Grande imprensa reconhece que
Temer não tem capacidade para governar
“Todo dia, uma crise. Se for
tomar uma decisão drástica, toda vez que tiver notícia negativa, o governo
acaba em duas semanas.”
Duas semanas é um eufemismo. Se
continuar como está, até entre senadores do próprio PMDB, uma coisa é certa: o
governo não chega ao fim do mandato.
A declaração acima, de um
peemedebista do Palácio do Planalto, parece não perder a validade. Antes mesmo
da posse, o governo do presidente em exercício Michel Temer já sofria críticas
e estava afogado em denúncias e polêmicas.
O primeiro passo do peemedebista
foi montar um ministério sem mulheres, negros e com nove envolvidos na Operação
Lava Jato – dois investigados e sete citados. Um deles – Romero Jucá, do
Planejamento – foi afastado uma semana e meia após a nomeação.
A troca de farpas com a
presidente afastada Dilma Rousseffe a nomeação para a Secretaria da Mulher,
Fátima Pelaes, que é contra o aborto mesmo em caso de estupro e está envolvida
em escândalo de corrupção, ajudaram a piorar a imagem do governante interino.
O reajuste do Judiciário foi
considerado a primeira derrota da principal aposta de Temer, o ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles.
Embora tenha garantido que há
condições de arcar com os gastos, Meirelles reclamou que, no momento em que
pede a todos que apertem as contas, o governo arma um rombo de R$ 56 bilhões no
Orçamento.
Mas o que realmente preocupa é a
Operação Lava Jato. Ela torna o governo Temer insustentável.
A “sangria”, como Romero Jucá
classificou a operação, atinge as principais figuras do partido de Temer, cada
dia com uma novidade.
Os pedidos de prisão de Romero
Jucá, do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o de tornozeleira para o ex-presidente José
Sarney mostram que o cerco está se fechando.
Na avaliação de um peemedebista
do Senado, na hora que a Lava Jato entrar no Planalto, vai ser difícil segurar
o estrago. Tanto o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, quanto o da
Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, são citados na operação.
O problema é que, no Senado, os
próprios aliados de Temer não entendem a postura do presidente em exercício.
Ele diz que não é para aumentar
os gastos e patrocina o reajuste do Judiciário; afasta Jucá, mas mantém
Henrique Eduardo Alves no Ministério do Turismo, mesmo com o despacho do
procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, que diz, pela primeira vez, que o
ministro atuou para receber recursos desviados da Petrobras.
Enrolado nos conflitos internos
que atingem o governo diariamente, o presidente em exercício não tem demostrado
capacidade de lidar com a política no aspecto macro.
Há a avaliação de que Temer tem
mais habilidade política que Dilma, mas falta experiência na grande política.
Ele atua com pequenos conchavos políticos, mas, neste momento, o País precisa
de um salto.
É preciso alguém capaz de
gerenciar a crise interna para enfrentar a crise social, política e econômica
que o Brasil vive hoje.
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