Autor de ataque em casa noturna de Istambul continua
foragido
Atirador invadiu clube Reina durante comemorações de Ano
Novo, deixando 39 mortos. Governador classificou ato como um ataque terrorista.
Por G1 01/01/2017 10h31 Atualizado há 9 horas
Autoridades procuram homem que invadiu boate na Turquia e
matou 39 pessoas
O atirador que matou pelo menos 39 pessoas e deixou 69 feridos
em um atentado terrorista contra uma boate em Istambul, na Turquia, segue
foragido e está sendo procurado em uma operação policial, segundo informações
divulgadas pelo ministro do Interior turco, Suleyman Soylu.
As autoridades estão coletando evidências que possam levar à
sua identidade. Segundo o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, o atirador
deixou sua arma no local do crime. "Alguns detalhes começaram a emergir,
mas as autoridades estão trabalhando para atingir um resultado concreto."
Ainda não há clareza sobre quem tenha cometido o atentado, segundo Yildirim.
Policiais se posicionam em frente a casa noturna Reina, onde
um
ataque deixou mortos e feridos na noite de Ano Novo
(Foto: Reuters/Umit
Bektas)
Segundo a agência EFE, o primeiro-ministro desmentiu que o
atirador estivesse vestido de Papai Noel no momento do ataque, conforme algumas
testemunhas relataram anteriormente. "A polícia e as autoridades de
segurança vão divulgar informações quando elas estiverem disponíveis durante a
investigação", acrescentou Yildirim.
De acordo com as agências EFE e France Press, 11 vítimas são
turcas, 24 de outros países e 4 corpos ainda não foram identificados. O ataque
aconteceu no Reina, um dos clubes mais populares de Istambul, que também tem
uma área de bar e restaurante.
Os tiros começaram por volta da 1h30 da madrugada de domingo
na Turquia (20h30 de sábado em Brasília), quando havia cerca de 700 de pessoas
no estabelecimento.
Médicos e oficiais de segurança são vistos do lado de fora
do
Reina, após ataque na madrugada de ano novo, em Istambul
(Foto: IHA via AP)
O presidente
turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou neste domingo (1º) que o atentado teve por
objetivo "semear o caos no país". "Agem para destruir a
moral do país e semear o caos com esses ataques de ódio contra civis",
declarou Erdogan em sua primeira reação ao massacre, segundo um comunicado
publicado pela presidência.
Mais cedo gabinete do primeiro-ministro turco, Binali
Yildirim, tinha imposto uma proibição temporária à cobertura da imprensa sobre
o caso "por razões de segurança nacional e manutenção da ordem
pública". Por isso as autoridades não estão divulgando informações além
dos comunicados oficiais.
Familiares acompanham funeral de Ayhan Arik, uma das vítimas
de ataque na boate Reina (Foto: Reuters/Osman Orsal)
Testemunhas
Testemunhas chegaram a dizer que dois homens fantasiados de
Papai Noel entraram no local e atiraram aleatoriamente, sem escolher vítimas
específicas, segundo a CNN turca. Porém imagens de câmeras de segurança mostram
apenas um suspeito do lado de fora da boate e ele vestia um casaco preto. Um
policial que estava na porta foi o primeiro a ser baleado e morrer.
Sinem Uyanik, que
estava no local e cujo marido foi ferido, disse à agência de notícias
Associated Press (AP) que teve a impressão de ter visto mais de um atirador.
"Meu marido me disse para deitar no chão, e então um homem veio. Estávamos
perto das janelas. Deitamos no chão e meu marido ficou por cima de mim.
Eles
atiraram. Duas ou três pessoas atiraram. Então tinha uma espécie de névoa e eu
desmaiei. Eles atiraram até nós sairmos de lá.
Pessoas estavam no chão. Forças
Especiais chegaram e nos tiraram dali. Meu marido foi baleado em três
lugares", afirmou Uyanik.
Horas depois dos tiros, testemunhas diziam que o atirador
ainda estaria escondido dentro do clube, enquanto outros acreditavam que ele
tenha fugido sem ser identificado. Dezenas de ambulâncias e viaturas policiais
foram ao local, que fica no bairro de Ortakoy.
Policial em frente à boate Reina, em Istambul, alvo de
ataque na
virada de ano (Foto: Huseyin Aldemir/Reuters)
Quem são as vítimas?
