15/03/2017 15h07 - Atualizado em 15/03/2017 15h20
Moro ouve últimas testemunhas de defesa de Lula em ação da
Lava Jato
Processo envolve o caso do triplex em Guarujá, no litoral de
São Paulo. Ministro do TCU e outras quatro pessoas prestaram depoimento.
Do G1 PR
Audiência de ação penal que envolve o triplex em Guarujpa,
no
litoral de São Paulo, ouviu as últimas testemunhas de defesa,
nesta
quarta-feira (15) (Foto: reprodução/TV Globo)
O juiz federal Sérgio Moro, responsável
pelas ações da Lava Jato na primeira instância, ouviu as últimas testemunhas de
defesa na ação que envolve o caso do triplex em Guarujá, no litoral de São
Paulo. As cinco testemunhas ouvidas nesta quarta-feira (15) foram arroladas
pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, que é um dos réus nesse proceso.
A primeira audiência, com quatro testemunhas, foi realizada
por videoconferência de Brasília (DF)
com a Justiça Federal do Paraná, em Curitiba, com início às 9h30. Apenas o
ex-ministro de Turismo do Governo Lula, Walfrido Silvino dos Mares Guia Neto,
foi ouvido por videoconferência de Belo Horizonte (MG), a partir das 11h desta
quarta.
Ministro do TCU
O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio Monteiro Filho, foi
o primeiro a falar e detalhou sua atuação como líder do Governo na Câmara
dos Deputados e como ministro de Relações Institucionais no Governo Lula.
Sobre a ampliação da base parlamentar de Lula, após a eleição, José Múcio disse
que o ex-presidente tinha uma grande aprovação popular.
"Isso chama a base, porque o deputado está sempre vinculado, ou linkado,
com a sua base política. O fato de o presidente Lula ter uma aprovação muito
grande na base fazia com que, gradativamente, sua base [parlamentar] aumentasse
também", disse.
José Múcio afirmou que nunca houve orientação para utilização de recursos
ilícitos para aprovação projetos de interesse do Governo, ou para ampliação da
base parlamentar.
Ex-diretor da PF
O ex-diretor da Polícia Federal (PF) Paulo Fernando Costa Lacerda também foi
ouvido nesta manhã por videoconferência com Brasília.
Ao advogado do ex-presidente da República, Lacerda disse
que, no período em que ficou na direção da polícia, não ficou sabendo de
cartel, com prática de corrupção, na Petrobras. Lacerda foi
diretor entre 2003 e 2007.
Ela também afirmou que, enquanto diretor da PF, não tomou
conhecimento de que Lula tenha solicitado ou recebido vantagens indevidas
provenientes de três contratos da Petrobras referentes às refinarias Abreu e
Lima e Getúlio Vargas. "Eu não tomei conhecimento e, certamente, se
tomasse conhecimento alguma providência haveria de ser adotada", pontuou.
Ex-secretário de Segurança Pública
A terceira testemunha, Luiz Fernando Correa, foi Secretário Nacional de
Segurança Pública, de 2003 a 2007, e diretor-chefe da Polícia Federal no
Governo Lula. No depoimento, ele explicou sua atuação nas funções e afirmou
que, em nenhum momento, momento recebeu notícia de que haveria um cenário de
corrupção na Petrobras.
De acordo com Correa, não houve interferência do governo
durante o desempenho das duas funções.
Ex-diretor de Documentação Histórica
O servidor do arquivo nacional Claudio Soares Rocha, que foi diretor de
Documentação Histórica nos governos Lula e Dilma, foi arrolado como testemunha
de defesa do ex-presidente Lula e do presidente do Instituto Lula Paulo
Okamoto.
Rocha explicou que todo documento ou objeto recebido pela Presidência da
República é registrado em um sistema, com informações da origem, detalhamento e
destinação.
De acordo com a testemunha, ao fim do mandato, o acervo é entregue ao
presidente, devidamente catalogado, com uma base de dados e com o sistema para
permitir a continuidade do controlando dos itens.
No entanto, conforme Rocha, o presidente pode optar por não levar o acervo
histórico. Nesse caso, uma comissão define a destinação dos itens.
Ex-ministro do Turismo e da Articulação Política
O ex-ministro Walfrido Silvino dos Mares Guia Neto também prestou depoimento a
Moro nesta quarta-feira or videoconferência de Belo Horizonte (MG). Ele foi
ministro do Turismo e da Articulação Política durante o governo de Lula. A
testemunha falou sobre a importância do Conselho Político para manter uma base
parlamentar expressiva.
“Um conselho desse é imprescindível. É como uma família
querer conviver sem conversar, sem se encontrar”, comparou.
Ele ainda negou ter recebido orientações de Lula para usar dinheiro desviado da
Petrobras como atrativo à base aliada e outras irregularidades. “Jamais isso
aconteceu”, garantiu.
Desistência
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) também deveria prestar depoimento nesta
quarta-feira, como testemunha de defesa de Lula. No entanto, os
advogados do ex-presidente preferiram pedir a Moro que dispensasse o senador, o
que foi aceito pelo juiz.
Última audiência de testemunhas
Esta quarta-feira marca o fim dos depoimentos de testemunhas neste processo.
Na ação penal movida pelo Ministério Público Federal (MPF),
os procuradores acusam Lula de ter recebido vantagens indevidas da construtora OAS, por meio de um apartamento
tríplex, no Guarujá, litoral paulista, e também pelo pagamento que a empresa
fez à transportadora Granero, para que ela cuidasse do acervo do ex-presidente.
Todos os envolvidos negam as acusações.
No dia 20 de abril, Sérgio Moro começará a interrogar os
réus.
Os primeiros a depor serão o dono da OAS José Aldemário Pinheiro Filho,
conhecido como Léo Pinheiro, e Agenor Franklin Magalhãoes Medeiros,
ex-executivo da empreiteira.
Lula será o último réu a falar, no dia 3 de maio.
O
depoimento dele, assim como dos demais réus, vai ocorrer em Curitiba, diante do
juiz Sérgio Moro. Será a primeira vez que os dois ficam frente a frente. Além
desta ação penal, Lula é réu em outro processo da Lava Jato, em Curitiba.
Fonte: http://g1.globo.com/
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