TEMER E SEUS PILANTRAS: ‘Grande chefe, tudo bom?’, diz
Ministro da Justiça a líder de esquema criminoso
17 de março de 2017
Grampo da Operação Carne Fraca capturou uma conversa do
atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR), com o fiscal agropecuário
Daniel Gonçalves Filho, superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná
entre 2007 e 2016, um dos alvos da investigação. Serraglio assumiu o Ministério
da Justiça no início do mês.
O peemedebista não é alvo da investigação
deflagrada nesta sexta-feira, 17.
A Carne Fraca aponta Daniel Gonçalves como o “líder da
organização criminosa”. No diálogo, Osmar Serraglio se refere a Daniel
Gonçalves como “o grande chefe”.
Segundo a decisão que deflagrou a Carne Fraca, “em conversa
com o deputado Osmar Serraglio, Daniel é informado acerca de problemas que um
Frigorífico de Iporã estaria tendo com a fiscalização do MAPA (o frigorífico
Larissa situa-se na mesma cidade)”.
O frigorífico Larissa pertence ao
empresário Paulo Rogério Sposito, candidato a deputado federal pelo estado de
São Paulo em 2010 com o nome Paulinho Larissa.
“Logo após encerrar a ligação, Daniel ligou para Maria do
Rocio, contando-lhe que o fiscal de Iporã quer fechar o Frigorífico Larissa
daquela localidade”, informa a decisão. “Ele pede a ela que averigue o que está
acontecendo e lhe ponha a par.
Ela então obedece à ordem e em seguida o informa
de que não tem nada de errado lá, está tudo normal, informação esta depois
repassada a Osmar Serraglio.”
A Carne Fraca afirma que “Daniel é muito próximo do dono do
frigorífico Larissa, Paulo Rogério Sposito, encontrando-se com ele por diversas
vezes, chegando até mesmo a utilizar o telefone celular deste para efetuar
ligações”.
A PF encaminhou à Justiça, com sugestão para envio à
Procuradoria-Geral da República, relatório que cita Serraglio. Como deputado
federal pelo PMDB do Paraná, o atual ministro da Justiça detém prerrogativa de
foro perante o Supremo Tribunal Federal.
O delegado Maurício Moscardi Grillo, que comanda Operação
Carne Fraca, disse que a medida foi tomada para “preservar a investigação”.
“Porque se entrou uma pessoa com prerrogativa de foro, na época o ministro era
deputado federal, há necessidade de esclarecer”, declarou.
“Como no caso
sentimos que não havia um crime por parte do então deputado foi solicitado,
então, encaminhamento daquele procedimento ao juízo informando que não havia um
crime por parte do ministro.”
Moscardi Grillo ressaltou que “por cautela, tendo não só ele
(Serraglio), mas outras pessoas com foro que eventualmente tivessem entrado na
investigação, foi necessário fazer um informe ao juízo”. Segundo o delegado,
esse procedimento foi importante “para que depois não fosse questionado por
parte de advogados e de outras pessoas que pudesse ter havido alguma
ilegalidade da investigação.”
Na decisão, o juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara
Federal destaca. “Por fim, conforme bem destacado na manifestação ministerial,
dos diálogos não se extraem elementos suficientes no sentido de que o
parlamentar (Deputado Federal) que é interlocutor em um dos diálogos, que detém
foro por prerrogativa de função, esteja envolvido nos ilícitos objeto de
investigação no inquérito policial relacionado a este feito ou em qualquer
outro que requeira neste momento o envio de peças ao Tribunal competente para
eventual apuração de ilícito penal.”
Defesas
“Se havia alguma dúvida de que o Ministro Osmar Serraglio,
ao assumir o cargo, interferiria de alguma forma na autonomia do trabalho da
Polícia Federal, esse é um exemplo cabal que fala por si só. O Ministro soube
hoje, como um cidadão igual a todos, que teve seu nome citado em uma
investigação.
A conclusão tanto pelo Ministério Público Federal quanto pelo
Juiz Federal é a de que não há qualquer indício de ilegalidade nessa conversa
degravada”, diz, por meio de nota, o Ministério da Justiça.
A JBS, citada na operação da PF, também divulgou nota.
“Em
relação a operação realizada pela Polícia Federal na manhã de hoje, a JBS
esclarece que não há nenhuma medida judicial contra os seus executivos. A
empresa informa ainda que sua sede não foi alvo dessa operação.
A ação
deflagrada hoje em diversas empresas localizadas em várias regiões do país,
ocorreu também em três unidades produtivas da Companhia, sendo duas delas no
Paraná e uma em Goiás. Na unidade da Lapa (PR) houve uma medida judicial
expedida contra um médico veterinário, funcionário da Companhia, cedido ao
Ministério da Agricultura”, diz o texto.
“A JBS e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de
todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de
alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o
descumprimento de tais normas. (…)
A Companhia repudia veementemente qualquer
adoção de práticas relacionadas à adulteração de produtos – seja na produção
e/ou comercialização – e se mantém à disposição das autoridades com o melhor
interesse em contribuir com o esclarecimento dos fatos.
Fonte: http://clickpolitica.com.br/
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