Três jordanianos foram mortos e quatro ficaram feridos, segundo o ministério
jordaniano das Relações Exteriores, citado pela agência oficial Petra.
Um tunisiano e uma franco-tunisiana morreram: trata-se de um
empresário e da esposa dele, segundo meios de comunicação da Tunísia. Eles se
chamavam Mohamed Azzabi e Senda Nakaam, segundo o embaixador tunisiano na
França, e deixam órfã uma bebê de 5 meses.
Três libaneses foram mortos e 4 ficaram feridos, informou o
ministério libanês de Assuntos Estrangeiros. Um kuwaitiano morreu e outros 5
ficaram feridos, segundo o vice-ministro kuwaitiano de Assuntos Estrangeiros,
Khaled al-Jarallah, citado pela agência oficial Kuna.
Três iraquianos morreram, segundo o ministério iraquiano das
Relações Exteriores. Vários sauditas ficaram feridos no ataque, segundo o
consulado saudita em Istambul, embora o jornal saudita Asharq Al-Awsat tenha
mencionado 5 mortos e 11 feridos desta nacionalidade e a emissora Al Arabiya
tenha mencionado 5 mortos e 9 feridos.
Um líbio morreu e outros 3 ficaram feridos, segundo a
chancelaria líbia. Uma israelense de 18 anos, chamda Lian Nasser, morreu, e uma
amiga dela ficou ferida, segundo a chancelaria israelense.
Dois indianos - um homem e uma mulher - também perderam a
vida, informou pelo Twitter a ministra das Relações Exteriores indiana, Sushma
Swaraj. Eram eles Abis Rizvi, filho de um ex-deputado indiano, e uma mulher,
chamada Khushi Shah.
Um jovem de 20 anos com dupla nacionalidade turca e belga
morreu, de acordo com o ministro belga de Relações Exteriores, Didier Reynders.
Quatro franceses ficaram feridos, segundo a secretária de Estado encarregada de
Ajuda às vítimas, Juliette Méadel. Três marroquinos ficaram feridos, segundo a
embaixada do Marrocos em Ancara, citada pela agência MAP.
Hipóteses de motivação
O ataque ainda não foi reivindicado, mas a Turquia foi alvo
de muitos atentados atribuídos ao grupo extremista Estado Islâmico ou
vinculados à rebelião separatista do Partido dos Trabalhadores do Curdistão
(PKK), que atingiram principalmente Istambul e Ancara.
Depois de um ano de 2016 sangrento, as autoridades turcas
haviam anunciado a mobilização de 17 mil policiais na metrópole por ocasião das
celebrações do Ano Novo.
Integrante da coalizão internacional que combate o grupo
Estado Islâmico na Síria e no Iraque, a Turquia iniciou em agosto uma ofensiva
no norte da Síria para repelir os extremistas e empurrá-los ao sul, mas também
contra as milícias curdas sírias.
Rebeldes sírios apoiados pelo exército turco cercam há
várias semanas a cidade de Al Bab, um reduto da Estado Islâmico no norte da
Síria. Em resposta a estas operações militares, o grupo Estado Islâmico ameaçou
em várias ocasiões fazer atentados contra a Turquia, que se tornou um dos
principais alvos dos extremistas.
Mulher ferida é retirada por paramédicos do clube Reina, em
Istambul, após ataque durante comemoração do Ano Novo
(Foto: Murat Ergin/Ihlas
News Agency via Reuters)
O local
A boate Reina é uma famosa casa noturna de Istambul,
localizada em Ortaköy, um bairro do distrito de Besiktas, no lado europeu da
cidade, frequentada por jovens ricos, famosos e turistas estrangeiros.
Além de pagar preços elevados, os clientes ainda devem
superar um duro filtro na entrada do local. As noites começam geralmente após a
meia-noite nesta casa noturna, que possui vários restaurantes e pistas de
dança, além de um bar central.
Trata-se de um lugar seleto, situado a poucas centenas de
metros do espaço onde ocorriam as principais celebrações do Ano Novo, às
margens do Bósforo. A casa noturna inaugurada em 2002 também é acessível por
barco diretamente a partir do estreito.
Atirador atacou frequentadores de casa noturna em Istambul,
na Turquia (Foto:
Infográfico G1)
Outros ataques em 2016
A Turquia foi alvo
de uma série de atentados violentos ao longo de 2016. Os principais
responsáveis foram membros de grupos radicais curdos e militantes do grupo
terrorista Estado Islâmico.
