Edição do
dia 24/06/2016
25/06/2016
00h38 - Atualizado em 25/06/2016 01h37
Mercados no
mundo entram em choque com resultado de referendo
O resultado
do plebiscito terminou pela saída do Reino Unido.
A decisão dos britânicos mexeu com outros países.
Fabio Turci,
Marcos Uchôa, Pedro Vedova e Phelipe SianiLondres
Iludidos
pela expectativa de que os eleitores britânicos não votariam contra os próprios
interesses, os mercados no mundo inteiro entraram em estado de choque com o
resultado do referendo que terminou pela saída do país, um dos mais importantes
da Europa, da União Europeia.
O dia foi
outro - a terça-feira negra de 1929, quando houve a quebra da bolsa de Nova
York, mas a comparação com o que aconteceu nesta sexta (24) foi inevitável por
causa do tamanho do tombo nas bolsas mundo afora.
Em Paris,
o principal índice caiu 8%. Em Tóquio chegou perto disso e há várias
razões para esse pânico todo: nunca um país deixou a União Europeia, esse não é
um processo conhecido. O Reino Unido é a
quinta maior economia do planeta. O resultado do plebiscito fez a agência de
classificação de risco Moody's colocar a nota de bom pagador do Reino Unido em
perspectiva negativa. É um aviso de que pode rebaixar essa nota. Foi um dia em
que investidores no mundo inteiro, sem ter certeza do que vem pela frente,
quiseram se livrar de ativos que representassem o mínimo risco.
Não dá para
prever com segurança o que vai ser o bloco europeu. A decisão dos britânicos
mexeu com outros países. Líderes da extrema direita na França, na Itália e na
Holanda já defenderam a realização de plebiscitos lá também sobre romper com a
União Europeia.
Os ministros
de Relações Exteriores dos seis países fundadores da União Europeia, França,
Alemanha, Holanda, Bélgica, Itália e Luxemburgo, vão se reunir neste sábado
(25) em Berlimpara analisar as consequências políticas da saída britânica.
O que está
claro é que os Estados Unidos perdem um grande aliado dentro do bloco, capaz de
influenciar as decisões da União Europeia. Fica mais difícil costurar um acordo
de livre comércio entre americanos e europeus, o chamado "pacto
transatlântico". Também fica mais difícil conseguir apoio para outras
políticas de interesse americano. A saída do Reino Unido pode enfraquecer, por
exemplo, a coalizão que luta contra o estado islâmico e a pressão sobre a
Rússia pelo apoio ao movimento separatista na Ucrânia.
O divórcio
com a União Europeia, seguindo a vontade de mais da metade dos britânicos, é só
o começo. O preço a pagar vai ser alto: especialistas apostam numa
desvalorização de 15 a 20% da libra esterlina, inflação de 5% ao ano, aumento
das taxas de juros e do custo da mão-de-obra e queda no PIB entre 1 e 1,5%.
Politicamente,
o Reino Unido caminha para a fragmentação. Entre as quatro nações que formam
essa união, Inglaterra, País de Gales, Escócia
e Irlanda do
Norte - as duas últimas votaram em peso para manter o casamento com os
europeus. Mas a maioria do Reino Unido votou na direção oposta, para romper a
relação.
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