Manifestação em Brasília faz enterro simbólico da
"velha política" brasileira
Agência Brasil
Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil
13 horas atrás
27/03/2017
© Antonio Cruz/Agência Brasil Brasília - Movimentos
sociais fazem manifestação em apoio à Lava Jato, pelo fim do foro privilegiado,
contra o voto em lista fechada e contra o aumento do Fundo Partidário (Antonio
Cruz/Agência Brasil)
A Esplanada dos Ministérios recebeu 630 pessoas, nas contas
da Polícia Militar (PM), para protestar contra a corrupção. Uma das principais
pautas de reivindicação repudiava a lista fechada, que vem sendo defendida por
vários políticos. No alto de um carro de som, a coordenadora do movimento Vem
Pra Rua, Juliana Dias, discursou contra o modelo eleitoral proposto no
Congresso, que considera “a coisa mais antidemocrática que existe”.
“Lista fechada é contra a democracia. É votar no partido e
não mais nas pessoas e eles [os partidos] põem lá dentro quem eles quiserem.
Essa é a principal pauta do dia”, explicou. No modelo, defendido pelo
presidente da Câmara, Rodrigo Maia, dentre outros parlamentares, os partidos
definem previamente os nomes que estarão na disputa e o eleitor vota no partido
e não mais no candidato.
Sob o sol forte, pessoas vestiram camisas amarelas e levaram
faixas e cartazes contra a corrupção. Além do modelo eleitoral de lista
fechada, os manifestantes também criticaram as tentativas de mudança das Dez
Medidas contra a Corrupção. Uma faixa mencionava o senador Renan Calheiros, um
dos que defendem alterações no projeto de iniciativa popular enviado ao
Congresso: “Renan, abuso de autoridade é a autoridade abusar do dinheiro do
povo”.
O projeto das Dez Medidas contra a Corrupção foi alterado
para incluir a previsão de crimes de responsabilidade para punir juízes e
membros do Ministério Público (MP) por abuso de autoridade. A tramitação do
projeto acabou sendo suspensa pelo Supremo Tribunal Federal. Os manifestantes
viram a tentativa como uma forma dos parlamentares intimidarem a Justiça e o
Ministério Público, que os investigam.
O juiz federal Sérgio Moro e o coordenador da força-tarefa
da Lava Jato no MP, Deltan Dallagnol, também foram lembrados. A manifestação,
que começou às 10h e terminou ao meio-dia, demonstrou apoio à Operação Lava
Jato e ao trabalho de Moro e Dallagnol. O ato terminou por volta do meio dia,
com um enterro simbólico do que chamaram de “velha política”.
Lápides foram levadas para a frente do espelho d'água do
Congresso Nacional, ao som de uma marcha fúnebre. Em cada uma das lápides, a
foto de um político. Fernando Collor, Aécio Neves, Gleisi Hoffmann, Jader
Barbalho, Renan Calheiros, Edison Lobão, Jorge Viana foram lembrados, além do
deputado Rodrigo Maia, Dilma Rousseff e Lula, Ao final, os manifestantes
cantaram o hino nacional e se dispersaram.
O Detran fechou o trânsito na Esplanada durante toda a manhã.
Os acessos para a Esplanada ocorreram pelas vias S2 e N2, atrás dos
ministérios. Policiais fizeram a revista do público na altura da Catedral e no
gramado em frente ao Congresso Nacional. Segundo a PM, nenhum material ilícito
ou inapropriado para o evento foi encontrado.
Seiscentos policiais fizeram a segurança do ato, que não
registrou confusão. De acordo com a assessoria da PM, o efetivo policial foi
definido com base na estimativa de público dos organizadores, que acabou
ficando bem aquém do previsto – em torno de 100 mil pessoas.
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