10 de dezembro: Quarenta pessoas morreram, 36 delas
policiais, e outras 150 ficaram feridas em um duplo
atentado em Istambul, ao lado do estádio de futebol do clube Besikta, um
dos mais populares da Turquia. O grupo radical curdo Falcões da Liberdade do
Curdistão (TAK) reivindicou a autoria do ataque.
24 de novembro: Pelo menos duas pessoas foram mortas e
33 ficaram feridas na explosão de um carro bomba perto da sede do governo
regional de Adana, no sul da Turquia.
4 de novembro: Uma explosão matou ao menos oito pessoas
e feriu outras 30 em Diyarbakir, a maior cidade da região de maioria curda na
Turquia. O incidente ocorreu horas após a prisão de membros da agremiação
política pró-curda Partido Democrático dos Povos (HDP).
16 de outubro: Um homem-bomba supostamente vinculado ao
Estado Islâmico se suicidou e matou outros três policiais em uma explosão
durante uma batida da polícia na cidade de Gaziantep, no sul do país. Um
segundo homem-bomba explodiu-se mais tarde durante buscas em uma residência no
distrito de Burak.
21 de agosto: A Turquia foi alvo do mais mortal atentado
do ano em seu território, quando um adolescente – de entre 12 e 14 anos,
segundo o presidente Recep Tayyip Erdogan – se explodiu na saída de um
casamento curdo, deixando ao menos 54 mortos, dos quais 29 crianças, e dezenas
de feridos.
17 e 18 de agosto: Três bombas foram detonadas em
cidades no leste da Turquia, nas províncias de Elazig, Van e Bitlis, deixando
ao menos 12 mortos e mais de 200 feridos. O primeiro-ministro turco, Binali
Yildirim, atribuiu os ataques ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
28 de junho: Três explosões atingiram o aeroporto
Atatürk, o principal de Istambul. Segundo autoridades da Turquia, o ataque foi
executado por três homens-bomba, deixando ao menos 45 mortos e quase 250
feridos. Horas após o atentado, o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim,
disse que evidências apontam para a participação do grupo extremista
"Estado Islâmico" (EI) no ataque. Dezenas de pessoas foram presas.
7 de junho: Um carro estacionado no centro de Istambul
foi detonado por controle remoto durante a passagem de um ônibus que
transportava policiais. A explosão ocorreu durante a hora do rush no distrito
de Beyazit, o principal bairro turístico da metrópole turca. O governador de
Istambul, Vasip Sahin, afirmou que a explosão deixou pelo menos 11 mortos e 36
feridos. Um grupo ligado ao banido Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK)
assumiu autoria do ataque.
19 de março: Pelo menos cinco pessoas morreram e 36
ficaram feridas num atentado a bomba em Istambul, em uma movimentada zona de
pedestres no centro da metrópole turca, próximo à praça Taksim. Entre os mortos
encontra-se o autor da detonação. De acordo com o governo turco, o autor do
ataque era ligado ao "Estado Islâmico". O grupo, porém, não assumiu
autoria pelo ataque.
13 de março: Uma forte explosão abalou o centro da
capital turca, Ancara, deixando ao menos 37 mortos e mais de 120 feridos.
Fontes oficiais afirmam que a detonação partiu de um automóvel carregado de
explosivos. Um dia depois do ataque, o governo turco respondeu com ataques
aéreos a bases do banido Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) no norte
do Iraque. A autoria desse atentado foi reivindicada pelo grupo guerrilheiro
Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK), uma dissidência mais radical do PKK.
17 de fevereiro: Ao menos 28 pessoas morreram e 61
ficaram feridas quando um carro-bomba foi jogado contra um comboio militar em
Ancara. O ataque, tratado pelo governo turco como um ato de terrorismo,
aconteceu na região central da capital, onde estão localizados o Parlamento e
diversos prédios oficiais. O grupo TAK assumiu responsabilidade pelo atentado.
O governo culpou o PKK.
12 de janeiro: Uma explosão causada por um homem-bomba
no centro histórico de Istambul, matou 12 turistas alemães próximo à famosa
Hagia Sophia. Na sequência do ataque, a polícia turca prendeu três cidadãos
russos na cidade de Antália. Eles teriam ligações com o "Estado
Islâmico".
Fonte: http://g1.globo.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário