Ex-tesoureiro petista assinou recibos, no total de R$ 7,5
mi, de doações a Temer
Ricardo Galhardo2 horas atrás 30/03/2017
© DIDA SAMPAIO/ESTADAO Edinho Silva, ex-tesoureiro da
campanha de Dilma em 2014
Ao menos 11 recibos de doações eleitorais feitas ao então
candidato a vice-presidente Michel Temer (PMDB), em 2014, foram assinados pelo
ex-tesoureiro da campanha da presidente cassada Dilma Rousseff Edinho Silva.
Os recibos, que totalizam R$ 7,5 milhões, fazem parte da
prestação de contas da campanha entregue à Justiça Eleitoral e ajudam a embasar
a tese dos advogados de defesa da petista na ação que pede a cassação da chapa
Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A defesa de Temer argumenta que o atual presidente não pode
ser punido por supostas ilegalidades cometidas pela campanha de Dilma, pois ele
tinha uma conta específica para movimentar verbas relativas a doações e
despesas eleitorais. É a tese da separação das contas da chapa defendida pelos
advogados do peemedebista.
Já os advogados de Dilma usam os recibos assinados por
Edinho, entre outros argumentos, para alegar que as contabilidades não podem
ser separadas, já que a prestação de contas foi feita de forma única pelos dois
integrantes da chapa.
O início do julgamento da ação movida pelo PSDB por suposto
abuso do poder econômico e político nas eleições de 2014 está marcado para
começar na próxima terça-feira. O Ministério Público Eleitoral pediu a cassação
de Temer e a inelegibilidade de Dilma. O PSDB, hoje aliado do governo, em suas
alegações finais, isentou o presidente de responsabilidade.
Os 11 recibos aos quais o Estado teve acesso
mostram que, mesmo doações feitas diretamente a Temer, com valores depositados
na conta aberta pelo PMDB para receber colaborações, eram justificadas à
Justiça Eleitoral com recibos assinados por Edinho.
Entre estes doadores estão
a JBS (R$ 5 milhões), Amil (R$ 750 mil) e Klabin (R$ 150 mil). No total, Temer
arrecadou R$ 19,8 milhões em 2014.
O advogado de Temer na ação do TSE, Gustavo Guedes, disse
que o fato de os recibos terem a assinatura de Edinho não prejudica “em um
milímetro” a tese de separação das contas da campanha de 2014.
“Isso não muda absolutamente nada, pois só o Edinho podia
assinar recibos. De acordo com a legislação, apenas o titular da chapa tem
recibo. Tanto que as contas foram apresentadas em conjunto”, disse ele. “O que
importa, e temos como provar, é que Temer não arrecadava para Dilma e Dilma não
arrecadava para Temer.”
‘Indivisível’. Já o advogado de Dilma, Flávio Caetano,
afirmou que os recibos são, sim, mais um elemento que embasa a tese da
indivisibilidade das contas. “Eles mostram que é uma coisa só.
Não há a menor
possibilidade de divisibilidade, uma vez que a prestação de contas era única e
toda doação para Temer teve de ser referendada pelo Edinho”, disse.
Os advogados de Dilma argumentam ainda, nas alegações finais
ao TSE, que R$ 16 milhões, dos R$ 19,8 milhões arrecadados por Temer, foram
repassados a outros candidatos do PMDB, indicando que conta aberta na campanha
era uma “conta de passagem” e que várias despesas do candidato a vice foram
pagas pelo PT.
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