Sergio Moro cruzou o Rubicão em sua cruzada contra Lula e se
vê numa posição cada vez mais complicada para provar sua tese a qualquer
custo — inclusive da própria missão que se auto outorgou, a de destruir sua
nêmesis barbuda.
O juiz paranaense agora determina o que é “propaganda
política” em seu processo, como se o que ele mesmo produzisse, com a
reverberação da mídia, fosse algo de natureza diferente.
O critério, evidentemente subjetivo, é um só: se for contra
Lula, ok. Se não, está vetado. É pós-kafkiano.
A pergunta do advogado Cristiano Zanin Martins ao ministro
da Fazenda Henrique Meirelles, ex-presidente do BC na gestão lulista, é
absolutamente legítima. Você vê a partir do minuto 11:00 acima.
Na audiência, Martins inquiriu o depoente se achava que
o governo Lula “Lula trouxe benefícios ao País e não foi um governo que tenha
buscado benefícios pessoais para os governantes e pessoas do alto escalão”.
Moro indeferiu a questão.
“A impressão é que a defesa está fazendo propaganda política
do governo anterior. Isso não é apropriado”, afirmou. Para o magistrado, a
resposta seria uma “opinião” e não um “fato”.
Ora, quem começou essa confusão entre uma coisa e outra
foram Sergio Moro e os herois da Lava Jato.
Meirelles já havia contado que nunca vira “algo ilícito” e
que sua relação com Lula “era totalmente focada em assuntos relativos ao Banco
Central e à política econômica”.
Ou seja, Moro se antecipou.
Se foi assim com Meirelles, como será com as
próximas testemunhas? Haverá um manual?
A defesa arrolou os nomes de Fernando Henrique Cardoso,
Stefan Löfven (ex-premiê da Suécia), François Hollande e Nicolas Sarkozy.
Eles também serão impedidos de falar o que Sérgio Moro não
quer ouvir?
O que o país está assistindo não tem mais nada a ver com
Justiça, mas Moro vai prosseguir até ser avisado por seus patrocinadores de que
bateu no muro. Isso não é propaganda política.
É fato.
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