica.
Já na opinião de Alberto Rollo, sócio-diretor da Rollo
Advogados Associados e professor de Direito da Universidade Metodista
Mackenzie, o prazo de um ano para a apresentação do pedido à Polícia Federal
pode ser considerado um período normal.
"Todo dia tem Operação Lava Jato, todo dia tem gente
com foro privilegiado, todo dia tem lista do Janot. As coisas do ano passado
vão ficando superadas", diz Rollo.
O advogado explica que o caso está em fase de investigação e
as diligências são pedidas pelo Ministério Público que pode oferecer
denúncia ou arquivar o processo.
Fonte: https://br.sputniknews.com/
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