PERÍCIA DO SENADO DIZ QUE DILMA NÃO PEDALOU
Laudo assinado por três técnicos do Senado Federal e
entregue nesta segunda-feira 27 à comissão do impeachment, a pedido da defesa
da presidente Dilma Rousseff, rebate denúncia de que ela praticou
"pedalada fiscal" com o atraso do repasse de R$ 3,5 bilhões do
Tesouro ao Banco do Brasil para o Plano Safra; "Pela análise dos dados,
dos documentos e das informações relativos ao Plano Safra, não foi identificado
ato comissivo da Exma. Sra. Presidente da República que tenha contribuído
direta ou imediatamente para que ocorressem os atrasos nos pagamentos";
documento também aponta que a presidente agiu para liberar créditos
suplementares sem o aval do Congresso através de decretos, e que três dos
quatro decretos de crédito que são alvos da denúncia eram "incompatíveis"
com a meta fiscal
27 DE JUNHO DE 2016 ÀS 11:24
247 - Uma perícia realizada por técnicos do Senado
Federal entregue na manhã desta segunda-feira 27 à comissão do impeachment, em
resposta a perguntas feitas pela defesa e pela acusação da presidente Dilma
Rousseff, conclui que ela não praticou as chamadas "pedaladas
fiscais".
O documento, assinado por três técnicos, observa que não
houve ação de Dilma no atraso do repasse de R$ 3,5 bilhões do Tesouro ao Banco
do Brasil para o Plano Safra, uma das acusações que constam no pedido de
impeachment contra a presidente.
"Pela análise dos dados, dos documentos e das
informações relativos ao Plano Safra, não foi identificado ato comissivo da
Exma. Sra. Presidente da República que tenha contribuído direta ou imediatamente
para que ocorressem os atrasos nos pagamentos", diz trecho do laudo.
A junta de peritos aponta, por outro lado, que a presidente
agiu para liberar créditos suplementares sem o aval do Congresso através de
decretos, e que três dos quatro decretos de crédito que são alvo da denúncia
eram "incompatíveis" com a meta fiscal do ano passado.
Defesa e acusação da presidente têm agora 24 horas para
pedir esclarecimentos à junta de peritos que analisou as denúncias. A
comissão do impeachment deve encerrar até quarta-feira 29 as oitivas de
testemunhas.
Nesta segunda, os membros da comissão ouvem os depoimentos
do ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, hoje deputado Patrus Ananias
(PT-MG), e dois ex-subordinados seus na equipe do ministério: a ex-secretária
executiva Maria Fernanda Ramos Coelho e o ex-diretor do Departamento
Financeiro, João Luiz Gaudagnin.
Na terça-feira será a vez de os senadores ouvirem os
depoimentos dos ex-ministros da Defesa, Aldo Rebelo, e da Advocacia Geral da
União, Luiz Inácio Adams, e ainda do representante do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), Antônio Carlos Rebelo, para análise de créditos suplementares.
Na quarta-feira, há mais três testemunhas cujos nomes ainda
não foram divulgados. Enquanto os depoimentos prosseguem, os peritos trabalharão
para se manifestar sobre os pedidos de esclarecimentos dos senadores. Eles
devem entregar as respostas na sexta-feira 1º.
Com informações da Agência Brasil
Leia mais em reportagem da Reuters:
Perícia diz que decretos violaram meta fiscal e não vê ato
direto de Dilma em pedaladas
(Reuters) - O laudo da perícia realizada como parte do processo de impeachment
da presidente afastada Dilma Rousseff apontou nesta segunda-feira que três
decretos de crédito suplementar assinados pela petista violaram a meta fiscal
vigente à época e não poderiam ser editados sem autorização legislativa.
O documento, divulgado nesta segunda-feira, também aponta
que os atrasos nos pagamentos devidos pelo Tesouro ao Banco do Brasil no âmbito
do Plano Safra, as chamadas pedaladas fiscais, constituem operação de crédito,
em afronta à Lei de Responsabilidade Fiscal. Os peritos, no entanto, afirmam
que, ao contrário do que ocorreu no caso dos decretos, não houve ato direto de
Dilma que tivesse contribuído para esses atrasos.
"Dos quatro decretos não numerados ora em análise, que
abriram crédito suplementar, três deles promoveram alterações na programação
orçamentária incompatíveis com a obtenção da meta de resultado primário vigente
à época da edição dos decretos", afirmam os peritos no relatório, que
também aponta que a edição dos decretos "demanda autorização legislativa
prévia".
Dilma é acusada no processo de impeachment de crime de
responsabilidade por atrasos de repasses do Tesouro ao Banco do Brasil por
conta do Plano Safra e pela edição de decretos com créditos suplementares sem
autorização do Congresso.
Ainda ao tratar da edição dos decretos com créditos
suplementares, os peritos afirmam que, segundo as informações coletadas, não
houve alerta da incompatibilidade dos decretos com a meta fiscal então vigente
nos processos de formalização desses decretos.
"Esta junta identificou que pelo menos uma programação
de cada decreto foi executada orçamentária e financeiramente no exercício de
2015, com consequências fiscais negativas sobre o resultado fiscal
apurado", afirmou o documento.
Sobre os atrasos dos pagamentos do Tesouro ao Banco do
Brasil por conta do Plano Safra, os peritos argumentam que eles representaram
uma operação de crédito, o que é vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal,
mas disseram não ter identificado ato direto de Dilma que contribuísse para os
atrasos nos repasses.
"Os atrasos nos pagamentos devidos ao Banco do Brasil
constituem operação de crédito, tendo a União como devedora, o que afronta o
disposto... (na) LRF", afirmaram os peritos.
"Pela análise dos dados, dos documentos e das informações
relativas ao Plano Safra, não foi identificado ato comissivo da excelentíssima
senhora presidente da República que tenha contribuído direta ou imediatamente
para que ocorressem os atrasos nos pagamentos."
Para a defesa de Dilma, as pedaladas, não constituíram
operação de crédito junto a instituições financeiras públicas, e os decretos
serviram apenas para remanejar recursos, sem implicar em alterações no volume
de gastos.
Após a entrega do laudo pericial à comissão especial do
impeachment no Senado, será aberto prazo de 24 horas para conhecimento de seu
conteúdo pelas partes, que depois poderão apresentar pedidos de esclarecimentos
sobre o laudo, com abertura de prazo de 72 horas para a resolução das questões,
segundo a Agência Senado.
A previsão é que a atual fase do processo de impeachment, a
da pronúncia, seja votada no plenário do Senado no dia 9 de agosto. Caso a
pronúncia seja aprovada por maioria simples pelos senadores, será iniciada a
fase de julgamento de Dilma.
Para que a petista seja condenada e consequentemente tenha
seu mandato cassado, são necessários os votos de 54 senadores pela condenação
de Dilma. Nesse caso, o presidente interino Michel Temer assumirá efetivamente
a Presidência.
(Por Eduardo Simões, em São Paulo, com reportagem adicional
de Pedro Fonseca)
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