segunda-feira, 5 de setembro de 2016

A IMIGRAÇAO DOS CÁRlOS AO BRASIL -1100 A 700 A. C. -

A IMIGRAÇAO DOS CÁRlOS AO BRASIL -1100 A 700 A. C. -
 
Os conquistadores europeus encontraram no Brasil numerosas populações que se chamaram: Cara, Carara, Caru, Cari, Cariri, Cairari, Carahi, Carahiba, Caryo e Cariboca.

Na língua tupi têm os nomes dos povos a mesma forma no singular como no plural. Diz-se: eu sou Cara; nós somos Cara. O mesmo costume encontrá-se no Inglês, onde se diz: they are lrish, Dutch etc. (são Irlandeses, Alemães, Holandeses etc.). A mesma regra, existia nas antigas línguas fenício-pelasgas. A língua grega que é mais recente começou a formar o plural pelo sufixo s, cuja regra transferiu-se às línguas romanas. Por isso aplicames nós como plural as formas: Tupis, Caras, Caris, Cários etc., que não corresponde com a língua tupi.

Aos padres portugueses declararam os pajés: Cara, Cari, Cário significa "homem branco". A cor branca é no tupi: tinga, também uma palavra pelasga, de cuja raiz vem nossa pafavra tingir. A palavra tupi tabatinga significa "preparada de cal e argila branca". Mais tarde transferiu-se o nome tabatinga à argila dessa cor. A. palavra oca significa "casa" qualquer e pertence também às línguas fenício-pelasgas. No grego mudou oka em oeka, oika oikia- "administração da casa" é, no grego, oiko-nomia.

Então a palavra tupi tabatinga significa "casa branca"; mas cari-oca é "casa dos brancos", respectivamente dos Cários. Essa curta explicação linguística contém a prova de que os "Cários brasileiros" são os descendentes dos homens brancos que imigraram para o Brasil, nos navios dos Fenícios, na época de 1100 anos a.C. em diante. A pátria desses imigrantes eram os países reunidos na confederação dos povos cários, a qual abrangia quatro divisões:

1). Caru, que se estendeu desde o promontório Carmel até o monte Tauros; a grande metrópole desse país era a cidade Tur (respectivamente Tiro) o Os Gregos denominaram esse país Fenícia; hoje é chamado Síria. Caindo sob o dom1nio do Império Romano a Fenicia foi incorporada à província romana. da Siria que, curiosamente, recebeu esse nome pela corruptela da pronúncia grega do nome Tiro. Seus habitantes eram tírios, por conseguinte sírios na região, Síria, usado até hoje.

2). Cari, que abrangia a costa meridional da Ásia Menor, à qual chamaram os Gregos Kilikia, respectivamente Cilicia. Uma das maiores cidades dessa província era Taba, que nos lembra o Tabajaras, que pode significar: senhores de tabas ou cidadões de Taba. O último signüicado parece mais razoável. Perto da cidade Taba passa o rio Pinaré, que nos lembra o rio Pinaré (não Pindaré) do Maranhão, onde o lago Maracu mostra ainda hoje as linhas de estejos petrificados, que são os restos dos estaleiros dos Fenícios.

3). Cara ou Caria, com a esplêndida capital Hali-Car-Nassos, cuja situação geográfica rivaliza em beleza com a do Rio de Janeiro, onde os Cários fundaram uma colônia com o nome entusiástico "Dos Cários Casa" (carl-oca) . Na placa colossal da rocha, em cima da qual dorme hoje ainda o gigante brasileiro, cravaram aqueles navegantes de Halicarnassos, com letras lapidares seus nomes e a data da sua chegada.

4). Caramania foi o vasto "hinterland" que se estendia atras de Caru e Cari, até o Eufrates. A capital. dessa provincia era Carmana, e de lá vieram os pequenos comerciantes (Caramanos), que se estabeleceram no mterior do Brasil. Esses viajaram nos navios dos Fenícios; mas esses últimos eram mercadores-capitalistas, que não trataram de comércio retalhista. Eis a origem do nome "Carcamano".

