Sérgio Moro condena Eduardo Cunha a 15 anos e quatro meses
de prisão
Edição do dia 30/03/2017
30/03/2017 21h30 - Atualizado em 30/03/2017 21h32
O juiz Sérgio Moro condenou o ex-deputado Eduardo Cunha a
15 anos e quatro meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de
divisas. Foi a primeira condenação de Cunha na Lava Jato.
O juiz Sérgio Moro condenou
Eduardo Cunha por “ter recebido e movimentado, em contas secretas na Suíça, US$
1,5 milhão proveniente do preço pago pela Petrobras na compra de parte de um
campo de petróleo em Benin”, na África, em 2011.
Cunha é o único réu dessa ação, que veio do Supremo
Tribunal Federal depois que o ex-deputado perdeu o foro privilegiado.
As outras pessoas envolvidas na Venda Campo e a mulher dele, Cláudia Cruz,
respondem a um outro processo que está na fase final.
Além da condenação, Moro confiscou os valores bloqueados na
Suíça e proibiu Cunha de exercer cargo ou função pública pelo dobro do tempo em
que ficar preso.
Na decisão, o juiz Sérgio Moro disse que a investigação
contou com a cooperação de autoridades suíças. Elas entregaram documentos que
indicam Eduardo Cunha como controlador, titular e beneficiário das contas por
onde o dinheiro da propina passou.
Moro também afirmou que o álibi de Cunha é insustentável
para justificar os depósitos. Eduardo Cunha disse que o dinheiro era a
devolução de um empréstimo que havia concedido ao ex-deputado federal Fernando
Diniz, que morreu em 2009. Mas, segundo o juiz, Eduardo Cunha não apresentou
provas, deu explicações vagas para as transferências e caiu em
contradições.
Na sentença, Moro salientou que o ex-deputado utilizou “o
enorme poder e influência inerente ao cargo, não para o fiel desempenho de suas
funções, de legislar para o bem comum ou de fiscalizar o Executivo, mas sim
para enriquecer ilicitamente”.
E acrescentou que não pode haver ofensa mais grave do que a
“daquele que trai o mandato parlamentar e a sagrada confiança que o povo nele
deposita para obter ganho próprio”.
Eduardo Cunha está preso na região de Curitiba desde
outubro de 2016. Moro disse que ele deve continuar na cadeia porque ainda pode
ter outras contas secretas no exterior e porque tentou ameaçar e chantagear
autoridades e testemunhas.
Moro citou como exemplo de intimidação algumas perguntas
encaminhadas ao presidente Michel Temer, convocado como testemunha de defesa.
As questões, segundo o juiz, “tinham por motivo óbvio
constranger o presidente da República e provavelmente buscavam com isso
provocar alguma intervenção indevida de Temer em favor de Cunha”, o que não
ocorreu.
E que isso não representou cerceamento da defesa, como alegam os
advogados de Cunha.
No fim da sentença, Moro destacou o trabalho da
Procuradoria-Geral da República, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal,
citando em especial o ministro Teori Zavascki, que
era relator da Lava Jato, no STF, e morreu em janeiro num acidente de avião.
Os advogados de Eduardo Cunha afirmaram que vão recorrer.
E
que a velocidade com que o juiz Sérgio Moro deu a sentença mostra parcialidade
na condução do processo.
Fonte: http://g1.globo.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário