Publicado Terça-Feira, 14/06/2016 11:13 | Atualizado
Terça-Feira, 14/06/2016 11:20
Por: via Gazeta do Povo
Idosa de 120 anos tem aposentadoria cortada por 'ser velha
demais'
Foto por: Antoniele Luciano/Gazeta do Povo
Ela precisou viajar centenas de quilômetros para provar que
estava viva.
A neta Dalíria Amaral de Siqueira Franco, 53, relata que a família desconfiava,
mas imaginava ser difícil comprovar que dona Jesuína é a mais idosa do mundo.
Isso só foi mudar por causa da aposentadoria cancelada. “Pediram para comprovar
que ela estava viva, que não era fraude. O posto do INSS mais próximo é em
Apucarana, a quase 200 quilômetros daqui. Tivemos que viajar com ela até lá”,
diz.
Depois que os funcionários do INSS viram dona Jesuína no carro, não só
reativaram seu benefício, como incentivaram Dalíria a ir em busca do título
para a idosa. Um vereador, amigo da família, é quem está lidando com a
documentação da moradora junto ao Guinness Book, o livro dos recordes. A data
de nascimento trazida no registro da idosa é 30 de janeiro de 1896.
“É um orgulho para nós termos ela viva. É nosso exemplo de vida, uma guerreira.
Viu os filhos morrerem e está sempre firme”, comenta a bisneta Elizabete Franco
Viana Dias, 19, que acredita que a bisavó, na verdade, pode ter mais de 120
anos.
Estrela na cidade
No povoado de pouco mais de 200 habitantes onde vive, pelo menos 50 são
familiares de dona Jesuína. Natural de Reserva, no , Jesuína tem hoje 36 netos,
63 bisnetos e 44 tataranetos. Dos 15 filhos que deu à luz, todos em casa, três
ainda são vivos.
Mesmo quem não é da família diz que se sente um pouco filho da centenária.
“Quando eu era criança, ela posava na nossa casa quando minha mãe precisava
sair. Me criei com ela por perto”, conta a vizinha Ilza Aparecida do Amaral, de
33 anos. Hoje, ela é uma das moradoras que assistem a uma série de carros de
reportagem levantando poeira na estrada à procura da pensionista. “Sempre que
eu via na televisão falando de pessoas que poderiam ser as mais velhas do
mundo, eu pensava que a idade falada era pouco. Já sabíamos que ela [Jesuína] é
a mais velha”, emenda outra vizinha, Maria Martins Pereira, 42 anos.
Vida saudável
Lúcida ainda, a centenária Jesuína só foi conhecer um médico quando completou
100 anos. Desde então, passou a tomar remédio para o coração e a pressão.
Apesar de não caminhar nem escutar e enxergar mais como antigamente, ela está
sempre querendo saber como vai a família e as coisas. “Até 110 anos, ela ainda
pegava lenha para acender o fogão a lenha”, observa Dalíria.
O gosto pelo natural, acrescenta a neta, marcou a vida de Jesuína. Agricultora,
ela ensinou os filhos a lidarem com a terra. Plantou de tudo em Porto Espanhol
e fez desta atividade a receita para a longevidade. “Não era de comprar bobagem
no mercado. O milho, feijão, legumes, verduras e frutas, ela e o marido
plantavam. Também criavam galinha e o porquinho que comiam. Era tudo sem
conservante, sem veneno”, explica.
A calmaria da zona rural também está entre as preferências da idosa. Depois de
tantos anos, ela acorda por volta das 10h, toma café da manhã, pede chimarrão e
come bolachinhas de água e sal ou amido de milho. Gosta do almoço perto das
13h. À tarde, toma uma vitamina. Já no jantar, faz questão de comer mingau de
alho e, às vezes, uma fruta. “Quando ela quer que coloque ovo no mingau, pede.
Ela escolhe o que quer comer”, brinca a neta.
A família agora está em busca da doação de um colchão d’água, anti-escaras,
para dona Jesuína.
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