'Lava-Jato fez a coisa mais sem-vergonha que aconteceu neste
País', diz Lula
Ex-presidente criticou o juiz Moro e integrantes do MP
Postado em 24/03/2017 20:13 / atualizado em 24/03/2017 21:05
Durante o evento organizado pelo PT para discutir a
Lava-Jato em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou
que a operação fez "a coisa mais sem-vergonha" que aconteceu no
Brasil, dirigindo ataques ao juiz Sérgio Moro e aos membros do Ministério
Público Federal e da Polícia Federal.
Ele afirmou ainda que Moro, o procurador
Deltan Dallagnol e "o delegado da Polícia Federal" não têm mais ética, lisura e honestidade do que ele.
"A Lava-Jato não precisa de um crime, ela acha alguém
para depois tentar colocar um crime em cima de um criminoso. E para isso eles
fizeram a coisa mais sem-vergonha que aconteceu nesse país porque um juiz
precisa da imprensa para execrar as pessoas, que estão sendo citadas, junto à
opinião pública e depois facilitar o julgamento", afirmou o petista.
Ele citou o juiz que coordena as investigações em Curitiba e
o coordenador da força-tarefa da Lava-Jato no MPF. "Eu tenho dito que eles
deram um azar muito grande porque foram mexer com quem eles não deveriam ter
mexido. Nem o Moro, nem o Dallagnol, nem o delegado da Polícia Federal têm a
lisura, a ética e a honestidade que eu tenho nestes 70 anos de vida",
falou Lula.
Lula se referiu ao interrogatório que vai comparecer em Curitiba no dia 3 de
maio e disse que está esperando por qual crime ele será imputado. "Eu
duvido que tenha um empresário solto ou preso que diga que um dia o Lula pediu
10 centavos para ele", afirmou. O petista ressaltou que condena que dirigentes
partidários peçam dinheiro para empresários. "Nunca permiti que nenhum
empresário fizesse isso, e sou amigo de muitos empresários", declarou.
No discurso, o ex-presidente defendeu a aprovação do projeto de lei do abuso de
autoridade no Congresso. O texto é visto como ameaça às investigações. Na
plateia do evento, estava o senador Roberto Requião (PMDB-PR), relator da
proposta no Senado. "A gente não pode deixar de aprovar a lei de abuso de
autoridade, porque ninguém está acima da Constituição", afirmou Lula.
Ele pediu que os parlamentares petistas "briguem" mais para aprovar a
lei e impedir o abuso de agentes públicos no País. "Nós somos um partido
que foi criado para mudar a história desse país, não fomos criados para ficar
com medo", disse. No evento, estavam diversos deputados e senadores
petistas.
Lula disse que é preciso defender "companheiros" que são acusados sem
provas. Na sua fala, não faltaram críticas à imprensa. "É preciso mostrar
o outro lado da Lava-Jato. A Lava-Jato é uma moeda que tem a cara da Globo, das
televisões outras, dos jornais, a cara da Veja, da Época, da Istoé, do
procurador, da Polícia Federal, tem a cara do Moro. Mas não tem a cara do povo
que está sendo prejudicado", disparou.
O petista disse ainda que está sendo vítima de acusações de que ele está
antecipando uma candidatura a presidente da República ao fazer atos públicos,
como a viagem para a Paraíba nas obras do Rio São Francisco e a manifestação
contra a reforma da Previdência na Avenida Paulista. "Agora vão começar
outro processo, dizer que estou vetado para ser candidato porque estou em um
processo de antecipação de campanha", disse.
O ex-presidente disse que vai se defender, aguardar o julgamento e "ir até
a última consequência" nos processos da Lava- Jato. "Se eles querem pegar
o Lula, não estraguem o Brasil, encontrem outro pretexto, o Brasil é muito
maior que o Lula", afirmou. O petista ressaltou que não tem medo das
acusações, mas tem preocupação com a democracia e as instituições.
Requião
Presente no evento do PT para discutir a Lava-Jato, o senador Roberto Requião
(PMDB-PR) garantiu que o projeto do abuso de autoridade vai ser votado no
Senado. E também destacou que "tem todas as condições" para ser
aprovado. Ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo
Estado, Requião afirmou que foi convidado por Lula para comparecer ao evento.
Filiado ao partido do presidente Michel Temer, mas atuante na oposição ao
peemedebista, Requião era o único parlamentar não petista presente no evento.
"Qual o problema? Ele [Lula] me convidou e convidou o PMDB", brincou.
Fonte: http://www.em.com.br/
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