10/6/2016 15:57
Cunha diz que Temer recebeu 5 milhões em propina
Se investigarem a propina, Temer cai
Revelações continuam a ganhar o noticiário depois de deflagrada a Operação
Catilinárias, fase da Operação Lava Jato em que foram cumpridos mandados de
busca e apreensão nas casas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e
de outros investigados. Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo deste
sábado (19), o trabalho da Polícia Federal permitiu ao procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, reunir indícios de que o vice-presidente da
República, Michel Temer, recebeu R$ 5 milhões do proprietário da OAS, José
Adelmário Pinheiro. Conhecido como Leo Pinheiro, ele é um dos empreiteiros
condenados por participação no esquema de corrupção descoberto pela PF na
Petrobras.
A citação ao repasse consta de uma troca de mensagens entre Cunha e Leo
Pinheiro, em que o deputado se queixa de que o empreiteiro fez a transferência
a Temer e manteve “inadvertidamente adiado” o pagamento a outras lideranças do
PMDB. Temer é presidente nacional do partido.
Na sequência das mensagens, trocadas por meio do aplicativo WhatsApp, o
empreiteiro pede a Cunha “cuidado com a análise para não mostrar a quantidade
de pagamentos dos amigos”. Essa conversa está armazenada no telefone celular de
Leo Pinheiro, que foi apreendido pela PF em 2014.
Os registros, enviados por Janot ao Supremo Tribunal Federal (STF), serviram de
base para que o ministro-relator da operação, Teori Zavascki, acatasse o pedido
de diligências da Catilinárias, na última terça-feira (15). “Eduardo Cunha
cobrou Leo Pinheiro por ter pago, de uma vez, para Michel Temer a quantia de R$
5 milhões, tendo adiado os compromissos com a ‘turma’”, diz o apontamento de
Janot reproduzido por Teori em seu despacho.
Em resposta encaminhada ao jornal paulista, Temer apresentou extratos de cinco
doações da OAS ao PMDB, devidamente declaradas à Justiça Eleitoral, feitas
entre maio e setembro de 2014. O montante é quase igual ao que foi mencionado
pelo empreiteiro na troca de mensagens com Cunha – R$ 5,2 milhões. Na conversa
por celular, no entanto, demonstra-se que os R$ 5 milhões foram pagos em um
único repasse.
“No documento que está nos autos da Catilinárias, que corre em segredo de
Justiça, Cunha é descrito como uma espécie de despachante dos interesses da OAS
junto ao governo federal, a bancos estatais e a fundos de pensão, mantendo uma
relação estreita com Pinheiro, à época o principal executivo da empreiteira. O
documento não diz expressamente que o suposto pagamento de R$ 5 milhões a Temer
era propina, mas a menção ao vice-presidente aparece em um contexto geral de
pagamento de suborno a peemedebistas”, diz trecho da reportagem
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