Jornais estrangeiros destacam ausência de provas contra Lula
e acusam MPF: objetivo é tirar ex-presidente das eleições de 2018
Foto: Reprodução/ Chicago Tribune
Imprensa internacional aponta contradições de acusação a
Lula
por Diego Sartorato, na AGPT
As acusações infundadas da Força Tarefa da Operação Lava Jatocontra o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, apresentadas em espalhafatosa coletiva de
imprensa nesta quarta-feira (14), ganharam destaque em alguns dos principais
jornais do mundo tanto pela gravidade das acusações quanto pela ausência de
provas que as sustentem.
A imprensa internacional aponta ainda que a
movimentação do Ministério Público poucos dias após o golpe contra
a presidenta eleita Dilma Rousseff tem
consequências políticas graves: impedir Lula de concorrer novamente à
Presidência em 2018.
O
norte-americano New York Times registra que Lula é acusado de ser
“general” de um amplo esquema de corrupção,
mas as acusações contra ele são restritas a reformas em um apartamento que ele
nega ser seu. “A quantidade de dinheiro que Da Silva é acusado de ter recebido
empalidece perante as quantias que outros políticos são acusados de ter
embolsado nos últimos anos”, aponta o diário. O jornal diz ainda que Lula é
favorito para as eleições de 2018.
O também norte-americano Chicago Tribune também faz ressalvas
em relação ao contraste entre as graves e numerosas acusações verbais
feitas pelos promotores e a miudez das acusações formais: “O abismo entre
as acusações verbais e aquilo pelo que Silva foi denunciado de fato coloca
em dúvida o futuro dessa investigação”. O jornal consultou Cezar Britto,
ex-presidente da OAB. Para o advogado, “o palavreado duro dos promotores pode
indicar que eles não têm evidências sólidas. Parece que os promotores
preferem conquistar apoio da sociedade ao invés de buscar por mais
evidências”.
“Uma verdadeira inquisição”, publica
o francês Le Monde, que entrevistou o sociólogo Mathias Alencastro. “Poucos
dias após oimpeachment de Dilma, a acusação do promotor é um
assassinato político contra Lula e o PT”, conclui o jornal.
O jornal Página 12, da Argentina, analisa a ação midiática
do Ministério Público por meio de artigos de Eric Nepomuceno e Emir Sader.
“Para Dallagnol, um jovem servidor com atração irresistível por declarações
bombásticas, Lula era nada menos que o ‘comandante máximo’ de um esquema de
corrupção em seu governo. Palavras contundentes em um discurso absolutamente
politizado, ao qual faltou apenas um ‘detalhe’: provas”, escreve
Nepomuceno.
“Ainda que sem nenhuma prova de enriquecimento pessoal, sem
nenhuma prova de que tenha obtido vantagens graças ao cargo de presidente,
mesmo tendo voltado a viver no mesmo apartamento na periferia de São Paulo,
mesmo com tudo isso, Lula tem de ser acusado, processado, considerado culpado e
condenado”, analisa
Emir, ressaltando o caráter político da operação contra Lula.
O jornal La Jornada, do México, destacou na manchete
principal de sua capa desta quinta-feira (15) a incoerência da
acusação contra Lula: “Sem provas, acusam Lula de encabeçar esquema de
corrupção”. “Tudo indica que buscam inabilitá-lo para as eleições de
2018”, conclui.
O
jornal italiano La Reppublica ironiza a quantidade de acusações contra Lula:
de acordo com o diário, a depender das acusações do Ministério Público, “Lula é
o belzebu do Brasil”. O jornal, que registra que os promotores apenas
prometeram apresentar provas, aponta ainda as consequências políticas da ação
contra Lula.
“Após o impeachment contra Dilma Rousseff e a chegada ao poder do líder do PMDB, Lula
segue sendo o político mais popular do Brasil e tem repetidamente dito que pode
ser o candidato de esquerda em 2018. Mas, se for condenado, não poderá
fazê-lo”.
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