Amigos e aliados dos Cários eram os reinados Ion e Il-Ion. Os Gregos mudaram o nome Ion para Ionia e Iion para Tróia, como Homero intitulou sua grande epopeia Ilíada. lônia abrangia a maior parte da costa ocidental da Ásia Menor e dominava no Mar Egeu,' sua antiga capital era Éfeso, um grande empório comercial e artístico.

Ilion-Tróia era a poderosa fortaleza do Noroeste da Ásia Menor, a cabeça de ponte do estreito, que separava o "país dos Asas" dos povos conquistadores do Norte.

A época de Car' foi a idade áurea" da humanidade, glorificada nas poesias épicas e líricas do Oriente. Na confederação cária não reinavam o militarismo e a opressão dos povos fracos. Justiça e intelectualidade eram os princípios governantes; as ciências e artes floresciam, o trabalho industrial e produtivo criou riquezas, a navegação fomentou o intercâmbio econômico e intelectual entre os povos, emissários das ordens e propagadores do alfabeto, das letras e das idéias humanitárias percorriam os países, como narram largamente Diodoro da Sicília e outros historiadores.

Não menos de 72 cidades e vilas foram fundadas com o nome de Car. Arábia Feliz era uma colônia dos Cários; no Egito nasceu a metrópole Carania, e em Tebas (de 100 bairros!) foi dedicada a Car a "cidade santa" com os suntuosos templos, sob o nome Car-Nak. Na Frígia, Moesia e Lídia no Monte Líbano, na ilha de Creta, nas llhas e costas da Grécia, na Sicília, Itália e Ibéria, foram fundadas, pelos sacerdotes de Car, dúzias de cidades com o nome do grande progenitor. A metrópole do Norte da Africa era Car-thago; os Druídas da Gália denominavam sua universidade e a sede da ordem: Car-mutum, que quer dizer "aqui interpreta Car as leis dívinas", e deram o mesmo nome Car·nak àquele vasto bosque sagrado da Bretânha, onde estão hoje ainda colocados 800 altos dóImens, e onde foram celebrados, na antiguídade, as festas nacionais e religiosas dos Gauleses. No Brasil foram fundados pelos sacerdotes de Car, respectivamente Piagas, diversos lugares sagrados, com o nome Car-mutum, o qual mudou no correr do tempo para Ca-nudo.

A "Idade áurea" da humanidade terminou, como desapareceu o lendário paraíso de Adão. A época da paz foi substituída pela era das invasões e guerras conquistadoras. Saindo da Europa Central, invandiram povos fortes e numerosos, desde 1400 anos a. C., a península balcânica e se apoderaram progressivamente da Trácia, Macedônia, Tessália e Grécia. De lá eles prepararam seu avanço contra as ilhas e costas da Ásia Menor. O primeiro alvo foi a conquista de Tróia, que lhes vedou a entrada à Ásia. Seis vezes foi conquistada assa cidade; mas sempre uniram-se os povos vizinhos, reconquistaram Tróia e expulsaram os invasores.

FinaImente, os povos gregos organizaram uma grande aliança, sob o comando dos Achajos, convidaram todos os guerreiros de grande nome, e caminharam contra Tróia, dispostos a conquistarem e destruírem definitivamente a grande fortaleza. Foi a guerra mundial da antiguidade. Ao lado dos Gregos combateram 54 povos; os Troianos tinham como sócios mais de 40 povos. As valentes Amazonas, sob o comando de sua rainha Pentesiléia, não faltaram . Todas as tribos dos Jônios e Cários, todos os povos do interior da Ásia Menor, mandaram tropas auxiliares, armamentos e víveres, para ajudarem aos Troianos. Dez anos ou mais lutaram os Gregos sem resultado.

Morreram muitos nobres e heróis de ambos os lados. Mesmo o invencível Aquiles recebeu a flecha mortífera, e a epopeia imortal de Homero não nega que os Troianos e seus sócios opuseram uma resistência heróica aos Gregos.

