TEMER IGNORA MEGAPROTESTO E PROMETE ENDURECER NA PREVIDÊNCIA
No dia em que mais de 1 milhão de brasileiros protestaram
contra o fim das aposentadorias, numa reforma conduzida por um governo ilegítimo e com seis ministros na "lista de Janot", Michel Temer
falou em endurecer o discurso; "O governo não abriu negociação.
A
orientação é para afinar o discurso e o discurso é o do governo, de manter a proposta como está", disse uma fonte palaciana à Agência Reuters; Temer também decidiu mudar sua campanha publicitária, depois que uma decisão judicial
o obrigou a retirar do ar propagandas enganosas sobre o tema
15 DE MARÇO DE 2017 ÀS 21:29
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O governo do presidente Michel
Temer decidiu endurecer o discurso contra mudanças na proposta de reforma da
Previdência e fechar os espaços para negociar alterações que, em sua avaliação,
desvirtuem o texto, apesar dos expressivos protestos desta quarta-feira contra
as mudanças, disseram à Reuters fontes palacianas.
"O governo não abriu negociação. A orientação é para
afinar o discurso e o discurso é o do governo, de manter a proposta como
está", disse uma das fontes.
Nos últimos encontros, já novamente sob a coordenação do
ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha --que ficou afastado três semanas por
problemas médicos-- o tom dos líderes mudou e as declarações de que a reforma
não passaria da forma como está foram substituídas por demonstrações de
unidade.
Essa foi uma das cobranças que o ministro fez à base, de que
era preciso afinar o discurso. "Não dá para cada um sair dizendo uma
coisa, um reclamando de A, outro reclamando de B", disse a fonte.
Presidente da comissão especial que analisa a reforma na
Câmara, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) admitiu na terça-feira que não havia
nenhuma orientação para negociar e que nenhuma das propostas recebidas até
agora era factível.
A ordem no Planalto é para dar "força total" à
reforma, como prioridade absoluta. Apesar de tocar outros fronts --nesta quarta
Temer chamou para o palácio uma reunião sobre reforma política com os
presidentes da Câmara, do Senado e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)-- todas
as outras ficam em segundo plano, disse uma outra fonte.
Procurar mostrar que está trabalhando é a maneira do
Planalto reagir aos vazamentos dos pedidos de inquérito apresentados pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que incluem ao menos cinco
ministros do governo.
Segundo fontes palacianas, não houve surpresas nos nomes,
especialmente nos pedidos de inquérito contra Padilha e contra o ministro da
Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, e a ordem de Temer é de evitar
comentários sobre o tema.
"Vai falar o quê agora? Tem que esperar para ver o
conteúdo, a gravidade, e o que o Supremo Tribunal vai fazer", disse uma
fonte. A ordem é tocar a agenda e a reforma da Previdência, principal bandeira
do governo, para mostrar que tudo continua normal.
CAMPANHA
O governo também admitiu que será preciso mudar a
comunicação sobre a reforma e vai investir em um tom mais incisivo na defesa
das mudanças, respondendo a uma cobrança da base aliada, disseram à Reuters
fontes palacianas.
"O tom da campanha vai mudar um pouco. A prioridade vai
ser esclarecer que a reforma preserva direitos e não atinge os mais
pobres", disse uma das fontes.
Nos próximos dias devem circular peças de televisão e nas
redes sociais para tentar combater o discurso da oposição
e de movimentos
sociais de que a reforma retira direitos dos trabalhadores.
Antes, no entanto, o governo terá de derrubar uma decisão
proferida nesta quarta pela Justiça Federal do Rio Grande do Sul que determinou
a suspensão imediata das propagandas sobre a reforma, por entender que houve
mau uso de recursos públicos e desvio de finalidade.
Incomodados em ter que defender um texto que é claramente
impopular, parlamentares vêm cobrando do governo uma postura mais firme e uma
melhora na comunicação. A avaliação é que o governo estaria perdendo a guerra
para a "esquerda" e os parlamentares precisam de apoio para conseguir
defender a reforma para suas bases.
Um primeiro exemplo da reação do governo foi a resposta dada
ao vídeo divulgado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) em que o
ator Wagner Moura critica a reforma. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o
Palácio do Planalto acusou o movimento de ter "contratado um ator para
inventar uma ficção" sobre a reforma.
O governo também quer convencer a população de que o déficit
da Previdência é real, ao contrário do discurso da oposição e de algumas
associações de servidores.
"Sempre vai ter a acusação de que o governo está
tirando direitos, não é um processo racional e lógico. Mas precisamos mostrar a
realidade", disse a fonte.
Fonte: https://www.brasil247.com/
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