segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Temer pede 'compreensão' dos partidos da base após crítica de Aécio

04/09/2016 11h47 - Atualizado em 04/09/2016 17h17
Temer pede 'compreensão' dos partidos da base após crítica de Aécio
Presidente comentou declaração de Aécio de que é preciso 'DR' com PMDB.
Peemedebista afirmou que o que mais faz é discutir a relação com a base.
Do G1, em Brasília
 Presidente Michel Temer durante coletiva de imprensa (Foto: Beto Barata/PR)
Temer voltou a falar na China dos atos de vandalismo em protestos.
 (Foto: Beto Barata/PR)

Efetivado no comando do Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer cobrou neste domingo (4), durante entrevista coletiva na China, a "compreensão" dos partidos que integram sua base de apoio no Congresso Nacional e disse que o que mais faz, atualmente, é "discutir a relação com os governistas.
O peemedebista, que está em viagem à Ásia para encontro de cúpula dos países do G20, fez o comentário ao ser questionado por um jornalista sobre declaração do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), de que Temer deve ter uma "DR" com o PMDB por conta do racha no partido na polêmica votação que permitiu que a ex-presidente Dilma Rousseff venha a ocupar cargos públicos.
Na ocasião, 10 senadores peemedebistas deram votos que ajudaram Dilma a manter os direitos políticos, apesar de ter sido condenada no julgamento do processo de impeachment por crimes de responsabilidade. Oito parlamentares do PMDB votaram para manter a elegibilidade da petista e outros dois se abstiveram, o que beneficiou a ex-presidente, na medida em que eram necessários, no mínimo, 54 votos para inabilitá-la para funções públicas.
Em entrevista ao jornal "O Globo" publicada neste domingo, além de criticar a postura de parte dos senadores do PMDB na votação final do julgamento de impeachment, Aécio disse que, sem o apoio do PSDB, não existirá governo Temer até 2018.
"Com essa base sólida é que vamos conseguir aprovar questões aparentemente difíceis, mas que produzirão efeitos muito benéficos no futuro. Mais do que base sólida, [precisamos] da compreensão dos partidos que nos apoiam. Até o presente momento, não tenho dúvida dessa compreensão. Não tenho preocupação. Conversar, haveremos de conversar sempre, não tenham dúvida", ressaltou o novo presidente.
Ao ser indagado sobre as cobranças do presidente do PSDB, Temer afirmou que vai "discutir o tempo todo" as queixas e as divisões na base aliada. Ele ressaltou que faz isso "permanentemente", na medida em que é necessário muito diálogo para manter a coesão de uma base com quase 20 partidos, voltando a fazer uma crítica indireta à proliferação de legendaas no sistema político brasileiro.
"O que eu mais faço é discutir a relação. Eu faço isso permanentemente. Também, com uma base com quase 20 partidos, se não fizer isso permanentemente não consegue fazer a base permanecer unida. Quando tiver dois ou três partidos fica mais fácil", disse Temer, ao responder à reclamação de Aécio.
"Com os amigos do PSDB, eu tenho conversado com muita frequência. Tivemos muitos jantares e encontros. Prezo muito o apoio do PSDB", complementou, tentando fazer um afago na sigla aliada.
Protestos
Temer voltou a falar neste domingo, em sua viagem à China, sobre atos de vandalismo registrados na onda de manifestações que tem se espalhado nos últimos dias por cidades brasileiras para protestar contra o impeachment de Dilma e contra o governo do peemedebista. Na entrevista coletiva, o novo presidente afirmou que, na opinião dele, "depredação é delito, não é manifestação".

Na véspera, em outra entrevista, o peemedebista tentou minimizar as manifestações contra sua gestão, atribuindo os protestos a"grupos pequenos e a depredadores". Na ocasião, ele também disse que os atos dos últimos dias não foram "democráticos".
Neste domingo, o novo chefe do Executivo federal afirmou que, para ele, o movimento de junho de 2013, no qual milhões de brasileiros saíram às ruas do país para reinvindicar, entre outros pontos, a melhoria dos serviços públicos, "naufragou" em razão dos "depredadores".
"Ontem [sábado], eu disse que uma coisa é a manifestação democrática, que é importantíssima. [...] O movimento de junho de 2013 naufragou por causa dos depredadores. Quando começaram a depredar, o movimento ficou paralisado", destacou Temer aos jornalistas na China, onde está nos últimos três dias para participar de encontro de cúpula dos países do G20.
"O povo brasileiro não é afeito à depredação, e nem a ordem jurídica permite a depredação. A depredação é delito, não é manifestação", complementou.

Papa Francisco
Em meio à entrevista, Michel Temer foi indagado sobre a declaração do papa Francisco, neste sábado, no qual o pontífice ressaltou sua preocupação com o atual momento vivido pelo Brasil e pediu proteção ao país e ao povo brasileiro em um momento que definiu como "triste". O papa fez o comentário ao inaugurar um monumento dedicado à Nossa Senhora Aparecida no Jardim do Vaticano – sede da Igreja Católica.

Temer disse que, na opinião dele, o pontífice demonstrou uma "preocupação" com o Brasilque todos têm no país. "Acho que a alegria se formará pouco a pouco", enfatizou.
O peemedebista também foi questionado sobre o fato de o papa ter dito, em meio ao evento de lançamento do monumento no Vaticano, que é incerta sua visita ao Brasil em 2017.
Ao discursar na inauguração, Francisco disse que estava contente de ter a imagem de Nossa Senhora Aparecida no Vaticano porque, em 2013, em sua visita ao Brasil, havia prometido que retornaria ao país durante a Jornada Mundial da Juventude, mas, agora, não sabe se será possível.
"Ele [papa Francisco] não tinha plano. Ele disse: 'eu tenho tanto desejo de voltar ao Brasil que, de repente, eu volte ao Brasil', minimizou o presidente.
Diante da insistência dos repórteres em relação a uma eventual ligação da desistência de o papa vir ao Brasil à troca de governo no país, Temer ironizou. "Acho que é melhor perguntar ao papa. Se eu for a Roma, eu o procuro."
Se depender de convite, eu faço o convite", ressaltou.
Veja a íntegra da entrevista coletiva de Michel Temer na China:
Temer compra sapato durante viagem à China (Foto: Reprodução/China Radio International)
Sapatos novos
O presidente da República aproveitou uma folga na agenda neste sábado e foi a um shopping na China para comprar sapatos novos. Na ocasião, segundo sites de notícias chineses, ele aproveitou para comprar um cachorro robô de brinquedo.

Na entrevista coletiva que deu na noite de domingo (horário da China), Temer explicou que teve de sair para comprar um par de sapato porque o calçado de "quebrou".

"O meu sapato quebrou. Cheguei aqui e tive que sair para comprar um sapato", contou.

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