Cunha acusa homem forte de Temer de irregularidades
Ex-deputado cassado acusa Moreira Franco de estar por trás
das irregularidades na operação para financiar as obras do Porto Maravilha, no
Rio. Este caso consta de uma das acusações a que o ex-presidente da Câmara
responde no Supremo
POR CONGRESSO EM FOCO | 18/09/2016
14:06
Antonio Cruz/ABr
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Moreira Franco, Temer e Cunha, que virou desafeto do
presidente após ser cassado
Em sua primeira entrevista exclusiva após a perda do
mandato, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disparou contra o secretário do
Programa de Parcerias de Investimentos, Moreira Franco, homem forte do governo
Michel Temer. Cunha acusou Moreira Franco de estar por trás das irregularidades
na operação para financiar as obras do Porto Maravilha, no Rio. Este caso
consta de uma das acusações a que o deputado cassado responde no Supremo
Tribunal Federal (STF).
“Na hora em que as investigações avançarem, vai ficar muito
difícil a permanência do Moreira no governo”, disse Cunha ao jornal O
Estado de S.Paulo. “Quem manda no governo é o Moreira Franco. Ele é muito
mais do que eminência parda. Moreira Franco, que se diz sociólogo, é o cérebro
do governo. Foi ele que articulou a candidatura do genro, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), para ser presidente da Câmara, atropelando a base aliada”, emendou.
O ex-presidente da Câmara é suspeito de ter cobrado da
empreiteira Carioca Engenharia R$ 52 milhões de propina em troca da liberação
de verbas do Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS) para o Porto Maravilha,
projeto de revitalização da região portuária. Uma das acusações foi feita pelo
ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Fábio Cleto, um dos delatores da
Lava Jato.
“O Moreira Franco era vice-presidente (de Fundos e Loterias)
da Caixa, antes do Fábio Cleto, que fez a delação falando de mim. Quem criou o
FI-FGTS na Caixa foi o Moreira Franco. Toda a operação no Porto Maravilha foi
montada por ele”, disse Eduardo Cunha. Segundo ele, o novo programa de
concessões nasce sob “suspeição” por estar sob a alçada do braço direito de
Michel Temer. “No programa de privatização, dos R$ 30 bilhões anunciados, R$ 12
bilhões vêm de onde? Do Fundo de Investimento da Caixa. Ele sabe de onde tirar
dinheiro. Esse programa de privatização começa com risco de escândalo. Nasce
sob suspeição”, declarou. Moreira Franco ainda não se manifestou sobre as
declarações do colega de partido.
O ex-deputado também fez um alerta ao presidente a respeito
da sua falta de popularidade e do apoio dado pelos tucanos. “Uma vez o próprio
Michel disse o seguinte: ‘A presidente não vai conseguir se aguentar com esses
índices de popularidade’. Só que ele está (em situação) semelhante. Dilma
precisava recuperar popularidade. Ele precisa ganhar, porque não tem. O Michel
tem de tomar cuidado porque, no fundo, o PSDB quer jogar a impopularidade no
colo dele para depois nadar de braçada.”
Cunha também criticou Temer por “aderir ao programa de quem
perdeu a eleição”. O peemedebista ainda prometeu revelar bastidores do processo
de impeachment de Dilma Rousseff em livro que lançará no fim do ano. “Vai ser
um presente de Natal.”
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