25/06/2016 07h00
Operação prende três envolvidos em desvios da Petrobras e
Correios
O grupo é suspeito de envolvimento no desvio de recursos dos
fundos de pensão da Petrobras e dos Correios, que pode ter chegado a R$ 90
milhões
A Operação Recomeço, deflagrada ontem (24) pela Polícia
Federal (PF) em parceria com o Ministério Público Federal, prendeu três pessoas
suspeitas de envolvimento em desvios de recursos dos fundos de pensão Petros
(da Petrobras) e Postalis (dos Correios). Os desvios podem chegar a R$ 90
milhões.
Segundo a investigação, o esquema foi montado pela Galileo
Educacional, que arrecadou cerca de R$ 100 milhões por meio da compra de
debêntures (títulos mobiliários), com o objetivo de recuperar a Universidade
Gama Filho, no Rio. Quando o Grupo Galileo quebrou, cerca de R$ 90 milhões
foram desviados.
Os presos até o momento foram Adilson Florêncio da Costa,
ex-diretor financeiro do Postalis, Roberto Roland Rodrigues da Silva Jr., que
auxiliou na estruturação da operação do grupo Galileo, e Paulo César Prado
Ferreira da Gama, um dos donos da Gama Filho. Ainda há mandados de prisão em
aberto para os então sócios do Grupo Galileo Márcio André Mendes Costa, Ricardo
Andrade Magro e Carlos Alberto Peregrino da Silva e para um dos donos da Gama
Filho, Luiz Alfredo da Gama Botafogo Muniz. Caso não sejam encontrados, podem
ser considerados foragidos.
As investigações começaram em 2013, motivadas pela situação
dos alunos da Universidade Gama Filho, que foi descredenciada pelo Ministério
da Educação no início de 2014, após a crise financeira que se agravou na
instituição em 2013. Os crimes investigados são de gestão fraudulenta, desvio
de recurso de instituição financeira, associação criminosa e negociação de
títulos sem garantia suficiente. Ao todo, 46 pessoas podem estar envolvidas e
foi decretado o bloqueio de bens no total de R$ 1,35 bilhão.
Segundo o delegado-chefe da Delegacia de Repressão aos
Crimes Financeiros (Delecorp/RJ), Tacio Muzzi, é possível afirmar que a
intenção inicial do Grupo Galileo ao emitir as debêntures foi o de desviar os
recursos. “A Galileu estava com interesse em adquirir a Universidade Gama
Filho, que tinha problemas financeiros. Para haver o aporte de capitais, foi
criada o braço Galileu SPE para fazer essa captação. Fez a emissão de
debêntures e os principais investidores foram o Postalis e o Petros, num total
de R$ 100 milhões. Mas a universidade 'quebrou' e esses recursos não foram
investidos como era a destinação, boa parte foram desviados em proveito das
pessoas relacionadas à Galileu e à Universidade Gama Filho”.
A emissão das debêntures ocorreu em dezembro de 2010 e os
aportes foram feitos até setembro de 2011. Segundo o procurador da República
Paulo Gomes, R$ 25 milhões vieram da Petros, R$ 3 milhões do Banco Mercantil e
o restante da Postalis. Segundo ele, a Galileu chegou a pagar uma parte para os
investidores, mas o grupo quebrou e R$ 90 milhões foram perdidos. Ele diz que
as investigações feitas pela Câmara dos Deputados complementaram os trabalhos
da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.
“Há investigação também dos dirigentes da Petros na época
dos fatos. Essas informações são todas de conhecimento público e constam no
relatório final da CPI dos Fundos de Pensão, de abril de 2016. O capítulo 6
trata justamente dessa possível fraude envolvendo as debêntures da Galileu”.
Ainda há diligência em curso para cumprir um total de 12
mandados de busca e apreensão. Segundo o delegado Muzzi, o objetivo agora é
reaver os valores para que os fundos atingidos possam ser reconstituídos em
benefício de seus associados, os trabalhadores que contribuem para o Postalis e
o Petros.
Em nota, a Petros informou que vem colaborando e seguirá
colaborando com as autoridades. "Caso venha a ser comprovada qualquer
ilegalidade, as medidas cabíveis serão tomadas no sentido de responsabilizar os
eventuais envolvidos e recuperar os recursos", diz a nota. (Agência
Brasil)
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