 
Enfim estes venceram, em 1184 a. C. e Tróia ficou em ruínas quase 3000 anos, até que o entusiasta Schliemann escavou, com mil trabalhadores, a afamada cidade, com o palácio do rei Príamo e com as outras localidades indicadas na Ilíada. de Homero . Schliemann provou, pelos documentos indeléveis de pedras lavradas, que a guerra de Tróia não foi uma lenda, mas um acontecimento histórico de alta relevância, e hoje sabemos, pelas inscrições nas pedras lavradas do Brasil, que as conseqüências da guerra troiana deram o impulso para o primeiro descobrimento do Brasil e a primeira emigração de povos brancos a este continente.

Os Gregos, senhores da passagem dos estreitos e da entrada para o interior da Asia Menor, ocuparam todo o litoral da Iônia e Cária e todas as ilhas do Mar Egeu, inclusive a grande ilha de Creta. A ilha Kopros (no grego Kipros, no latim Cyprus, no português Chipre) ficou ainda alguns séculos contestada entre os Fenícios e os Gregos. Assim, o florescente reinado de Ion com Éfeso, Kolofon e muitas outras cidades, e Caria com Halicarnassos, Meandro e Rhodo caíram em poder dos Gregos e foram helenizados. As populações indígenas foram escravizadas ou expulsas. Isso se deu na época. de 1150 a 1000 anos a. C. e assim começou a época das emigrações dos povos do Mediterrâneo. Encontramos nas narrações dos antigos escritores muitas informações de que tribos pelasgas e povos Cários emigraram da Ásia e da Grécia. para a. Itália e Ibéria, e mesmo para as costas do Oceano Atlântico.

Depois, os Gregos iniciaram sua expansão colonial para Oeste e ocuparam Sicília e o Sul da !tália, desalojando passo a passo  os Fenícios de suas colônias. Por todos esses motivos transferiram estes seu grande movimento marítimo às costas e ilhas atlânticas. Informados pelos Tartéssios e Atlantes sobre a existência duma "ilha enorme", no outro lado do mar, experimentaram os Fenícios a travessia oceânica, desde as ilhas de Cabo Verde para o Nordeste do Brasil, sobre que possuímos o documento histórico de Diodoro da Sicília.

Os Fenícios nunca chamaram sua terra de Fenícia; o nome era, como já explicamos, Cara para o país, bem como para o povo. Existiam também os nomes Canaã para o litoral e Araméia para a parte montanhosa. O nome Fenícios deram-lhes os Gregos aos navegadores de Tiro como apelido, significando "mercadores de tintas da ave fabulosa Fênix" .

O mestre Antenor Nascentes explica o nome Fenício vindo do grego Phoinikeioi, do latim Phoenicios. O termo grego vem de Phoinix. que significa cor vermelha. púrpura; É fato que na cidade de Tiro fabricavam a famosa tinta de púrpura, obtida das glândulas de um marisco chamado murex e usada como corante de tecidos.

A cidade de Tiro teve 300 tinturarias e fábricas de tintas finas, cujos segredos químicos os Gregos nunca descobriram. Na nomenclatura tupi acham-se os nomes Canaã e Aramés; mas em gerai encontramos os nomes Cari, Cara e Caru. Caru-tapera, no Maranhão, era um estabelecimento marítimo e comercial dos Caru, entre as fozes dos rios Gurupi e Iriti. Nas margens dêsses rios exploraram os Fenícios as minas auríferas, e a colônia, situada na margem dum canal largo e fundo, que florescia durante muito tempo. Depois, quando os Caru abandoram a colônia, ficou o nome "Taba dos Caru", que era Carutapera. Na chegada dos portugueses estava ainda ali uma aldéia de Tupis, que conheciam bem a existência das minas auríferas.

Os Fenícios tiveram um forte interesse para levarem ao Brasil muitos imigrantes. Já falamos no Segundo Capitulo sobre a expedição dos Tirrênios à ilha de Marajó, sobre a aliança do rei Hirã de Tiro com os reis Davi e Salomão, da Judéia, para colonizar e explorar as terras no Alto Amazonas, e sobre a emigração duma parte da nação das Amazonas com navios dos Fenícios. O grande número de emigrantes, porém, saiu dos países cários, inclusive Iônia.

