Temer e família voltam para o Jaburu
Estadão Tânia
Monteiro e Vera Rosa5 horas atrás 02/03/2017
feita na abertura da reunião do núcleo de infraestrutura no Palácio
do Planalto, em Brasília
Brasília - Uma semana depois de ter se mudado para o Palácio
da Alvorada, o presidente Michel Temer, a primeira-dama, Marcela e o filho
Michelzinho, de sete anos, voltaram a morar no Palácio do Jaburu.
“O presidente
não se adaptou ao local, achava tudo muito distante e pouco conseguia ver o
filho”, afirmou um assessor presidencial.
Temer, quando regressou nesta terça-feira de Salvador, onde
passou os feriados do Carnaval na Base Naval de Aratu, já foi direto para o
Palácio do Jaburu com a família.
O último habitante do local foi a
ex-presidente Dilma Rousseff, que saiu do Alvorada nos primeiros dias de
setembro, uma semana depois de sofrer o impeachment e ser afastada
definitivamente da Presidência da República.
A ida da família presidencial para o Jaburu causou uma
enorme polêmica por conta da instalação de uma tela de proteção na varanda do
quarto que foi reformado para receber o menino. A reforma do Alvorada para a
mudança custou R$ 24.015,68, segundo informou a Secretaria de Governo ao
Estado.
A obra foi criticada pelo ex-curador do Alvorada Rogério
Carvalho que classificou a iniciativa como “uma barbaridade deplorável”. Ele
disse ao Estado que o palácio da Alvorada “é um símbolo nacional e não pode ser
desfigurado como foi”.
Carvalho lembrou ainda que o ex-presidente dos Estados
Unidos Barack Obama quando se mudou para a Casa Branca tinha uma filha na idade
do filho de Temer, sete anos, e nem por isso modificou a fachada da residência
presidencial norte-americana para dar proteção à filha.
Segundo Carvalho, o neto da ex-presidente Dilma, Gabril, era
muito menor do que Michel, ficava lá por vários períodos e nunca foi cogitado
de colocar grade proteção no local. Com a saída de Temer do Alvorada, Rogério
Carvalho que é arquiteto e especialista em patrimônio histórico e ex-curador
dos Palácios, diz que a “autorização equivocada” do Iphan (de colocação da tela
na varanda) "precisa ser revertida” e a rede de proteção retirada.
A instalação da tela foi autorizada pelo IPHAN – Instituto
do Patrimônio Histórico Nacional. A permissão, datada de outubro do ano
passado, dizia que a instalação é “em caráter temporário” e foi dada por
atender a questões de segurança, desde que “ nenhum elemento de fixação poderá
utilizar as superfícies revestidas em pedra (mármore)”.
O ofício que autorizou a obra de número 336/2016/SA/SEGOV-PR
justifica a sua necessidade por questões de segurança. “A Administração do
Palácio da Alvorada solicita que seja instalada tela de proteção cm nylon no
balcão dos quartos do referido Palácio, em sua fachada posterior, (...), uma
vez que haverá a circulação de crianças naquela área e pode haver risco de
ocorrerem acidentes”.
A área onde foi instalada a tela fica no segundo andar do
Alvorada, na parte íntima da residência. Ali existem seis quartos, que sofreram
mudanças para receber a família de Temer que, uma semana depois de se mudar
oficialmente, abandonou o local.
Outra queixa frequente do presidente é que o filho
Michelzinho, “que é muito danado”, de acordo com auxiliares do palácio, “some a
toda hora”, deixando seguranças e a avó do menino, que mora com o presidente,
preocupados.
Para receber a família, além da tela foram reformados
armários do local, realizada pintura nos ambientes, trocados móveis. Um deles
foi uma mesa de jacarandá do século 19 e outras três cadeiras do século 18 que
serviam como mesa de refeição mais íntima para a ex-presidente foram retiradas
da suíte presidencial.
Uma curiosidade do Alvorada é que os aposentos íntimos
presidenciais tem duas suítes, uma para o presidente e uma para a
primeira-dama. A explicação para isso é que o palácio foi construído no governo
de Juscelino Kubitschek e ele e dona Sarah não dormiam no mesmo quarto.
Temer, como vice-presidente, sempre morou no Palácio do
Jaburu. Sua família, no entanto, ficava em São Paulo. Em outubro, depois de
instalado definitivamente no poder, Temer decidiu que a família viria morar com
ele Brasília, preocupado com os insistentes protestos na porta de sua casa, que
chegaram a deixar sua família sitIada, assustando sua mulher.
Com o final do semestre escolar, Marcela, Michelzinho, a
sogra, Norma e o cachorro Thor mudaram para Brasília. Temer, no entanto,
resistia em se mudar para o Alvorada porque o achava “muito frio” e que “não
parecia uma casa comum”.
Dilma tinha deixado o local no dia seis de setembro do
ano passado e já em outubro, houve a solicitação para o início das pequenas
reformas e adaptações no local para receber os novos inquilinos, incluindo a
instalação da rede de proteção para evitar acidentes do o garoto.
Depois de muita relutância, Marcela concordou em se mudar
para o local em 17 de fevereiro. Antes disso, Temer e a primeira-dama estavam
usando o local apenas para recepções, reuniões de trabalho e jantares ou
almoços de trabalho.
Marcela Temer, que chegou a ter preparado um gabinete de
trabalho no terceiro andar do Planalto, a poucos passos do gabinete do marido,
estava preferindo despachar em um gabinete montado para ela no Palácio da
Alvorada.
Na sexta-feira, quando Temer e a família foram para Salvador, a mudança
de volta foi feita e na terça-feira, quando eles desembarcaram de volta à
capital, já seguiram novamente para o Jaburu.
Tanto o Alvorada como o Planalto já haviam sido alvo de
polêmicas no final do ano quando o governo Temer concordou em devolver 48
importantes obras de artes que já faziam parte do patrimônio dos palácios, mas
que pertenciam originalmente ao Museu Nacional de Belas Artes, embora estivem
em Brasília há mais de 45 anos.
Foram retirados esculturas e quadros de
Portinari, Guignard, Portinari, e Eliseu Visconti. / COLABOROU CARLA
ARAÚJO
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