14/06/2016 16h19 - Atualizado em 15/06/2016 00h54
STF abre inquérito para investigar Renan, Jucá, Raupp e
Jader Barbalho
Procurador quer apurar suposto recebimento de propina em
Belo Monte.
Caso foi retirado da Lava Jato e repassado ao ministro Edson Fachin.
Caso foi retirado da Lava Jato e repassado ao ministro Edson Fachin.
Renan RamalhoDo G1, em Brasília
O Supremo
Tribunal Federal (STF) autorizou nesta terça-feira (14) a abertura de
um novo inquérito para investigar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
e os senadoresRomero Jucá (PMDB-RR),
Valdir Raupp (PMDB-RO) e Jader Barbalho (PMDB-PA).
Os quatro serão investigados por suspeita de desvios na construção da
hidrelétrica de Belo Monte. Pelo mesmo motivo, já havia sido aberto no fim de
maio um inquérito sobre o senadorEdison Lobão (PMDB-MA).
Todos são suspeitos pela prática de corrupção passiva e
lavagem de dinheiro, por suposto recebimento de propina em contratos da obra. O
caso de Belo Monte está sob relatoria do ministro Luiz Edson Fachin e
tramita fora dos processos relativos à Operação Lava Jato.
A investigação das suspeitas de pagamento de propina na
construção da hidrelétrica de Belo Monte foi autorizada por Fachin com base na
delação premiada de Luiz Carlos Martins, funcionário da empreiteira Camargo
Corrêa, dentro da Operação Lava Jato.
Embora o relator dos processos da Lava Jato no STF seja o
ministro Teori Zavascki, o tribunal sorteou um novo ministro porque a denúncia
de Martins não se trata de um desdobramento do esquema de corrupção que atuava
na Petrobras.
As suspeitas sobre Calheiros, Jucá, Raupp e Barbalho
surgiram nos relatos feitos
pelo senador cassado Delcídio do Amaral (sem partido-MS) no acordo de
delação premiada assinado por ele.
O procurador-geral ressaltou ao Supremo que Luiz Carlos
Martins apontou somente Edison Lobão como beneficiário de vantagens indevidas,
mas que Delcídio mencionou outros supostos destinatários da propina.
Além de falar nos nomes de Romero Jucá, Renan Calheiros,
Valdir Raupp e Jader Barbalho, Delcídio apontou ainda como supostos operadores
do esquema os ex-ministros do governo LulaErenice
Guerra (Casa Civil) e Silas Rondeau (Minas e Energia).
Segundo o senador, Erenice, Silas e o ex-ministro Antonio
Palocci atuaram para permitir os desvios e "fizeram aproximação com os
grandes empresários".
Segundo o senador, o pagamento à época foi de R$ 30 milhões
em propina para PT e PMDB. Parte do suborno, destacou Delcídio, teria sido pago
para a campanha eleitoral de Dilma Rousseff em 2010 e parte para o "grupo
de José Sarney" no PMDB.
O dinheiro teria origem em consórcio da construção da usina,
capitaneado pela empreiteira Andrade Gutierrez.
"Os políticos não apenas tinham consciência de que os
valores eram provenientes das vantagens indevidas destinadas aos diretores e
altos funcionários de empresas públicas e sociedades de economia mista
federais, mas também atuavam, direta ou indiretamente, para a continuidade do
esquema de pagamento de vantagens indevidas, seja pela manutenção dos diretores
em seus cargos, seja pela manutenção do cartel de empresas ou, ao menos, pela
não interferência em seu funcionamento", diz Janot no pedido de
investigação.
O que disseram os suspeitos
Renan Calheiros afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, "que não
recebeu vantagens de quem quer que seja e reitera que as ilações do ex-senador
Delcídio do Amaral não passam de delírios". "O senador permanece à
disposição para quaisquer esclarecimentos", diz a nota.
Na época do pedido de abertura do inquérito, o advogado Antônio Carlos de
Almeida Castro, que defende Romero Jucá e Edison Lobão, disse que o delator não
apontou um único fato que incrimine seus clientes.
O senador Valdir Raupp disse
que jamais fez indicações políticas para o setor elétrico e que as acusações de
Delcidio são inverídicas.
Jader Barbalho negou as acusações e desafiou qualquer pessoa a provar que ele
tenha recebido propina em Belo Monte.
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