Os emigrantes denominaram Ion o litoral maranhense, que mostra com suas centenas de ilhas e peninsulas, uma surpreende~te semelhança com o litoral da Iônia asiática: Maran·lon, que quer dizer "a grande Iônia". Os Gurges do Piauí têm irmãos do mesmo nome na Ilíria da Península Balcânica; sobre o nome de Taba-Jaras do Norte do Piauí e da Serra da Ibiapaba já falamos; os Poti-Jaras, que mudou para Poti-Garas e Poti-Guaras, tiraram seu nome de Poti, que significa na lingua pelasga um rio pequeno, respectivamente afluente dum rio grande. Nas regiões dos Cários existem muitos rios de nome Poti. No grego mudou a palavra em Pot-amos. Meso-Potânia é a zona entre os dois Pati: Eufrates e Tigre.

Colônias e vilas dos Cários foram espalhadas sobre todo o território do Brasil; mas a maior parte dos Cários domiciliou-se no interior do Nordeste, entre os rios Tocantins e São Francisco. Nas serras e sertôes do Piauí, Ceará, Paraíba e Pernambuco formaram os Cari e Cariri uma numerosa população branca, cujos descendentes representam hoje ainda a maioria da população. A raça indígena, legítimo-brasileira, os Tapuias de cor parda e cabelos lisos e pretos, vivia nas regiões dos Cários, até a chegada dos Portugueses, em malocas, separadas dos brancos Tupis-Caris.

À pergunta, como se pede efetuar, mil anos antes da era cristã, a navegação transoceânica, com milhares de emigrantes, responderam já os escritores da antiguidade. Heródoto narra que na ilha de Chipre, na cidade de Car-Passo, existiam oficinas e estaleiros, onde se construía grandes cargueiros com quatro e cinco mastros, que cabiam neles até 800 pessoas. Esses navios levaram em suas viagens grandes tanques de madeira com água doce, e na lingua tupi encontramos a palavra cara.mequara que significa "um grande tonel para guardar água", fabricado pelos mestres cários. Plínio conta que no tempo do Imperio Romano os estaleiros de Carapasso ainda tinham o monopólio de construir aqueles enormes veleiros chamados "carapassios".

Car foi um gênio universalista. Ele organizou não somente a vida estadual e religiosa; criou também bases seguras da vida social. Criou castas de operários e artistas e fundou escolas para ensinar as artes. "dar-pina" era a arte de lavrar a madeira de pino (em português, pinho). As palavras carpinteiro, caravela, caravana, cardo, cardear, carro, carrilho etc., indicam a casta e escola de trabalho de madeira. A casta dos Cara·muru abrangia os operários de construção de edifícios e da fabricação de bronze, por meio de fogo.

Os pagés brasileiros explicaram o nome caramuru como "homem de fogo". A casta dos "caristas" era dos artistas, que lavraram pedras e iizeram obras de mármore. A casta dos "car-dapos" era dos farmacêuticos, e a lista dos nomes dos antigos remédios e preparos vegetais e químicas contém centenas de palavras, indicadas pela escola de Car. Na língua tupi apareceram também centenas dessas palavras, até as fibras de "Caro-até" (e não Coroatá) que usaram e cardearam as discípulas da "Caria" para prepararem papel de linho e tecidos finos.

Os mestres cários eram os auxiliares dos navegantes e comerciantes fenícios, e foram eles que organizaram as grandes obras de mineração e da penetração econômica do interior do Brasil, sobre as quais falaremos nos capítulos seguintes.

Texto de Ludwig Schwennhagen no livro "Antiga História do Brasil de 1100 a.C a 1500 d.C", Imprensa Oficial do Piaui, e impresso na Golden Star Publicadora, Rio de Janeiro, 1928, excertos p.77 a 85, republicado em 1986 pela Livraria Editora Cátedra, Rio de Janeiro. Digitado, adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.



Posted 23rd January 2013 by Leopoldo Costa  Atualizado em 04/09/2016

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