Postado em 17 Jun 2016 por : Paulo Nogueira
Na realidade paralela de Temer, ele é amado
Temer virou piada hoje na internet ao dizer que é aplaudido
onde quer que vá.
Isso me lembrou Machado. O real Machado. O de Assis. Não o
delator Sérgio.
Temer, pelo visto, está vivendo uma realidade paralela. É
uma situação parecida com a que viveu Rubião, o personagem principal de Quincas
Borba, de Machado.
Rubião é um mineiro ingênuo que herda uma fortuna e vai para
o Rio de Janeiro. Conhece um casal de espertalhões que acabam tirando quase
todo o seu dinheiro.
Nos seus últimos tempos, Rubião perde a razão. Enlouquece.
Tem sonhos de grandeza. Imagina-se Napoleão III. Olha para as pessoas na rua e
pensa que elas o estão louvando.
É aí que vejo a conexão Temer/Rubião/Machado de Assis.
Ou Temer é cínico, ou ele está vendo um mundo que não
existe. É rejeitado, reprovado, detestado, desprezado, denunciado como
corrupto, mas vê a si mesmo como um princípe. Como um Napoleão III, ao
modo de Rubião. As pessoas que acamparam em frente de sua casa estavam ali para
prestar-lhe uma homenagem.
Ele dizia que faria um governo de salvação nacional. Está
claro agora que ele tem que salvar a própria sanidade mental — porque seu
governo já está irremediavelmente perdido.
É mais fácil Eduardo Cunha convencer os brasileiros de que
os suíços é que mentiram em relação a sua conta secreta do que Temer chegar a
2018 no Planalto.
Posso ouvi-lo, daqui de meu canto, gritar como Rubião: “Ao
vencedor as batatas.”
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