FONTE REVELA: Objetivo da direita é cassar Dilma e forçar
renúncia de Temer em Janeiro
Depois de tanto lutar para tirar o PT, o governo pós-PT se
esfarela. A lista de ministros passíveis de cair é quase a lista do próprio
ministério. E ainda não saiu a lista da Odebrecht, nem a delação do ex-vice da
Caixa, e Eduardo Cunha ainda não falou.
O governo interino parece uma bomba de tempo, com vencimento
marcado. Ninguém acredita que ele possa sobreviver muito. Até porque o
desempenho de quem deveria passar tranquilidade, confiança, o próprio
presidente interino, Michel Temer, só suscita incerteza. E as acusações pesam
cada vez mais diretamente sobre ele. Não somente é um presidente interino ficha
suja e ilegível, como acusado de corrupção.
A mídia apenas reflete os escândalos de corrupção que
afloram, anunciando os próximos. O ministério parece uma gangue acuada pelo
cerco policial.
A questão é: como reage a direita diante do risco iminente
de não conseguir repetir os 2/3 de votos no Senado e ter que se retirar,
vergonhosamente, do governo, que assumiu com ares de permanente, embora fosse
interino?
Não ha muitas alternativas para a direita. Saber que Temer
não resiste muito tempo aumenta o medo de que ele renuncie, por falta de
capacidade pessoal de suportar tantos reveses e a ansiedade sobre o futuro
imediato do seu governo.
A alternativa que a direita explora é a de tratar de
derrubar a Dilma, empurrar Temer até janeiro, aí obrigá-lo a renunciar,
deixando para o Congresso a responsabilidade de eleger um presidente até 2018,
valendo-se desse preceito absolutamente antidemocrático da Constituição. Aí repensariam
as alianças, o ministério, a forma de poder sobreviver até 2018, garantindo à
equipe de Henrique Meirelles as condições de devastação econômica do que o país
construiu de melhor.
Para tratar de garantir os 2/3 de votos, os coordenadores do
projeto prometem aos senadores vacilantes que a renuncia do Temer deixará nas
mãos deles a decisão do seu substituto, o que pode servir de moeda de troca
para neutralizar perda de votos e eventualmente manter o placar da primeira
votação.
As dificuldades não são pequenas. Em primeiro lugar, não se
vê como um governo como o de Temer possa se manter muito tempo. As próximas
semanas prometem ser devastadoras em termos de delações, denúncias e suas
consequências até mesmo sobre o próprio Temer. Que terminaria de perder as
condições de governar.
Em segundo lugar, a Dilma recuperou capacidade de iniciativa
política, ancorada nas imensas manifestações de apoio que tem recebido, que
contrastam de forma radical com as de rejeição ao Temer e seu isolamento
pessoal, sem possibilidade de aparecer publicamente sem ter manifestações de
repúdio.
A proposta do plebiscito e o lançamento da carta de
compromisso abrem perspectivas de derrota do golpismo, que não são fáceis de
controlar pelo governo interino. O raciocínio deste era que a passagem do tempo
contaria a favor da sua consolidação, mas o movimento tem sido na direção
oposta e o temos dos golpistas é que se chegue ao momento da nova votação do
Senado num cenário ainda pior para os golpistas.
A direita brasileira, como a de todos os países na era
neoliberal, morre de medo de eleição. Mesmo ancorada em pesquisas em que há
favoritismo de Lula em todas as alternativas no primeiro turno, encontra
dificuldades no segundo turno. Sabem que Lula numa campanha eleitoral tende a
ser arrasador, ainda mais que a saudade dos brasileiros não é de outro governo,
senão o de Lula. Daí a necessidade de tentar tirá-lo da vida política, da forma
que seja. Se conseguem ou não, dependem em parte as manobras da direita.
O certo é que ninguém mais dá muito tempo de sobrevivência a
Michel Temer. Enquanto possibilitar as ações devastadoras de privatização do
patrimônio nacional – já se anunciam ofertas pela BR Distribuidora -, de quebra
dos direitos dos trabalhadores, de diminuição drástica dos recursos para
políticas sociais, de retomada do Estado mínimo e da centralidade do mercado,
Temer serve. Se as instabilidades do seu (des)governo continuarem a dar a pauta
política nacional e as próximas denúncias – especialmente as da Odebrecht –
passarem a afetar até mesmo a maioria do governo no Congresso, Temer terá se
tornado inservível.
Conseguirá o golpismo sobreviver ao interino?
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