REPRODUÇÃO/CAIXA BENEFICENTE DA PM DO RIO
Coronel estuprador tinha pose de homem de família e
experiência na PM
Preso em flagrante por estupro de uma menina de 2 anos,
Pedro Chavarry Duarte é o atual presidente da Caixa Beneficente
11/09/2016 16:14 , ATUALIZADO EM 12/09/2016 7:45
Preso em flagrante pelo estupro de uma menina de 2 anos no
Rio de Janeiro, o coronel reformado da Polícia Militar Pedro Chavarry Duarte
passava a imagem pública de homem sério e defensor dos valores da família. “No
meu tempo livre, eu tenho dedicação à Igreja Católica Apostólica Romana, onde
costumo participar ativamente das atividades religiosas”, declarou o homem
de 62 anos, em entrevista publicada em 2011 no jornal da Caixa Beneficente da
PM do Rio, instituição da qual é presidente. Nas eleições de 2014, ele
concorreu a deputado federal pelo Partido Social Liberal (PSL).
Detido na noite de sábado (10/9), Duarte ainda tentou
subornar os dois policiais que fizeram a abordagem, no complexo de favelas da
Maré. Horas depois, a mãe da criança foi presa, possivelmente sob suspeita de
aliciamento de menores. Ainda não há informações detalhadas sobre a mãe ou a
família da vítima.
Em entrevistas e perfis, vê-se a imagem de um homem
experiente em cargos diretivos e administrativos, um católico praticante e um
pai de família ausente – mas esforçado.
“Homem de família”
Em um perfil publicado no jornal institucional da Caixa Beneficente, em 2011,
Duarte passa a aparência de sujeito educado, sério, trabalhador e estratégico.
Responde às questões sempre com frases formais e calculadas. Atarefado, diz ao
repórter que foi “muito cobrado em casa” pela ausência.
“Após uma carreira de 37 anos, em que não tive Carnaval,
Natal e Ano Novo, assumi uma empreitada dessa magnitude (a presidência da Caixa
Beneficente)”, diz. Ele lamenta que o compromisso ocupe o tempo que poderia
dedicar à família. “Eu deveria estar aposentado e curtindo mais a minha
família. Eles têm, infelizmente, ficado em segundo plano”.
A Caixa Beneficente funciona como uma previdência
privada para associados. Na função de presidente, reeleito em 2015, o
coronel representa mais de 30 mil pessoas.
Em outro trecho da entrevista, Duarte faz questão de
enfatizar que é um homem de ambições pessoais simples, como ir à igreja e
aproveitar as folgas.
“No meu tempo livre, eu tenho dedicação à Igreja Católica
Apostólica Romana, onde costumo participar ativamente das atividades
religiosas”, orgulha-se. “Em outras ocasiões, costumo tirar alguns dias para
viajar com a família e recuperar as forças”.
REPRODUÇÃO/ELEICOES2014.COM.BR
Candidato
Nas eleições de 2014, Duarte aproveitou o longo histórico na PM do Rio para se
lançar candidato a deputado federal pelo estado. Ele concorreu ao cargo pelo
Partido Social Liberal (PSL), na coligação Rio Solidário. Obteve 1948 votos.
Trajetória na PM do Rio é alvo de denúncias
Nascido em Olaria, Duarte é descrito como um militar experiente no site da
Caixa Beneficente. Entrou na academia aos 19 anos e, mais tarde, acumulou
passagens por batalhões em São Cristóvão, Campos de Goytacazes, Bangu e Olaria.
É formado em direito.
Ao longo da carreira, enumerou chefias em cargos
administrativos importantes: relações-públicas da PM, integrante da mesa
diretora da irmandade Nossa Senhora das Dores da PM e diretor social na própria
Caixa Beneficente. Foi eleito e reeleito na presidência da Caixa.
REPRODUÇÃO/PMRJ
Segundo o site da instituição, Duarte “revolucionou” o
atendimento, “colocando o associado como prioridade máxima”. Ele também é
elogiado pela reforma de condomínios e “conquista de prestígio junto à
corporação”.
Descrição laudatória à parte, Duarte também já foi alvo de denúncias
à frente da instituição. Uma matéria de 2013 da “Rádio Globo” narra a busca de familiares de policiais
por benefícios.
Segundo a reportagem, a Caixa foi investigada por suspeita
de desvio em 2010. “Policiais associados também afirmam que o atual gestor,
Pedro Chavarry Duarte, fraudou as eleições neste mesmo ano”, termina o texto.
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