FOTÓGRAFO DESABAFA E DENUNCIA GOLPISMO DOS COLEGAS DA IMPRENSA
"Agora não querem ser chamados de golpistas? SÃO
GOLPISTAS e a nossa imprensa está na lata de lixo da história, ao contrário da
mídia internacional, que enxergou o golpe. Quando estavam batendo na presidenta
Dilma não queriam saber o que viria depois, agora aguentem as consequências de
ter que ir para as ruas e serem escrachados durante as coberturas das
manifestações contra o governo golpista", escreveu Lula Marques, um dos
principais profissionais da fotografia no Brasil
10 DE SETEMBRO DE 2016 ÀS 18:40 // RECEBA O 247 NO TELEGRAM
Por Lula Marques, em seu Facebook
Os coleguinhas fotógrafos não querem ser chamados de
golpistas.
São golpistas sim e agora aguentem as consequências!
Quando começou todo o processo do impeachment, eu era a única
voz entre os fotógrafos que cobrem o Palácio do Planalto que dizia que era um
golpe. Chegava todos os dias para trabalhar e, em alto e bom som, soltava um
“bom dia mídia golpista!”. No começo, os coleguinhas levavam na brincadeira,
mas o tempo foi passando e o golpe se consolidando. Quando o processo passou na
Câmara, eu virei alvo de piadinhas nos corredores, coberturas jornalísticas e
nos bares. Fui chamado de louco, disseram que eu precisava tomar remédio. Ouvi
muita piadinha dentro do Planalto e no Congresso dos fotógrafos machões,
homofóbicos, preconceituosos, arrogantes e misóginos. São analfabetos
políticos. E, ainda se acham melhores do que qualquer trabalhador por ter uma
credencial para entrar nos Palácios. Nos anos do PT, ouvi frases como: “Como o
ar esta fedido hoje aqui”, referindo-se aos integrantes de movimentos sociais
que participavam de cerimônias. Que nojo! Para esse tipo de gente, pobre não
tem direito a frequenter aeroporto. Isso sem falar dos comentários misóginos
sobre a presidenta Dilma. É de dar asco! O que esperar de um fotógrafo que fala
que o maior problema do casamento são as mulheres?! A misoginia ajudou a
derrubar a primeira mulher eleita desse País. Se fosse um homem no lugar dela,
não teria passado pelo que Dilma passou. Para esse tipo de gente, as suas
mulheres devem ser lindas, recatadas e do lar. Ouvi também dos coleguinhas
jornalistas que eu estava remando contra a maré. Era maluco de ser uma voz
solitária no meio daquele massacre midiático. Olhares de reprovação. É como se
falassem: o que esse petista está fazendo aqui? O jornalismo que idealizamos
morreu e um novo jornalismo alternativo está surgindo e expondo as
“grandes”redações, que transformaram fotógrafos em meros apertadores de botão.
Recebem uma pauta e sequer sabem o que está por trás dela. Há uma grande
diferença entre petista e jornalista e espero que procurem no dicionário a
resposta.
Agora não querem ser chamados de golpistas? SÃO GOLPISTAS e
a nossa imprensa está na lata de lixo da história, ao contrário da mídia
internacional, que enxergou o golpe. Quando estavam batendo na presidenta Dilma
não queriam saber o que viria depois, agora aguentem as consequências de ter
que ir para as ruas e serem escrachados durante as coberturas das manifestações
contra o governo golpista, contra a mídia golpista e contra os corruptos que
vocês ajudaram a colocar no poder. Aguentem e paguem pelas mentiras ditas,
mentiras fotografadas e por ter ajudado a derrubar uma presidenta eleita com
mais de 54 milhões de votos. Não é por acaso que a credibilidade da imprensa
vai ladeira abaixo. Os leitores/eleitores estão cobrando. Fizeram agora paguem.
Não venham com a desculpa de que são trabalhadores e a culpa é dos donos dos
jornais. Vocês são os jornalistas que estiveram na linha de frente na hora
buscar as informações e sabiam muito bem o que seus editores queriam e fizeram
direitinho para manter seus empregos. Ligaram o foda-se para o País e a
democracia. Não tentem arrumar um culpado pelo seus erros, vão ser chamados de
golpista sim. Seus chefes golpistas, que ajudaram o golpe, vão continuar nas
suas salas com ar condicionado e vocês vão ter que ir para ruas e as ruas os
esperam.
Estou na profissão há 35 anos, cobri a redemocratização,
reforma constitucional, impeachment do Collor, anões do orçamento e fiz tantas
outras matérias maravilhosas. Nos últimos anos, no entanto, a parcialidade
virou rotina, omissão, manipulação… dois pesos e duas medidas. O objetivo era
tirar o PT do poder. Não vi nada parecido com outros partidos. E hoje, a mídia
alternativa, como os jornalistas livres, mídia ninja e tantos outros surgiram
com o compromisso com a verdade e a democracia. Ontem fui acusado de viver para
ter likes. Nós, verdadeiros jornalistas queremos divulgar a verdade e os likes
são resultado do nosso trabalho sério e honesto. Mostramos a verdade, sem
manipulação, ao contrário dos veículos tradicionais. Não concordo com a
violência e me solidarizo com meus colegas, Lula da Record e Kleiton do UOL,
profissionais que respeito. Venceram na profissão e foram atacados por radicais
de esquerda. Sigo na luta para acabar com a corrupção e desigualdade social.
Minha escola de jornalismo sempre foi a liberdade e democracia e principalmente
a verdade. Não faço e nunca vou fazer parte de grupinhos que se comunicam e
trocam mensagens pelo WhatsApp para não perderem uma foto e serem demitidos.
Meu compromisso é com o leitor. Não tentem arrumar o culpado de tudo que vocês
provocaram. Um dia espero que a consciência mostre o quando foram pequenos.
Lula Marques.
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