24 de Junho de 2016
Alex Solnik
Sempre que num caso policial havia dúvida a respeito do
autor, Mino Carta costumava perguntar à redação: Qui prodest? (A quem
interessa?)
A resposta, no caso dessa prisão de Paulo Bernardo e busca e apreensão em seu
apartamento, que é uma residência oficial, pois sua mulher é a senadora Gleisi Hoffmann
é uma só: interessa a Temer.
A visita do ministro da Justiça à sede da Lava Jato, em
Curitiba, na terça-feira, é muito suspeita. E misteriosa, porque não havia
motivo, a não ser passar ou receber informações sigilosas.
A desculpa de Alexandre de Moraes - de que foi até lá
oferecer apoio - é uma história da carochinha. Para fazer isso ele não
precisaria ir até lá. Poderia enviar um ofício, diretamente de seu gabinete.
Encontro pessoal dá ensejo a especulações de que o assunto
era sigiloso. O ministro da Dilma jamais fez esse tipo de visita.
O fato de a iniciativa partir de São Paulo é outro indício
de que a operação tem as digitais de Moraes, que foi secretário da Segurança
Pública de São Paulo e tem fortes ligações com agentes da repressão do estado.
A intenção evidente foi atingir Gleisi, talvez a mais
combativa militante pro-Dilma na comissão do impeachment. Não foi uma operação
simplesmente policial, mas política. A primeira missão de Moraes em prol à
permanência de Temer. Missão cumprida.
Não por acaso, na entrevista a Roberto D'Ávila, Temer
afirmou que a onda de acusações a seus ministros iria parar.
É o caso de fazer uma investigação a respeito dessa
investigação.
Temer não pode usar a polícia para influenciar a votação do
impeachment, que foi a consequência evidente do que aconteceu hoje.
Além de cabalar votos, o governo está jogando pesado contra
os senadores da comissão. Gleisi foi a primeira vítima.
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