Delator liga Aécio a esquema de corrupção na Petrobrás
POR RICARDO BRANDT, MATEUS COUTINHO, VALMAR HUPSEL FILHO E
ROBERTA BARBIERI
18/06/2016, 05h00
Corrêa diz em depoimento que tucano, durante governo FHC,
foi um dos responsáveis por indicação de ex-diretor e teria se beneficiado de
propina
O presidente do PSDB Aécio Neves. Foto: Estadão
O ex-deputado Pedro Corrêa afirmou em depoimentos de sua
delação premiada que o então deputado (hoje senador) Aécio Neves (PSDB-MG), foi
um dos responsáveis pela indicação do diretor de Serviços da Petrobrás, Irani
Varella, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Segundo Corrêa,
Varella era responsável por conseguir “propinas com empresários para distribuir
com seus padrinhos políticos” por meio de seu genro, identificado apelas como
Alexandre.
Esta é a primeira vez que o nome do senador tucano é
relacionado por um delator da Operação Lava Jato a um suposto esquema de
pagamento de propinas na Petrobrás.
Em nota divulgada por sua assessoria, Aécio disse que Corrêa
é desprovido de qualquer credibilidade e sua afirmação é falsa e absurda.
O senador, presidente nacional do PSDB, já foi citado outras
vezes no âmbito das investigações da Lava Jato por delatores como o doleiro
Alberto Youssef, o senador cassado Delcídio Amaral (sem-partido-MS), o lobista
Fernando Moura e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.
O TRECHO DA DELAÇÃO DE PEDRO CORRÊA QUE CITA AÉCIO:
‘Devedores’. No anexo 08 da delação de Corrêa, no qual
trata do tema “CPI Petrobrás”, o ex-deputado afirma que os partidos
comprometidos com a estatal, tanto da base aliada ao governo federal, como da
maioria da oposição, “eram devedores aos empresários que financiavam as suas
eleições nos Estados e tinham negócios com a Petrobrás”. “Os quais os diretores
da estatal, indicados pelos políticos, facilitavam os seus negócios e cobravam
propina para distribuir aos partidos políticos.”
Neste trecho do depoimento, o ex-deputado afirma que no
governo FHC, por exemplo, o diretor de Serviços era “Irany Varella, indicado na
época pelos deputados Aécio Neves (PSDB-MG), Alexandre Santos (PMDB-RJ) e Paulo
Feijó (PMDB-RJ)”.
Segundo Corrêa, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, a partir de 2003, Irani Varella manteve relação com o PT, mas acabou
sendo substituído no cargo por Renato Duque, condenado na Lava Jato e cumprindo
prisão preventiva em Curitiba.
“O operador de Irany Varella, que conseguia as propinas com
os empresários, para distribuir com seus padrinhos políticos era o seu genro,
de nome Alexandre”, afirma o ex-deputado na depoimento da delação premiada.
Irani Varella foi nomeado diretor da área de Serviços da
Petrobrás em novembro de 2001. Duque o substitui no cargo no início de 2003.
O Estado não conseguiu contato ontem com Alexandre
Santos e Paulo Feijó.
COM A PALAVRA, O EX-PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO:
“O senador Aécio Neves nunca me pediu nem indicou diretores
da Petrobrás. Nem eu interferi na nomeação do sr Irani Varella, a quem sequer
conheço”
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