Embaixador nos EUA tenta atrair investidores ao Brasil
Amaral se reuniu com 18 empresas que têm investimentos no
Brasil
ECONOMIA CRESCIMENTO 06:43 - 18/09/16 POR ESTADÃO conteúdo
A atração de investimentos americanos para os setores de
infraestrutura e energia será uma das prioridades de Sérgio Amaral à frente da
Embaixada do Brasil em Washington, no momento em que algumas grandes empresas
brasileiras têm sua capacidade de ação reduzida em razão dos impactos da
Operação Lava Jato. Em entrevista ao Estado, ele disse que a interlocução com o
setor privado é fundamental nos EUA.
"Quando você faz uma relação com o governo da China,
ela basta, porque as principais empresas são estatais. Com os EUA, esses
entendimentos, como participação de empresas americanas em infraestrutura,
devem ser garimpados junto às empresas", afirmou. Porta-voz e ministro do
Desenvolvimento do governo Fernando Henrique Cardoso, ele defendeu maior
coordenação entre as entidades empresariais de ambos os países para explorar
essas possibilidades.
Na terça-feira, Amaral se reuniu com 18 empresas que têm
investimentos no Brasil. Segundo ele, as principais preocupações do grupo
estavam relacionadas a marcos regulatórios. Amaral disse que a questão política
não foi levantada por nenhum deles. "A impressão que tenho é que aqueles
que acompanham o Brasil daqui, sobretudo os empresários, já viraram a página do
impeachment."
O embaixador se prepara para acompanhara a partir de domingo
a primeira visita do presidente Michel Temer aos Estados Unidos. Na
quarta-feira, Temer se reunirá com cerca de 20 presidentes de grandes empresas
e bancos de investimentos americanos em Nova York, para apresentar as reformas
econômicas propostas por seu governo e ouvir as impressões do setor privado em
relação ao Brasil. Em seguida, ele terá um almoço do qual também participarão
analistas de mercado e representantes de agências de classificação de risco.
Amaral acredita que uma diplomacia menos ideológica por
parte do Brasil e a mudança de postura dos EUA em relação à América Latina -
simbolizada na reaproximação com Cuba - permitirá que os dois países avancem
mais rapidamente em torno de questões concretas. "Quero aproveitar essa
convergência em torno de alguns princípios e valores que compartilhamos, como
democracia, direitos humanos, meio ambiente e comércio, para gerar estímulo e
avançar em certas políticas e projetos."
O embaixador reconheceu que mudança nesse sentido já estava
em andamento no governo Dilma Rousseff, mas com poucos resultados. "O que
conseguimos foi o entendimento sobre a carne", observou, em relação ao
levantamento das restrições americanas à importação do produto. "Temos que
ter uma relação normal com os EUA e não uma posição que vemos como de adesão ou
de resistência. Devemos ser contra ou a favor de questões, de temas da agenda, não
de uma relação a priori com o país."
Outro objetivo de Amaral é aumentar a visibilidade do Brasil
na capital dos EUA, onde outros países latino-americanos participam de maneira
mais ativa dos centros de pesquisa, os chamados "think tanks", e de
posições médias em agências e organismos financeiros multilaterais. Com
informações do Estadão Conteúdo.
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